Previsões 2011 – Quais as perspectivas para o ano que se inicia?

Três analistas de institutos como Gartner, The RealStory Group e IDC fazem uma análise do mercado de Entreprise Content Management no Brasil e no mundo:

[private] O Brasil do SharePoint – Alan Pelz-Sharpe

Há apenas alguns anos falei sobre o crescimento do Microsoft SharePoint para uma platéia no Rio e uma pessoa disse nessa visita que o SharePoint não significava nada no Brasil e nunca significaria. Hoje, a história não poderia ser  mais diferente. O Brasil está vivendo a “Febre do SharePoint” e este tem sido o tópico número um dois e três nas conversas entre os executivos.  Eu tenho razões para pensar que esta será uma tendência que continuará em 2011.  A Microsoft possui uma ampla e profunda parceria com serviços por meio de canais no Brasil, de forma que os compradores podem facilmente encontrar parceiros locais, consultores e especialistas habilitados para apoiar as vendas iniciais e dar continuidade ao suporte necessário, instalação e desenvolvimento.  Tudo isso, localmente e em português. Novamente, isso não tem nada a ver especificamente com o SharePoint enquanto plataforma de tecnologia, mas tudo a ver com a ampla e vibrante comunidade localmente instalada.  Encontrar o mesmo fenômeno com Open Text, Oracle ou IBM é o mesmo que procurar uma agulha num palheiro, comparativamente.

Alan Pelz-Sharpe é diretor do The Real Story Group (www.realstorygroup.com), cobrindo e aconselhando sobre tecnologias de ECM e suas práticas. Está focado em suas próprias pesquisas na área de document management, enterprise collaboration, SharePoint e archiving

Tenho algumas opiniões sobre como isso poderia se manter ao longo do tempo, mas nem todas estas opiniões são positivas para a Microsoft.  Mas, o sucesso do SharePoint aqui é educativo. Como sempre aconselhamos nossos clientes de consultoria, o suporte local e uma conexão cultural entre os fornecedores e os usuários pode ser, em alguns casos, mais importante do que a perfeita parceria tecnológica.

Mas se o SharePoint é o grande tema que continuaremos a ver em 2011, o que mais devemos esperar ver no mercado?

Primeiramente, veremos fornecedores de Digital Asset Management (Gerenciamento digital de ativos - DAM) começando a ganhar espaço no Brasil.  A onipresença de uma mídia rica (particularmente de imagens e vídeos)  significa que as grandes organizações tem uma necessidade crescente de dedicar recursos ao gerenciamento desses ativos. É verdade que muitos dos sistemas de ECM já possuem funções disponíveis de DAM, mas o problema começa a se tornar tão crítico em algumas companhias que elas precisam ter uma solução de software dedicado para ajudá-las e isso irá crescer em 2011.

Da mesma forma, veremos o mundo do consumidor de TI começar a entrar lentamente no mercado de trabalho. Embora isso leve anos para se tornar a marca principal, na melhor das hipóteses empregados mais bem pagos das organizações quererão trazer seus próprios dispositivos eletrônicos para o ambiente de trabalho. Eles querem ser capazes de acessar informações e sistemas com os quais interagem nos seus ambientes de trabalho com seus próprios dispositivos.  Sejam estes dispositivos sofisticados como laptops ou dispositivos portáteis como iPhones, iPads e Androids. E estes são sofisticados a ponto de fazer isso, mesmo se os departamentos de TI desaprovem. É entendível, mas as implicações dessa tendência são enormes.

Mas, se a mídia rica e os dispositivos móveis representam um lado “sexy” da indústria, eles pesarosamente lembram que as mudanças do mercado sempre consistem em coisas que não são tão novas, embora eventualmente sejam reconhecidas como uma situação que existe há muito tempo.

Para mim, 2011 deverá ser lembrado como o ano em que a organizações finalmente desistiram de tentar utilizar estratégias de gerenciamento de todas as suas informações. E ao invés de reconhecer que o bom e velho email está onde a grande maioria das informações vivem, e tem sua própria ferramenta de workflow, o bom senso começará a ditar o que a TI, e as estratégias de negócios para manejo da informação, precisam para reconhecer esta realidade e trabalhar com elas, mais do que contra.

Finalmente, talvez mais profundamente, eu acredito que as habilidades das competências do ECM, sejam elas focadas na tecnologia ou nos negócios, começarão a ser muito mais valorizadas no Brasil do que foram no passado.

Esse talento especial em gerenciar o conteúdo começará a migrar das grandes corporações para os fornecedores e integradores de serviços, ou para ofertas em verticais especializadas como em registros governamentais, ou horizontais como Business Process Management (gerenciamento de processos de negócios- BPM).

O Brasil representa um grande e vibrante e muitas vezes, turbulento mercado para os fornecedores de ECM. Ao longo do crescimento do SharePoint nós veremos também fornecedores especializados prosperarem e por sua vez, começarem a investir mais recursos para o país. Se 2010 foi o ponto da virada para o ECM no Brasil, 2011 bem poderá ser o ano em que o trabalho de real crescimento começa.  O ano em que a mensagem começa  a ser traduzida para as organizações  grandes ou pequenas de que o volume de conteúdo está crescendo, não encolhendo, e que esses volumes precisam ser controlados e terem sentido, e que os softwares de ECM são a porta de entrada para este trabalho.

