Cirurgia robótica avança no Brasil

Cirurgia robótica avança no Brasil

Os robôs já estão em 41 hospitais e foram recrutados em mais de 2 300 procedimentos, com isso registrou-se um aumento de 60% no uso da cirurgia robótica em 2020

Por Prado Junior

A cirurgia robótica​ pode ser considerada uma evolução da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica. Ou seja, o cirurgião estabelece os acessos laparoscópicos e introduz a câmera e os instrumentos de trabalho no interior do corpo do paciente por meio de pequenas incisões feitas pelo robô. Com isso, o médico tem uma excelente visão para realizar a cirurgia, além de contar com movimentos precisos dos braços do robô. ​​

O robô não faz nada sozinho. Qualquer movimento realizado por ele foi feito pelo cirurgião no console. No entanto, diante de ações imprevistas pelo cirurgião, a tecnologia robótica aciona um comando de segurança que trava provisoriamente a máquina, evitando danos ao paciente. Se o médico tirar o rosto da tela de controle, o robô também para automaticamente.

​Os recentes avanços na tecnologia da cirurgia robótica, um dos tipos da cirurgia minimamente invasiva, dão aos pacientes uma série de boas alternativas que não existiam a mais de dez anos. Por serem mais complexa​s, as cirurgias robóticas seguem também um protocolo de checagem de todos os itens de segurança a cada uma hora de cirurgia, aproximadamente.

A cirurgia robótica minimamente invasiva – disponível para o tratamento de diversas patologias, pode beneficiar pacientes na diminuição da dor e do desconforto no pós-operatório, na diminuição de perdas sanguíneas durante o procedimento, no menor tempo de permanência no hospital e ainda oferece a oportunidade de retorno mais rápido às suas atividades diárias. 

O robô é controlado pelo cirurgião através de um console que executa os movimentos cirúrgicos
O robô é controlado pelo cirurgião através de um console que executa os movimentos cirúrgicos

Números

Em 2020 houve crescimento de 60% no uso da cirurgia robótica na comparação entre 2017 e 2018. E a tendência é aumentar. Uma das barreiras, o custo, tende a baixar com a entrada de novos fabricantes de robôs. 

O grande atrativo dessa tecnologia é a precisão, que rende uma recuperação mais rápida e com menos dor. Com a tecnologia, o cirurgião consegue ver imagens em 3D capturadas por uma câmera que fica dentro do paciente e guiar incisões mínimas. 

Embora, por enquanto, os robôs sejam encontrados majoritariamente na rede privada, ele também está em serviços públicos. Um robô foi incorporado à equipe de cirurgiões de um hospital público do Estado de São Paulo. O equipamento, está funcionando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo desde o dia 7 de fevereiro de 2014.

Dr. Flávio Ordones é urologista e especialista em cirurgia robótica
Dr. Flávio Ordones é urologista e especialista em cirurgia robótica

O dr. Flávio Ordones e urologista e especialista em cirurgias robóticas. Ele conversou com o Instituto Information Management sobre a utilização de robôs em cirurgias. “A cirurgia robótica é a basicamente a cirurgia laparoscópica avançada. Utilizamos os mesmos pequenos furinhos como acesso, no entanto ao invés de ficarmos mexendo pinças que são estáticas e ultrapassadas, utilizamos o robô. De longe, sentado num console, coordenamos as pinças, que são capazes de fazer todos os movimentos humanos. O robô replica nossos movimentos e ainda filtra o tremor.

Ele aponta as diferenças entre a cirurgia convencional, a cirurgia por vídeo e a cirurgia robótica. “Vamos usar como exemplo a cirurgia para o câncer de próstata. Enquanto na cirurgia aberta, utiliza-se um grande corte, do umbigo até a base do pênis, a cirurgia laparoscópica utiliza 6 pequenos furos. A laparoscopia pode ser simples (ou pura) ou com a utilização do robô”, diz.

Para o dr. Flávio, a robótica tem proporcionado benefícios para os pacientes quanto para os médicos, uma vez que é mais ergonômica. “Vou manter o exemplo da cirurgia para o câncer de próstata. Ela tem menor sangramento, o tempo de internação e recuperação é mais curto, a dor é menor no pós-operatório e se obtém melhores resultados estéticos. No caso da cirurgia da próstata há uma recuperação mais rápida da continência urinária”, explica o dr. Flávio. 

Para o médico, as perspectivas para a cirurgia robótica são promissoras. “O Brasil ainda precisa melhorar de modo a oferecer para um maior número de pacientes, com menor custo. Além disso, e exigência e controle quanto ao treinamento necessário para a realização do procedimento poderia ser mais rigoroso. Sistema de saúde como da Austrália e Inglaterra já oferecem a cirurgia robótica amplamente no setor público. Muitas pesquisas em diversas especialidades estão acontecendo e o número de procedimentos e de robôs vem crescendo. Até pouco tempo atrás, apenas uma empresa tinha a patente, o que não é mais verdade. Novas plataformas robóticas estão chegando no mercado, o que vai permitir evolução e diminuirão do preço”, finaliza o dr. Flávio Ordones.

*Veja a matéria completa na revista Information Management de abril.

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