Gartner alerta que CIOs devem assumir o papel de liderança no desenvolvimento de Plataformas Digitais de Negócios

O Gartner, empresa mundial em pesquisa e aconselhamento imparcial em tecnologia, alerta que toda empresa precisa desenvolver uma plataforma digital. Serão necessárias habilidades de liderança modernas e ousadas por parte dos CIOs (Chief Information Officers) para desenvolverem essa nova plataforma que permitirá que suas empresas participem de ecossistemas de negócios. Os órgãos de governo, caso queiram aproveitar o novo ambiente digital para melhorar os serviços para os cidadãos, também devem embarcar nesta jornada.Cassio003

Durante o discurso de abertura do Simpósio Gartner/ITxpo, que acontece até quinta-feira (dia 27), os analistas do Gartner definiram plataformas digitais como estruturas orientadas aos negócios que permitem aos integrantes da comunidade (parceiros, fornecedores e clientes) compartilhar e melhorar os processos digitais e as capacidades, além de ampliá-los para benefício mútuo. A estrutura permite combinações diferentes de modelos de negócios, talento, recursos e infraestrutura de TI que constroem os domínios de plataforma e sustentam ecossistemas de negócios digitais.

No entanto, os analistas do Gartner afirmam que décadas de antigos arranjos organizacionais (não somente em TI) inibirão a transformação digital. A estrutura organizacional futura é multifuncional e bimodal (prática de gerir dois estilos distintos), mas coerentes de trabalho: um voltado para a previsibilidade e desenvolvimento e o outro, para a incerteza e exploração.

“Apesar dos atuais desafios econômicos e políticos que enfrentamos no Brasil, os CIOs brasileiros devem ser parte dessa jornada para o futuro. Junto a um programa robusto de otimização de custos, as empresas nacionais não devem atrasar a sua mudança em direção a plataformas digitais de negócios”, analisa Cassio Dreyfuss, Líder Regional de Pesquisas do Gartner para o Brasil.

Durante seu discurso de abertura, o analista orientou mais de 1.300 CIOs e líderes de TI para se empenharem no desenvolvimento de suas próprias plataformas digitais de negócios por meio da adoção de um “pensamento de iniciante” que permita que eles abordem novas tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT), com um novo olhar e criatividade livre – e aplicá-las com suas “mãos experientes”, aproveitando seu conhecimento e maturidade.

 

Ecossistemas de Negócios

Plataformas digitais permitem que as empresas busquem novos modelos de negócios que reúnam múltiplos compradores e vendedores. O modelo de negócios da plataforma é utilizado atualmente pelas companhias mais valiosas do mundo. Os ecossistemas de negócios não são apenas para organizações exclusivamente digitais e não são “apenas mais uma iniciativa de negócios” para mega empresas. Os analistas do Gartner salientam que toda companhia competirá como parte de um ecossistema de negócios.

“Esses ecossistemas permitirão que as organizações solucionem alguns dos maiores desafios do nosso mundo e isso vai muito além dos negócios, incluindo todos os aspectos da vida humana, como as cidades onde vivemos, os serviços de saúde que precisamos, a educação que buscamos e a segurança que cada um de nós quer”, explica João Tapadinhas, Diretor de Pesquisas do Gartner.

 

Gigantes Digitais

“As empresas estão digitalizando tudo que utilizam, como eletrodomésticos, automóveis, hospitais, dispositivos vestíveis (wearables) e pagamentos”, afirma Tapadinhas. “Os gigantes digitais, como Apple, Google e Amazon, levarão os modelos de ecossistemas de negócios que desenvolveram em áreas como o e-commerce, Apps de música e pesquisa para o mundo conectado que temos criado coletivamente. Eles planejam fazer do mundo físico uma extensão do digital, que é o que eles controlam”.

Contudo, a jornada está apenas no começo e ainda não existem vencedores. Se hoje podemos nomear alguns dos candidatos que se tornarão gigantes digitais, sua liderança dos negócios está longe de estar garantida. As plataformas digitais dão às empresas uma base ágil e flexível para explorar totalmente as novas possibilidades de negócios. “O desafio está limitado apenas à criatividade e à capacidade de alinhar e organizar os recursos. Isso tudo é possível, mas deve ser feito agora”, conclui Dreyfuss.

Cinco domínios para a plataforma digital

Durante o evento os analistas do Gartner destacam que uma nova infraestrutura precisa ser criada não só para reformular o negócio, mas também a forma como as pessoas vivem. Os CIOs (Chief Information Officers) são os criadores dessa infraestrutura, chamada pelo Gartner de “Infraestrutura da Civilização” (do inglês Civilization Infrastructure).

Os gastos com TI no Brasil devem atingir R$ 236,1 bilhões em 2017, um aumento de 2,9% comparado a 2016, de acordo com a última previsão feita pelo Gartner. Os analistas afirmam que, no futuro, o fortalecimento da moeda real fará com que o dólar referente a TI vá além, ajudando as organizações a atualizarem suas tecnologias conforme a melhora da economia brasileira.

“A volatilidade significativa da taxa de câmbio e os desdobramentos políticos têm impactado o mercado brasileiro nos últimos dois anos. No entanto, de uma perspectiva de gastos com TI e em um momento de comportamento de austeridade do mercado, o Brasil está começando a mostrar sinais de recuperação. O País está em uma fase de transição em direção às tecnologias com um impacto nos negócios em curto e médio prazo e uma transformação digital em longo prazo”, afirma Luis Anavitarte, Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner.