Mercado em crescimento – Karen Segda

ECM está se tornando uma parte essencial de uma infraestrutura de informação de qualquer empresa  em todo o mundo, pois é um investimento em estratégias, suítes e soluções”.

O cenário do ECM está se transformando para acomodar novas formas de conteúdo e colaboração. Como o conteúdo gerado pelo usuário e pelas redes sociais tem crescido muito, as empresas terão de encontrar novas abordagens, estratégias e ferramentas para gerenciar essas informações.

Karen Segda é analista do Gartner Group e especialista no mercado de ECM

Em 2009, um estudo  do Gartner  junto aos usuários nos Estados Unidos  previu que a adoção e utilização de mídias sociais cresceria em 31% entre as empresas pesquisadas que já utilizavam este tipo de  ferramentas e sites de redes sociais regularmente, e 52% planejavam aumentar seus orçamentos para ferramentas de mídia social e softwares de colaboração, em 2010.

 

De modo geral, em sua fase inicial, a mídia social é algo como o “Velho Oeste”. Não há nem lei, nem ordem e a maioria de nós na comunidade de TI e os fornecedores estamos tentando descobrir o que é útil e o que não é.  Até a poeira assentar, não haverá muita atenção em coisas como a governança e segurança, mas isso vai mudar. Quando estas informações estão construídas sobre uma plataforma de ECM confiável, as ferramentas de mídia social podem ajudar as empresas a irem além do e-mail para se beneficiar dos conteúdos gerados no âmbito das boas práticas em gestão de conteúdo.

Apesar da crise econômica ter afetado empresas em vários países, o mercado de ECM respondeu pelo faturamento da ordem de 3.5 milhões de dólares e há, segundo a última pesquisa realizada pelo Gartner, uma perspectiva de crescimento de até dois dígitos até 2015, nesse percentual.

Com uma recuperação lenta no mercado mundial, observamos que algumas áreas cresceram mais que outras, igualmente em todo o mundo, como de Web Content e de conteúdo de mídias sociais.

O aumento de Rich Media, imagens, blogs e de conteúdos de colaboração em mídias sociais tem crescido em volume e isso está transformando a maneira como as empresas encaram a gestão desse tipo de conteúdo, mas não em detrimento dos processos de gerenciamento dos conteúdos tradicionais, transacionais e voltados para o processo de negócios.

As organizações estão tomando conhecimento de um outro modelo para reter seus consumidores, por meio desse tipo de abordagem social. E o Sharepoint, sem dúvida, é uma das ferramentas que tem contribuído muito, em todo o mundo, para que este novo processo se estabeleça.

Vemos também que as empresas estão lutando pela customização e adaptação de ferramentas para implementação de processos de ECM, especialmente as pequenas e médias empresas, algumas mais e outras menos familiarizadas com as plataformas tradicionais.

Como tendência para o ano de 2011 veremos ainda um crescente interesse por soluções e plataformas que automatizem os processos de negócios. Uma procura maior por soluções “out of box”, ou seja, mais customizáveis para resolver problemas; aplicativos que envolvam sistemas de ECM com serviços de entrega de informações por meio de dispositivos móveis como iPhones e iPads de forma a dar suporte às estratégias de negócios, mesmo entre as empresas de menor porte.

Serviços baseados em Cloud computing ou SaaS também terão uma grande performance durante o ano, visto que muitas organizações planejam investir nesta área mais de 10% do que faziam anteriormente e também na aquisição de novas tecnologias.

Conceito Assimilado – Samuel Carvalho

A IDC estima que o mercado mundial de ECM tenha tido um crescimento da ordem de 4% entre 2009 e 2010, incluindo o mesmo índice para o Brasil e a América Latina.  Na América Latina somente o Brasil é responsável por mais da metade desse índice de crescimento.

Como destaque na América Latina estão os grandes fornecedores de ECM como a IBM, Oracle, EMC e Microsoft.

Todos eles têm apresentado soluções mais atraentes já que o mercado nacional tem assimilado o conceito de Enterprise Content Management de forma mais amadurecida, apesar de ainda não existir uma unanimidade quanto a aplicação desse conceito, mas sem dúvida é um mercado que está ganhando força.

Não há dúvidas, no entanto, dos benefícios que os sistemas de ECM têm agregado aos negócios especificamente quanto à melhoria do compliance, quanto à produtividade e especialmente nas atividades voltadas ao BPM – Business Process Management e a gestão de conteúdos.

Samuel Carvalho, analista do mercado de software da IDC

Mesmo com uma certa instabilidade dos usuários finais no correto uso das ferramentas, mais lideranças têm surgido e consequentemente formam melhores opiniões a respeito da tecnologia. Algumas iniciativas estão tornando o ECM mais consistente entre as organizações e tornando sua adoção mais forte, dada a diversidade de ofertas do mercado.

As iniciativas de gestão do conhecimento tem se mostrado um acelerador do emprego dos sistemas de ECM, entre as companhias nacionais.

De acordo com a última pesquisa realizada pela IDC de Março de 2009 a Março de 2010, o ritmo de crescimento do mercado foi de 6% no mundo. No Brasil, estima-se um crescimento um pouco menor de cerca de 4%, mas com previsões de crescimento maiores ao longo dos próximos anos, chegando aos dois dígitos até 2014.

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