* Patrick Hubbard
No final do ano é muito comum as pessoas olharem para trás e refletirem sobre as conquistas
realizadas nos últimos 12 meses, ao mesmo tempo em que avaliam as metas – pessoais, espirituais,
financeiras e profissionais – para o próximo ano. A SolarWinds já discutiu muitas das tendências e
dos desafios da indústria de TI neste ano. Agora é hora de falar sobre 2015 e sobre os desafios e
as oportunidades pela frente. O que os profissionais de TI do Brasil devem esperar nos próximos
meses?
A resposta é a Terceira Plataforma. Uma pesquisa realizada pela International Data Corporation
(IDC) indica que um terço dos gastos globais com Tecnologia da Informação e Comunicação será
destinado à Terceira Plataforma. Há expectativas de que ocorra uma explosão de inovação criativa
que será conduzida por uma nova onda de tecnologias básicas.
A seguir, apresentamos três áreas relacionadas com a Terceira Plataforma que serão essenciais
para os profissionais de TI em 2015 e que incorporam as tendências de interação social, mobilidade,
nuvem e Big Data:
Nuvens no horizonte
Você não precisa de uma bola de cristal para saber que as notícias sobre a nuvem no próximo ano
serão dominadas por uma combinação de portabilidade de VMs e de nuvens híbridas. De acordo
com a pesquisa da IDC, as empresas gastarão aproximadamente US$ 118 bilhões em serviços de
nuvem no próximo ano.
A aquisição da MetaCloud pela Cisco vai impulsionar ainda mais o movimento "cloud in a box"
(nuvem na caixa) e também fazer com que "a rede" se transforme em uma combinação de
rede, armazenamento e hipervisores virtuais. Todos esses aspectos são relevantes agora, mas
combinar cada elemento é o verdadeiro desafio. As empresas serão obrigadas a analisar como
poderão oferecer suporte a uma rede cada vez mais complexa e como aumentar a segurança e o
desempenho da rede.
Serão criados novos provedores de "nuvem da nuvem" (como a Hosting.com) para atender à
demanda de mercado por arquiteturas confiáveis de centro de dados na nuvem. Da mesma forma,
o conceito de "nuvem na caixa" passará a ser uma tendência dominante, com fornecedores como a
VMware lançando sua tecnologia de VSAN e permitindo que pequenas e médias empresas (PMEs)
tenham vantagens semelhantes ao SAN sem os significativos custos.
O barato nem sempre é o melhor. É importante considerar exatamente do que sua rede corporativa
precisa em termos de flexibilidade, dimensionamento e segurança, antes de entrar no barco da
largura de banda. Em 2015 também iremos ver as PMEs e até as grandes empresas adotando cada
vez mais aplicativos baseados em SaaS por parte das PMEs. Com uma solução de SaaS, as empresas
só precisam se preocupar com a segurança dos dados.
Evolução da lógica BYOD e impacto da Internet das Coisas
A utilização de dispositivos e aplicativos móveis continuará crescendo em 2015, mas não como nos
últimos anos. A venda de smartphones e tablets alcançará os 484 bilhões de dólares, representando
40% do crescimento em todos os gastos de TI. Um estudo realizado pela Computerworld indica que
24% das empresas estão tentando atender à demanda de BYOD em 2015 com a contratação ou o
treinamento de profissionais para trabalhar com aplicativos e dispositivos móveis.
A Internet das Coisas (IoT) promete todo tipo de eficiência, personalização e serviço, e muitas
empresas estão oferecendo conselhos sobre a melhor forma de gerenciá-la e tirar proveito dos
benefícios em algum momento. Mas o verdadeiro desafio é a mudança de mentalidade e a forma
totalmente nova de gerenciar redes e políticas de utilização da TI. No próximo ano precisaremos
reavaliar como conceder acesso a dispositivos que, normalmente, recusaríamos sem nem pensar.
Tradicionalmente, a melhor maneira de manter a rede segura tem sido limitando o acesso a ela.
Com a prática do BYOD, a Internet das Coisas é vista como o próximo desafio que as redes terão que
gerenciar, com acesso muito mais amplo de uma variedade muito maior de dispositivos.
As redes IoT terão que oferecer suporte a tantos dispositivos quanto possível e precisarão
explorar sua gama completa de serviços para criar a maior quantidade de dados possível e na
forma mais "minerável". Os provedores de conexão à Internet das Coisas poderão consolidar
redes de coleta de dados de usuários e revender essas informações em mercados de identidade e
comportamento. Essencialmente, teremos que aprender a gerenciar nossas redes de dentro para
fora.
