Durante mais de 34 anos o Cenadem foi um pioneiro na nossa área. O saudoso Antonio Paulo e sua mulher Clarisse Stringher introduziram no Brasil inúmeras tecnologias da informação emergentes, metodologias e ideias avançada que mudaram a forma de operar de várias organizações, todas visando a melhoria do trabalho cooperativo suportado por computador (CSCW) em qualquer processo de negócio.
[private] Foi assim com o pioneiro microfilme e com o Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED), quando ninguém ainda sabia ao certo o que era isso. Aliás, como tive oportunidade de escrever num artigo aqui, a gestão documental, abordagem mais ampla e organizada de GED, também foi alvo das preocupações do Cenadem, ao introduzirem conceitos e tecnologias de, Enterprise Content Management (ECM), nos saudosos congressos Infoimagem em parceria com a AIIM americana.
Os cursos do Cenadem sempre foram pioneiros no Brasil. Formaram centenas de profissionais em diversas especialidades e também foram pioneiros ao trazerem certificações como as CDIA e as da AIIM.
Mais especificamente no ensino de mapeamento, análise, modelagem de processos de negócio fui um dos primeiros junto com o Cenadem a ministrar cursos sobre workflow e sobre metodologias para organizar e gerenciar processos.
Interessante notar que, ainda hoje estas especialidades e tecnologias continuam a ser ensinadas erroneamente, quando o são. Dois eventos ocorridos comigo no ensino sobre processos e novas tecnologias mostram como novas ideias, novos conceitos e novas tecnologias mexem com a cabeça das pessoas, até mesmo com a daquelas de quem esperamos maior abertura e tolerância a novas ideias: os mais jovens.
Ao ensinar para uma classe de 50 alunos, quase engenheiros, sobre como as novas organizações deixam de lado as velhas e corrompidas estruturas tradicionais, como a hierárquica, e passam a adotar estruturas flexíveis baseadas em processos de negócio, onde a responsabilidade é a única forma de gerenciamento, todos, com pouquíssimas exceções, “surtaram”. Não aceitaram de jeito nenhum que possam existir organizações assim, embora eu tivesse dado exemplos como o Google e as empresas de Ricardo Semler. Eles não conseguiram imaginar como qualquer organização pode passar do “quem pode finge que manda....e quem realmente manda finge que obedece” para uma organização baseada em conhecimento, processos e responsabilidades. Pois é!
Outra experiência foi sobre novas tecnologias. Ensinava eu sobre cloud computing para uma classe de 30 alunos de graduação em engenharia de produção e alguns deles também não aceitaram que pudesse existir já, nem no futuro, tais tecnologias. Foi difícil para mim convencer aos resistentes e renitentes que cloud computing é realidade, com segurança e funcionalidades que mudarão a forma de nos relacionarmos com computadores.
Nas duas situações tive de dizer: vocês queiram ou não organizações em rede, baseadas no conhecimento, processos e responsabilidades e cloud computing já existem e vão continuar a ser aperfeiçoadas.
Queiramos ou não já são realidades.
Esses são dois acontecimentos recentes, mas tenho outros, muitos outros que demonstram como é difícil ser pioneiro. Como é difícil mexer com o status quo das pessoas. Como é difícil ser agente de mudança. Como é difícil mudar!
São muitos os exemplos de ideias que ainda não deram certo, porque não foram aceitas, metodologias que não conseguiram ser adotadas porque não foram entendidas, tecnologias da informação que não foram implantadas porque não foram corretamente aprendidas. São exemplos que comprovam como o Cenadem soube vencer dificuldades, resistências e existir por mais de 34 anos com competência e qualidade. [/private]
* Texto escrito por Tadeu Cruz, professor M.Sc., formado em Administração de Empresas; especialização em Engenharia de Sistemas e em Análise & Modelagem de Processos de Negócio. Mestre em Engenharia de Produção. Membro-pesquisador do GEACTE-FEA-USP e do Sage-Coppe-UFRJ e da Escola de Engenharia Universidade Mackenzie.