Projeções do Gartner para 2017 em relação a 2016 apontam que o segmento de dispositivos (incluindo PCs, tablets, celulares e impressoras) no Brasil deve atingir um total de R$ 46 bilhões, um aumento de 5,3%. Os gastos com sistemas de Data Center totalizarão R$ 6,8 bilhões, uma queda de 1,4% sobre 2016. Já as despesas com software irão chegar a R$ 14,6 bilhões, crescendo 7,8%. Gastos com serviços de TI alcançarão R$ 55,4 bilhões em 2017, um aumento de 6,3%, e os serviços de comunicação devem ter um crescimento estável, totalizando R$ 113,3 bilhões em 2017. Software e serviços de TI serão a chave para o desenvolvimento da infraestrutura da civilização.

Val Sribar, Vice-Presidente de Grupo do Gartner, explica hoje para um grupo de mais de 1.300 CIOs e líderes em TI durante o Symposium/ITxpo, que essa infraestrutura será a mais importante conquista de TI da próxima década: “A infraestrutura da civilização mudará para sempre a forma como as pessoas agem social, digital e fisicamente por meio de sensores conectados e da inteligência digital.”

Segundo o Vice-Presidente, os CIOs irão participar da criação de uma nova plataforma digital baseada em inteligência, que permitirá a criação de ecossistemas, negócios conectados e indústrias em queda. Ela irá mudar a própria sociedade e a forma como as pessoas vivem.

A Infraestrutura da Civilização será uma nova plataforma digital que se estenderá para além da infraestrutura tradicional de TI utilizando novas tecnologias atípicas para a área. “Uma nova plataforma digital permitirá que as empresas participem do mundo evolutivo dos negócios, Governo e ecossistemas de consumidor porque esses ecossistemas são a próxima evolução digital. São como se compete em escala,” afirma Sribar.

A nova plataforma digital consiste em cinco domínios: sistemas tradicionais de TI, experiência do cliente, Internet das Coisas (IoT), inteligência e fundação de ecossistemas. “Esses domínios estão interconectados e são interdependentes. Todos têm uma função e todos são necessários”, explica o analistas.

O Gartner explica os cinco domínios da nova plataforma digital:

Sistemas tradicionais de TI: é a forma como os CIOs dirigem e escalam operações, construindo em cima do que já foi criado, utilizando sistemas tradicionais de TI de alta performance (como os Data Centers e redes) e modernizando para serem parte da plataforma digital.

Por exemplo, empresas líderes de mercado já estão na metade do caminho de transição para a Nuvem, começando pelas áreas de Vendas e Marketing e agora com metade das capacidades de suporte em vendas já em Cloud. Essa migração continuará até o final da década para áreas como RH, Compras e Gestão Financeira. “É preciso tornar as capacidades de Nuvem, mobilidade, social e dados o foco das empresas enquanto investem na resiliência, continuidade dos negócios e recuperação de desastres, visão e abordagem externa híbrida”, afirma o executivo.

 

Experiência do cliente: é como os CIOs se conectam e envolvem em novas empreitadas. A experiência digital pode ser a única interação entre os clientes e a organização. É assim que as empresas se comportam no mundo digital. As companhias pioneiras estão explorando como as novas experiências de realidade virtual e aumentada mudarão o engajamento com os clientes.

“No mundo dos chatbots e dos Assistentes Pessoais Virtuais (VPAs, do inglês Virtual Personal Assistants), os aplicativos de celular e até mesmo a presença das organizações na web se tornarão muito menos relevantes”, aponta o Sribar. “O novo diferencial competitivo é entender a intenção do cliente por meio de algoritmos avançados e da inteligência artificial, criando novas experiências que resolvam os problemas antes até mesmo que os clientes percebam que existam”.

 

A Internet das Coisas (IoT): é a maneira como a empresa sente e age no mundo físico. Adicionar dispositivos ao domínio da IoT é a parte fácil. Já os processos, fluxos de trabalho e a integração de dados são bem mais complicados. De fato, dois-terços das empresas já tiveram de reestruturar seus sistemas de TI existentes para acomodar a IoT. A Internet das Coisas também muda a forma como os CIOs devem investir em Analytics porque o tempo para tomada de decisões mudará de dias para minutos e então para instantes. Os executivos devem planejar a mudança de seus investimentos para Analytics em tempo real, que até 2020 será três vezes mais utilizado do que o Analytics tradicional, constituindo 30% do mercado.

 

Inteligência: é como os sistemas analisam, aprendem e decidem de forma independente. Os CIOs começam com a gestão tradicional, ciência e inteligência dos dados. Os algoritmos determinam a ação. O novo tipo de inteligência, dirigido pela aprendizagem de máquina, é a inteligência artificial. “Estamos construindo máquinas que aprendam com a experiência e que produzam resultados que seus criadores não previram explicitamente. São sistemas que podem experimentar e adaptar-se ao mundo por meio dos dados coletados. A aprendizagem de máquina e a inteligência artificial mudam na velocidade dos dados, não na velocidade da liberação de códigos, que têm agora as informações como nova base”, explica Sribar.

 

Base de Ecossistema: é o modo como a empresa interage como uma instituição no mundo digital e vai além da capacidade de decidir. Os CIOs precisam desenvolver a capacidade de interagir com os clientes, parceiros, indústrias adjacentes e até mesmo com a concorrência de forma que os ecossistemas permitam a transformação de negócios tradicional com cadeias de suprimento de valor lineares para os negócios com ecossistemas digitais em rede.

“Muitos modelos de indústria irão se transformar com os ecossistemas digitais, mudando de simples relações dirigidas por intermediários para parcerias distribuídas gerenciadas por um sistema de registro compartilhado como o blockchain. Construir um ecossistema forte ajudará a administrar a transição. Os ecossistemas são o futuro do digital”, diz o Vice-Presidente do Gartner.

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