*Anderson Baldin Figueiredo
Após longo período em que as empresas buscaram entender esse novo modelo de negócio, avaliar as ofertas apresentadas pelos provedores do mercado e, principalmente, alinhar suas necessidades a essas ofertas, a IDC Brasil projeta para o 2º semestre de 2012 e, em especial para o ano de 2013, a concretização de grandes projetos no mercado brasileiro envolvendo soluções em Cloud
Nos últimos dois ou três anos, em todas as interações com os gestores de TI, os especialistas da IDC puderam constatar que Cloud Computing tem estado sempre nas agendas desses executivos. Acompanhamos as incertezas e receios iniciais dos gestores de TI, em relação aos conceitos, proposições e ofertas apresentadas pelas empresas provedoras de soluções em Cloud e também vimos a evolução dessas ofertas para se adequar às necessidades das empresas usuárias e às demandas dos seus gestores que neste momento passam a ter uma perfeita compreensão do alinhamento entre as ofertas de Cloud e as suas realidades / necessidades computacionais cada vez mais alinhadas à estratégia de negócios de suas corporações.
Para ilustrar essa evolução, vamos utilizar dados de estudos conduzidos pela IDC nesse período, junto às médias e grandes empresas do mercado brasileiro, sobre o tema Cloud Computing.
Em artigo que escrevi em meados de 2011, ao analisar o resultado consolidado das respostas de mais de 180 gestores de TI conforme ilustrado no gráfico da Figura 1 desse artigo, utilizei a expressão “Cloud Computing veio para ficar”. Podemos notar que a quase totalidade dos respondentes (cerca de 98%), independente do porte e do segmento econômico dessas organizações, afirmavam que apesar de ainda não ter total conhecimento das ofertas em Cloud, consideravam que esse modelo de negócios não era apenas mais uma nova terminologia para soluções já conhecidas, mas sim uma nova forma de se contratar recursos e serviços de TI que seria incorporada definitivamente pelo mercado.
“Cloud pública? Cloud privada?” “IaaS”, “SaaS”, etc. ainda eram dúvidas conceituais, porém como havia poucos casos de implantação de soluções Cloud Computing reconhecidos pelo mercado, as dúvidas relacionadas à segurança das informações, compartilhamento de ambientes, incerteza sobre os custos, preocupação com indisponibilidade dos dados e imaturidade das ofertas eram os principais inibidores para a adoção de soluções Cloud, conforme mostram os resultados obtidos em nosso estudo apresentados na Figura 2 desse artigo.
Por outro lado, os gestores consideravam que flexibilidade, facilidade no suporte, rapidez de aquisição e implantação aliadas à possibilidade de pagamento por uso poderiam representar uma redução significativa nos custos atuais de suas áreas. Aliás, pagamento por uso era e ainda é o principal aspecto que atrai o interesse dos CFOs pelas soluções Cloud.
Mesmo com todas essas incertezas do mercado, a IDC projetou crescimentos expressivos para o mercado de Cloud Computing até o ano de 2014, quando o total de receitas deveria estar muito próximo de US$ 700 milhões. Podemos ver na Figura 3, que as ofertas de IaaS (Infraestrutura como Serviço) apresentariam um crescimento médio anual em torno de 64%; as receitas das soluções no modelo SaaS (Software como Serviço) aumentariam anualmente em cerca de 74%, enquanto os provedores de soluções PaaS (Plataforma como Serviço) veriam suas receitas crescerem cerca de 49% ao ano durante o período estimado.
No entanto, todo esse cenário positivo acabou não se confirmando, uma vez que as empresas decidiram contratar inicialmente soluções menos complexas com o objetivo de validar o novo modelo de negócios e, também as ofertas do ponto de vista tecnológico. Além disso, os provedores atuando no mercado brasileiro conceituavam suas ofertas de formas diversas, dificultando tanto o alinhamento necessidades versus ofertas quanto a realização de benchmarking por parte dos prováveis clientes.
Uma questão adicional que prejudicou a concretização de novos negócios envolvendo soluções Cloud, diz respeito à dificuldade das empresas provedoras em apresentar às empresas usuárias, de forma clara e transparente, qual seria o ROI (Retorno sobre Investimento) a partir da substituição de soluções tradicionais on-premises pelas suas ofertas em Cloud.
Os provedores de soluções Cloud ao se defrontarem com esse cenário e buscando fazer com que as projeções de receitas relativas a essas soluções se tornem realidade no menor espaço de tempo, mudam suas estratégias e entre suas decisões podemos destacar:
- Revisitar suas ofertas, alinhando-as às expectativas do mercado quanto à contratação de soluções Cloud.
- Redefinir as políticas de comercialização, apresentando ROI compatível com as realidades de cada um dos prováveis clientes.
- Definir modelos de SLA (Acordos de Níveis de Serviço) para as soluções Cloud.
- Mostrar ao mercado as características comerciais e técnicas que diferenciam as ofertas de Cloud Pública e Cloud Privada.
- Apresentar ofertas que possibilitem a migração de Aplicações para o modelo Cloud. Algo do tipo “Aplicações como Serviço”.
Ao analisar o momento atual em que os gestores de TI estão mais maduros e confortáveis com as questões relativas a soluções Cloud e os provedores contam com ofertas mais adequadas à realidade do mercado nacional, a IDC vê com grande otimismo a ampliação na quantidade e na receita de negócios envolvendo soluções Cloud Computing para grandes empresas e, principalmente no âmbito das médias e pequenas empresas que foram positivamente afetadas pelo bom momento vivido pela Economia brasileira nos últimos anos e que não tem intenções de realizar grandes investimentos na aquisição de recursos computacionais e na formação de equipes de TI.
Em resumo, começando já nesse 2º semestre de 2012 e com destaque para todo o ano de 2013, podemos afirmar que finalmente chegou a hora dos provedores e empresas usuárias tornarem Cloud Computing uma realidade no ambiente de TI no Brasil. Ou seja, estamos no melhor momento para os atores desse mercado atingirem seus objetivos: Vendas, receitas e consolidação de posicionamento para os provedores e ofertas e aquisições mais adequadas para as empresas consumidoras de produtos e soluções de TI.
Anderson Baldin Figueiredo, gerente de Pesquisa e Consultoria Entreprise da IDC Brasil e responsável técnico pela execução do evento anual IDC Brasil Cloud Solutions.