Os Músicos de Bremen

O conto dos músicos de Bremen, de uma forma bem resumida, versa sobre quatro animais (um burro, um cachorro, um gato e um galo) que estavam abandonados. Resolveram se unir e formar um quarteto musical. Saíram pelo mundo e, uma noite, ao chegarem numa casa, resolveram cantar para pedir guarida. Mal sabiam que havia uma quadrilha escondida nesta casa, fazendo a partilha de seus roubos. A quadrilha, ao escutar a terrível cantoria, fugiu assustada tentando imaginar que monstro era aquele. Mais tarde, durante a noite, um dos ladrões resolveu voltar, pois não se conformava em ter de abandonar o tesouro, fruto de seus saques. 

[private] Surpreendido no escuro pelos animais, foi exemplarmente rechaçado. Voltando todo ferido à quadrilha, contou que o terrível monstro havia lhe dado coices, mordido, arranhado e bicado. E os nossos músicos viveram felizes para sempre com o tesouro conquistado.

Esse conto sobre o trabalho em equipe é tão valorizado que existe uma estátua no centro da cidade de Bremen, na Alemanha, em sua homenagem.

Este ano o congresso Info 360 realizou-se poucos dias antes do meu aniversário. Minha mãe recordou-se de como gostava desse conto dos irmãos Grimm e me presenteou como uma estatueta com os quatro animais. Nas visitas realizadas pela Missão Técnica brasileira em Washington, acabei identificando uma semelhança entre o trabalho de equipe para atingir a sua meta e as equipes de projeto visitadas, já que em nenhuma das instalações fomos recebidos por um profissional somente.

Já na primeira visita (GPO – Governamental Printing Office) uma equipe com mais de 10 profissionais nos aguardava e cada uma das perguntas dos membros da missão era dirigida ao responsável pela matéria. Havia responsável por banco de dados, rede, arquiteto da informação, taxonomia, portal, segurança de sistemas, gestão de projeto e gestão de mudança, entre outros.

Obviamente que, para a operacionalização de projetos corporativos de gestão de conteúdo, não basta a participação da TI. Outras áreas também deverão atuar. Citamos entre essas a área jurídica para amparo legal ao projeto, notadamente no Brasil onde não existe legislação específica para esta matéria; a área de organização e métodos (ou com nomenclatura equivalente) para o mapeamento e redesenho não só dos processos de negócio, mas também dos eventuais formulários que precisem ser digitalizados; a área de arquivo contribuindo com o entendimento dos metadados existentes, frequências de acesso, características das recuperações e principais usuários; as áreas usuárias com os seus principais problemas e requisitos funcionais; a área de auditoria com seus requisitos de monitoração e controle; a área de RH na movimentação de funcionários (novas funções passam a existir, outras deixam de existir) e treinamento; a alta administração com o apoio e patrocínio do projeto. Esta lista não esgota os perfis necessários.

Por outro lado, tenho certeza que, se no caso de Bremen só o galo tivesse batido na casa dos ladrões, além do tesouro estes ainda teriam um belo galeto...

PS: Parabéns a toda a equipe envolvida na viabilização da Compe por imagem no Brasil. Durante a noite do dia 20 de maio, ao entrar na área de compensação de cheques de um grande banco e ver cinco leitoras classificadoras de grande porte paradas, tive a confirmação do sucesso deste projeto. Tenho muito orgulho de ter sido parte atuante. O Brasil tem uma boa história para contar lá fora. Creio que em breve nós é que seremos objeto de missões técnicas. [/private]

 

* Texto escrito por Walter W. Koch, diretor da ImageWare. Consultor internacional em Gestão Documental e TI. Professor dos cursos de pós-gradução da Fesp e Unip. Implementou alguns dos maiores projetos do País. Ministra cursos em diversos países da Europa, África e Oriente Médio. Autor do livro Electronic Document Management - Concepts and Technologies publicado em Dubai em 2001. Responsável pelo Treinamento da AIIM no Brasil.

 

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