Ainda pouco utilizada no Brasil, a telemedição do consumo de energia elétrica do consumidor de baixa tensão — sistema que permite a leitura do medidor por telecomunicação — deverá triplicar nos próximos dez anos. Presente na quase totalidade dos clientes de média e alta tensão, como grandes indústrias, shoppings centers e prédios comerciais do país, a tecnologia foi tema de um workshop em São Paulo, organizado pela CAS Tecnologia, empresa que atende 20 das 26 maiores concessionárias de energia do país.
Com um enorme potencial de crescimento, já que hoje apenas 3,5% dos clientes de baixa tensão - como residências, pequenos comércios e indústrias possuem telemedição do consumo de energia elétrica - a perspectiva é que as concessionárias passem a investir cada vez mais neste segmento, como explica o consultor de negócios da CAS Tecnologia, Luiz José Hernandes. “Hoje, as distribuidoras de energia elétrica já monitoram em tempo real o consumo de quase 100% dos grupos de alta e média tensão. Dessa forma, o foco de investimento passou naturalmente a ser o consumidor de baixa tensão”, conta.
Inteligência analítica
Benéfica às concessionárias, a medição inteligente aumenta o volume de informações para as distribuidoras de energia elétrica em até 120 vezes, quando comparada a medição tradicional. Isso porque enquanto a medição tradicional de leitura de consumo é feita apenas uma vez ao mês, com a telemetria esse monitoramento é realizado pelo menos quatro vezes ao dia. Dessa forma é possível fazer a análise de diversos aspectos da distribuição para a cidade, como por exemplo, promover análise contínua da demanda por energia elétrica, prever manutenções, reduzir perdas e custos operacionais, assim como oferecer um melhor serviço à população.
Atenta a essa nova necessidade do mercado, que cada vez mais precisa interpretar diversos dados — sejam eles provenientes da telemetria, Scada, CRM, Field Service, entre outros — a CAS Tecnologia apresentou no workshop sua nova plataforma analítica para o setor de energia, denominada Athena. A solução possui alta capacidade de processar grandes volumes de dados e informações em diversos níveis, desde informações táticas e estratégicas até informações operacionais, como explica a gerente de produtos de plataforma analítica da CAS Tecnologia, Cláudia Onoda. “São dados que permitem a obtenção de um conhecimento muito mais profundo e qualificado sobre a carga, os equipamentos e o comportamento da rede de distribuição de energia. O Athena traça um diagnóstico em tempo real e sugere cenários e prioridades para soluções dos problemas, seguindo a regra de negócio mais apropriada e definida previamente pela própria companhia energética”.
Sua capacidade de avaliação em tempo real dos impactos de uma interrupção ou falha na distribuição sobre a sociedade, permite ao sistema sugerir a prioridade de restabelecimento, considerando a quantidade de clientes atingidos, clientes críticos ou prioritários, penalidades regulatórias e de perda de faturamento. “Toda concessionária de energia elétrica possui um limite de vezes em que ela pode ficar sem fornecer energia para uma determinada região do país. Caso ela descumpra a regulamentação da ANEEL, a companhia pode ser punida com multas pré-estabelecidas. Com a plataforma ATHENA é possível dar suporte a uma melhor decisão de prioridade de restabelecimento com uma avaliação imediata das perdas de faturamento em função da falta de energia e da quantidade de clientes atingidos pela interrupção, contribuindo para um despacho mais eficiente das equipes de campo para atuar no restabelecimento e, assim, definir quais regiões devem ter prioridade, evitando, por exemplo, que a concessionária seja multada”, diz Hernandes.
Disponível para ser acessada de qualquer browser ou dispositivo móvel, a plataforma ATHENA também está preparada para fazer análises de riscos e de mercado. Ela permite, por exemplo, conhecer de forma precisa o comportamento da carga e contribuir para uma análise mais efetiva do mercado e do suprimento de energia. Contribui também para a realização de estudos microlocalizados sobre regiões onde a companhia precisa expandir sua rede ou instalar novos transformadores de energia. Com a tecnologia os diretores podem ainda realizar análises estratégicas sobre diferentes unidades regionais negócios, identificando tendências, riscos e oportunidades de melhoria de performance para buscar um melhor serviço ao consumidor.
“No Brasil, a principal motivação para a medição inteligente é a preservação do fornecimento com qualidade, segurança e proteção da receita. “Se você conhece melhor a sua rede; o que acontece com ela e como os seus dispositivos estão sendo utilizados, poderá tomar decisões estratégicas e táticas melhores, mais rapidamente, bem como tornar sua operação mais eficiente e sustentável”, explica o consultor.