Mais aplicativos, mais problemas? Lentidão é coisa de ontem
Em um mundo centrado em aplicativos, a visibilidade completa do desempenho da rede é o
aspecto mais óbvio para 2015. De acordo com uma recente pesquisa realizada pela SolarWinds
entre usuários finais, quase todos os funcionários brasileiros declararam que o desempenho e a
disponibilidade dos aplicativos afetam diretamente sua capacidade de trabalho. De fato, 70% dos
usuários finais disseram que esses fatores eram absolutamente essenciais para ajudar a realizar seu
trabalho.
A pressão sobre os profissionais de TI continua aumentando com a evolução das expectativas do
usuário final. Em 2015, os profissionais de TI deverão pensar tanto em desempenho como nas
finanças quando se trata de processamento, armazenamento e tecnologia de rede, a fim de evitar
aborrecimentos no futuro.
Com cada vez mais empresas brasileiras fazendo a transição para a nuvem, é essencial entender
o ambiente centrado em aplicativos. Ao quebrar os silos tradicionais da TI e entender como
os aplicativos estão se tornando críticos para os negócios, os profissionais de TI podem fazer a
transição para a visualização completa da pilha de aplicativos a fim de verdadeiramente otimizar o
desempenho - não só para a TI, mas para o negócio como um todo e para o futuro.
Será que vamos nos render ao IPv6?
Os profissionais de TI continuarão tendo poucas razões para implantar internamente o IPv6. O IPv4
ainda é muito útil e os profissionais de TI são vistos como adotando uma abordagem do tipo "se
não estiver quebrado, não conserte". No entanto, como ocorre com a cultura do gerenciamento
de rede, a previsão e a antecipação de problemas são altamente valiosas. Assim, a visibilidade e o
planejamento antecipado para a inevitável adoção do IPv6 farão, sem dúvida alguma, uma transição
mais fácil. No final das contas, o IPv6 será essencial e as empresas devem conseguir fazer uma
transição tranquila e colher os benefícios de segurança e de produtividade do IPv6.
Para o SDN, e além ...
O SDN pode decolar em 2015, mas o processo está andando lentamente. Esse engatinhar parece
ser a melhor abordagem, particularmente porque o SDN traz uma série de desafios para, mais
uma vez, proteger a rede e garantir o máximo de produtividade e eficiência. No lado positivo, os
administradores de rede estão começando a acreditar nos benefícios da programação de rede e
estão investigando ativamente a tecnologia SDN. É uma grande oportunidade para a aceleração de
carreira daqueles que entrarem cedo no processo.
O avanço das redes autoorganizadas na era da Internet das Coisas
As redes autoorganizáveis (SON, self-organising networks) foram inicialmente uma tentativa de
simplificar e agilizar o planejamento, a configuração, o gerenciamento e a otimização das redes de
comunicações móveis. É o benefício final para a tecnologia capacitadora do SDN, em que as redes se
tornam verdadeiramente centradas nos aplicativos. Quando um aplicativo consegue simplesmente
expressar suas exigências desejadas de serviço de rede e permitir que a estrutura de SON resolva a
configuração, os administradores de rede têm um dia fantástico e fins de semana mais longos.
O que está faltando na SON atual é segurança e auditoria aceitáveis. Já temos problemas suficientes
para obter a conformidade e as políticas baseadas em linhas de comando. A migração para os
painéis virtuais, que exigem habilidades inteiramente novas de gerenciamento, cria oportunidades
de vulnerabilidade que devem ser mitigadas para que a SON dê certo.
Marco Civil da Internet
No Brasil a discussão em torno da Constituição da Internet começou em 2013. A lei que garante a
neutralidade da rede foi aprovada este ano e ainda vai ser uma questão importante para 2015. Ela
estabelece o princípio de que os provedores de serviços de Internet e os governos devem tratar
todos os dados na Internet de forma igual, não discriminando nem cobrando de forma diferenciada
por usuário, conteúdo, site, plataforma, aplicativo, tipo de equipamento conectado ou modo de
comunicação.
Os proponentes da neutralidade afirmam que as empresas de telecomunicações buscam impor um
modelo de serviço em camadas a fim de controlar o fluxo de informações e, assim, acabar com a
concorrência, criar uma escassez artificial e obrigar os assinantes a comprar seus serviços - que de
outra forma não seriam competitivos.
Os opositores da neutralidade da rede alegam que os provedores de serviços de banda larga não
planejam bloquear conteúdo ou reduzir o desempenho da rede. Os críticos da neutralidade da rede
também argumentam que alguns tipos de discriminação de dados - em especial para garantir a
qualidade do serviço - não são um problema.
Assim, à medida que esse debate se intensifica, os profissionais de TI devem chegar a um acordo
sobre sua rede e pilha de aplicativos, para garantir que tenham uma visibilidade completa de tudo o
que pode reduzir sua velocidade ou colocá-la em risco.
Patrick Hubbard é geek chefe na SolarWinds, fornecedora de softwares de gerenciamento de TI em
Austin, no Texas.