Por Cássio Krupinsk, CEO da BlockBR

A digitalização da economia já é um conceito real no Brasil e no mundo e, com a revolução dos tokens, esse modelo de negócios vem trazendo cada vez mais agilidade e segurança para as operações, sejam de consumo, sejam de investimentos. Nesse cenário, o mercado imobiliário, um dos propulsores da economia brasileira, não poderia ficar de fora.
Em um mercado de movimenta quase R$ 100 bilhões por ano em Valor Geral de Vendas (VGV) no Brasil, essa digitalização dos negócios está cada vez mais aquecida. Segundo a consultoria Markets and Markets, o segmento deve pular de US$ 2,3 bilhões em 2021 para US$ 5,6 bilhões em 2026.
O token transforma um ativo físico, como um imóvel, em um ativo digital que é negociado na web por meio de redes criptografadas, geralmente blockchain. E, como os negócios estão cada vez mais digitalizados, a estratégia de tokenização não é só necessária, mas vital para o mercado imobiliário.
De duas coisas ninguém duvida: da complexidade do mercado imobiliário e de que ele é um termômetro da economia. Vendas altas significam recuperação; vendas baixas, preocupação. Só que tudo isso está diretamente relacionado à complexidade de negociação de ativos. A resiliência do setor imobiliário fecha essa equação, ou seja, a capacidade de se adaptar às novas situações, desde a pandemia até a transformação digital. É aí que entram os tokens – uma alternativa para empresas e profissionais do setor ampliarem sua atuação, facilitando também a entrada de novos players nesse ecossistema.
A crescente aderência acontece porque a tokenização do mercado imobiliário resolve dois problemas de uma só vez. O primeiro é a agilidade nas vendas: como o token representa uma fração do imóvel, é mais fácil vendê-lo, pois o investimento pode acontecer em aportes menores. Isso permite ao comprador adquirir as frações restantes gradualmente até alcançar a integralidade do bem.
Esse processo simplifica os trâmites entre comprador e vendedor, dispensando análises mais aprofundadas de crédito, não só pela redução do montante do investimento financeiro envolvido, mas também por serem realizadas sem financiamento ou com recursos próprios. Além disso, rapidamente a empresa consegue levantar o valor para efetivar a obra, enquanto da forma tradicional geralmente pode levar meses.
O segundo gargalo atendido pela tokenização é a capacidade de ampliar mercado. Em um cenário em que 87% da população brasileira considera seu maior sonho de consumo a casa própria, segundo o Datafolha, ao atrair quem não teria condições de investir em imóveis devido a esses valores fracionados, o token amplia o ecossistema, as possibilidades de negócios e aproxima pessoas e empresas.
Apesar de historicamente conservador, o mercado imobiliário já observou essas vantagens e está quebrando os padrões tradicionais, com a introdução de tecnologias disruptivas e modelos de negócio inovadores. Além de facilitar a vida dos empreendedores e popularizar o sonho da moradia própria, o modelo coloca o setor em outro patamar globalmente.
Com essa rapidez na adesão em razão das vantagens do mercado, agora, a legislação precisa definir os parâmetros junto à CVM e ao Banco Central para ampliar a injeção de liquidez nesse setor, replicar soluções seguras através de Defis e definir limites de atuação do regulador, indicando as possíveis formas de normatizar, fiscalizar, supervisionar e disciplinar agentes de mercado.
Fato é que a tokenização de ativos imobiliários está transformando o modo de aquisição do imóvel próprio e realizando sonhos, outrora distantes, de uma grande parcela da população brasileira, evidenciando que estamos diante de uma verdadeira revolução na maneira de adquirir bens imóveis por meio da blockchain.