A origem da escrita: parte 2

O uso da letra manuscrita iniciou-se na França, durante o reinado de Luís XIV, época em que o país dominava quase toda a Europa. A letra manuscrita francesa chamava-se rondé, era vertical e semelhante à letra gótica no seu início. Haviam ainda outros estilos: a letra italiana, denominada italienne, e a tipicamente inglesa, desenvolvida a partir da italiana com um desenho que perdura até os dias de hoje por seu estilo clássico. O estilo Mistral, membro da família dos tipos manuscritos ou caligráficos, é o estilo que consegue um enlace perfeito entre todas as letras. 

[private] De maneira geral, atualmente faz-se uso de um sistema alfabético, porém na verdade, esse sistema não possui uma única forma nem é completamente alfabético, pois utilizam outros caracteres de natureza ideográfica, tais como os sinais de pontuação e os números. Pode parecer paradoxal, mas pouco percebe-se ou explica-se que se faz uso de várias formas de representação gráfica, ou seja, vários tipos de alfabeto em uso e, em geral, de maneira misturada. A escrita cursiva é diferente da escrita de fôrma (letra tipo bastão) e, como mencionado, entre um extremo e outro a escrita cursiva pode ser classificada em diferentes categorias distintas.

Quando um sistema alfabético é utilizado por um número grande de pessoas em diferentes lugares, para usos diversos, a forma das letras do alfabeto, que inicialmente era única, passa a admitir variantes. No mundo antigo, as variantes se restringiam a uns poucos casos. O latim, por exemplo, não tinha as letras minúsculas.

O português, nosso idioma, tem origem indo-europeia. Esta família de idiomas é originária das florestas do norte do Mar Negro (onde atualmente é a Ucrânia) durante o período Neolítico (700 a.C.). Essas pessoas migraram entre 3.500 d.C. e 2.500 d.C. e se espalharam pelo oeste da Europa, pelo sul do Mediterrâneo, norte da Escandinávia e leste da Índia, gerando doze ramificações diferentes. Entre essas ramificações está o latim, também chamado de itálico ou romance (pois era o estilo de escrita utilizado para escrever os romances). O italiano e o português são os idiomas mais próximos do latim moderno. Este é o motivo pelo qual o Português, o Francês, o Espanhol e o Italiano apresentam semelhanças consistentes.

Passamos então à evolução dos documentos, já que o desenvolvimento da escrita possibilitou ao homem registrar suas atividades, suas realizações e seus negócios. Além disso, passou-se a atender o mais importante objetivo da escrita que é a leitura, a comunicação de pensamentos, ideias e visões.  E, ainda, pode-se registrar e preservar as leis e mandamentos da sociedade.

A evolução do suporte para a escrita passou pelo pergaminho, que é um material diferente do papiro, sendo igual ao couro que passa por um processo para deixar a superfície lisa, facilitando a escrita. O pergaminho foi inventado pelo rei Eumenes III (197 – 158 a.C.) originário de Pérgamo.

Já o papel foi inventado na China em 105 d.C. e seu segredo ficou guardado por 700 anos até que os muçulmanos dominaram o que é hoje o Usbequistão e alguns prisioneiros chineses revelaram o segredo de fabricação da pasta. Assim a técnica se espalhou pela Europa sendo fabricado a partir de plantas, que continham celulose em suas fibras ou tecidos confeccionados a partir do algodão e do linho. O papel feito a partir de tecidos era mais forte e resistente. O papel atual sofre degradação e amarelecimento com o passar do tempo. O papel colorido é invenção dos papeleiros islâmicos.

Assim surgiram os copistas, que tinham a nobre função de copiar os livros, pois todos eram manuscritos e elaborados um a um. Na Idade Média possuir um livro de Salmos (usado durante as missas e para orações) era mostra de poder e riqueza. Os copistas usam penas robustas de aves (gansos). As penas metálicas surgiram apenas em 1830.

Então, à medida que os exércitos romanos avançaram pela Europa, o alfabeto e o latim foram sendo disseminados. Muitos livros para a Igreja Cristã foram confeccionados e muitas cópias da Bíblia e dos livros de serviços foram necessários. E, portanto, os monges dos mosteiros ficaram encarregados de realizar as tais cópias. A letra minúscula foi inventada para permitir maior rapidez na escrita.

A arte da impressão foi criada há mais de 1000 anos na China, mas somente no século XV é que se passou a utilizar os caracteres ocidentais. Mas o grande advento da impressão ocorreu com Johannes Gutenberg (1400 – 1468) com a invenção dos tipos móveis. Tal invenção tinha por base uns bloquinhos com uma letra em cada um (tipo) que podiam ser agrupados para formar as palavras e serem reutilizados diversas vezes. [/private]

 

* Texto escrito por Angelo Volpi , Tabelião em Curitiba, escritor, articulista e consultor e Cinthia de A. Freitas, Professora Titular da PUCPR e Doutora em Informática.

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