Quando presidiu o Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha tomou para si uma missão difícil: converter a papelada de arquivos que se acumulavam pelos corredores da corte em pouco espaçosos bytes. Era o ano de 2008 e a decisão de digitalizar 450 mil processos encontrou resistências entre os ministros do tribunal e os advogados que defendiam causas por lá. O então presidente criou um mutirão de 100 funcionários e conseguiu convencer o Judiciário dos benefícios de transformar os papéis em arquivos virtuais.
"Foi uma ação fundamental para economizar recursos, agilizar processos e julgamentos e tornar a Justiça mais transparente", afirma Cesar Asfor Rocha. Passados quase dez anos da iniciativa, o Judiciário brasileiro ainda acumula papéis. Mas, neste ano, a Justiça Eleitoral deu um passo importante para sair desse retrocesso.
Nesta semana, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, anunciou que foi concluída a implementação do Processo Judicial Eletrônico (PJe) em todos os Tribunais Regionais Eleitorais. "Temos um processo eleitoral completamente eletrônico há anos, mas os tribunais ainda estavam engatinhando. Isso é um grande avanço", diz Cesar Asfor Rocha.
Ao todo, foram digitalizados 7 mil processos. No ano passado, as prestações de contas também já haviam começado a ser feitas eletronicamente. Agora, o tribunal trabalha para integrar o sistema de registro de candidaturas ao PJe. Assim, a tramitação dos processos se dará de forma totalmente eletrônica, desde ingresso com o pedido até o julgamento.