Até que ponto fazer parte de uma rede social ou ter livre acesso a internet pode ser benéfico? Contemporaneidade, liberdade, ou exposição? A cada dia, a discussão de questões como estas são mais preponderantes, principalmente tendo em vista o cenário atual.
Um jornalista britânico, buscando dados para uma matéria, publicou um anúncio em grupo do Facebook onde pedia ajuda para a compra de órgãos. No texto, o jornalista passava-se por irmão de uma mulher que precisava de um transplante de rim.
Em apenas uma semana, o jornalista recebeu onze ofertas, incluindo duas de cidadãos britânicos (que pediam o equivalente a R$ 78 mil e R$ 117 mil), e outras provenientes da Índia, México e Tanzânia.
O tráfico de órgãos, considerado crime na maioria dos países, vem aumentando consideravelmente, e as redes sociais estão sendo cada vez mais utilizadas para a prática deste comércio.
Para o especialista em sistema de informação e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vivaldo Breternitz, como em quase toda tecnologia, as redes podem servir para o bem e para o mal, e a sociedade precisa fixar limites para sua utilização. “Muito se fala dos males físicos e psíquicos causados por sua utilização excessiva, pelos riscos que trazem à privacidade e etc. Mas é sua utilização para a prática de crimes que se aborda aqui: fraudes financeiras, roubos, extorsões, pedofilia, calúnia e difamação, tráfico não só de órgãos, mas também de drogas e armas, tudo isso vem sendo praticado com mais facilidade, graças às redes”.
Segundo Breternitz, a aplicação de princípios éticos comezinhos deveria ser suficiente para inibir o crime na rede. “Infelizmente nossa sociedade quase sempre escolhe ignorá-los. O que se pode fazer é adaptar a legislação vigente ao novo universo tecnológico e, evidentemente, buscar e punir os criminosos, dotando o aparato de segurança e justiça de pessoal e ferramentas adequadas”, conclui.
Outro passo importante conforme o especialista, e que todos podemos dar imediatamente, é reduzir nossa exposição nas redes, suspeitar sempre e educar nossas crianças e jovens para o uso coerente e eficaz da rede.