Estudo realizado na China com 155 executivos mostra como as pessoas e mercados estão se adaptando, indicando assim que caminhos outros países afetados podem seguir
Delivery, home office, serviços de cloud, comunicação digital e audiência em veículos jornalísticos são aspectos que se fortaleceram
Consumidores relatam que estão ansiosos por retomar suas vidas e o consumo
A Dentsu Aegis Network, um dos maiores grupos de comunicação do mundo, promoveu um estudo exclusivo para entender o novo normal diante de um cenário sem precedentes de pandemia mundial. A pesquisa foi realizada com 155 executivos seniores de comunicação e marketing, de 28 de fevereiro a 3 de março, na China, o epicentro da emergência, mas que já começa a dar sinais de recuperação naquele país. Além de traçar possíveis cenários do impacto econômico, a investigação aponta mudanças no comportamento do consumidor, como as marcas estão se adaptando neste momento, reflexos nos mercados mais atingidos e perspectivas para a retomada.
Dentre as principais conclusões, a pesquisa apontou que 47% dos profissionais de marketing e executivos de atendimento pesquisados afirmaram que as vendas têm sido significativamente ou severamente impactadas pelo surto de COVID-19. As principais preocupações são a manutenção das logística (28%) e do fluxo nas cadeias de suprimentos (10%). Viagem continua sendo uma das categorias mais atingidas, enquanto Varejo, Luxo e bens de consumo não duráveis têm adotado os canais digitais para engajamento e serviços de entrega, pois os consumidores que têm se mantido recolhidos. Observamos um aumento da audiência na CCTV News, People's Daily, News Network (veículos jornalísticos), pois os usuários estão buscando fontes confiáveis. O tempo gasto em frente às telas também aumentou e, na 2ª e na 3ª semana de fevereiro, o público ficou 7,3 horas por dia nas plataformas de TV e TV Online.
“O Brasil está se aproximando do ápice da epidemia e tem muito a aprender com a experiência chinesa. Já está claro que os serviços de delivery ganharão ainda mais protagonismo, assim como o trabalho remoto e todo uma gama de serviços prestados na nuvem. As marcas devem se inserir neste contexto, ajudando assim a minimizar os impactos nos consumidores e em seus negócios. Creio que este espaço no Brasil seja ainda maior, dado que o mercado brasileiro não é ainda tão maduro nestas áreas”, afirma Eduardo Bicudo, presidente da Dentsu Aegis Network no Brasil. “O Grupo está atento a estes movimentos e já está promovendo ajustes em suas campanhas e ações, de forma a manter a comunicação de nossos clientes ativa e relevante”, completou Bicudo.
O estudo mostrou também como os profissionais de marketing estão agindo neste momento. Vemos uma mudança na mensagem e na segmentação, pois as regiões geográficas e aspectos criativos estão sendo revistos por 22% dos nossos entrevistados, sendo que apenas 7% dos entrevistados pretendiam interromper os investimentos por completo. Além disso, 77% já começaram a fazer planos proativos de recuperação. Os profissionais de marketing têm analisado o uso inteligente da tecnologia para recuperar o tráfego online e se conectar com os consumidores de maneiras novas e inovadoras. 33% dos profissionais de marketing pretendiam aumentar o investimento em E-commerce e Social Commerce. A intenção dos outros 33% era aumentar o investimento em plataformas sociais, formadores de opinião, e transmissões streaming para se engajar com seus público-alvo.
Voltando aos consumidores, parece que a “vida na nuvem” está pronta para ficar. Após o Ano Novo Chinês, quando milhões de pessoas passaram a ter que trabalhar em casa, os aplicativos de produtividade como o DingDing da Ali ("DingTalk"), o WeChat Work, o Microsoft Teams e o Feishu ("Lark") rapidamente se tornaram os mais vendidos das lojas de aplicativos chinesas. Até 3 de fevereiro, mais de 10 milhões de empresas estavam usando o DingTalk para possibilitar o trabalho em casa e online.
Usando Social Prism, ferramenta proprietária de social listening que monitora 920 milhões de mensagens e informações dos usuários no Weibo, além de 500 mil contas públicas do WeChat, identificamos que os tópicos mais discutidos em fevereiro se concentraram nos aspectos práticos do dia-a-dia de quem está confinado. Os períodos de auto-quarentena tornaram-se um momento para o auto-aprimoramento visto que os consumidores vêm adotando as plataformas de aprendizagem digital. Um estudo mostra que 42% estavam incrementando o seu uso de plataformas de aprendizagem online, enquanto 31% dos entrevistados estavam usando seu tempo para aprender algo mais difícil e demorado.
Após um mês de movimentações restringidas e contato social limitado, os consumidores estão ansiosos para retomar suas vidas. 62% dos consumidores citaram uma refeição com amigos como a atividade mais aguardada e 58% disseram que "compras" estão no topo de sua lista. Indicando uma forte demanda do consumidor, na última semana de fevereiro, um shopping em Hangzhou ficou aberto por cinco horas, alcançando vendas acima de 11 milhões de yuans, mais do que as vendas de um período de 12 horas no mesmo período em 2019.