Por Marcos Chiodi - Country Manager da Marlabs no Brasil

Em meio às discussões sobre inteligência artificial e dados, um conceito que vem ganhando destaque como uma das grandes tendências do momento é a chamada Agentic AI. Embora ainda pouco conhecida por parte do público, essa abordagem promete transformar a forma como interagimos com sistemas inteligentes.
Enquanto muitos já estão acostumados com modelos de linguagem usados em assistentes virtuais ou plataformas de geração de texto e resumo de documentos, a Agentic AI vai além. Trata-se de uma inteligência artificial que não apenas responde a comandos, mas que também é capaz de agir de forma autônoma em nome do usuário. A ideia é que, com base em instruções e dados fornecidos, ela execute tarefas completas de forma automática.
Imagine, por exemplo, uma situação em que um documento é carregado em uma interface de IA. Em vez de apenas gerar uma análise ou um resumo, a IA é capaz de preencher automaticamente campos em um sistema de CRM com base nas informações contidas nesse documento. Ela entende, executa e entrega o trabalho pronto. Esse é o diferencial da Agentic AI: sair do papel de assistente e assumir o papel de executor, operando sistemas, acessando dados e tomando decisões dentro de parâmetros previamente definidos.
Muitas das ferramentas usadas nesse contexto se assemelham às plataformas de automação inteligente já conhecidas. A novidade está na integração com recursos mais avançados, como modelos de OCR baseados em IA. Em vez do tradicional reconhecimento de texto, tecnologias como o Mistral OCR oferecem maior precisão e menor custo, elevando o potencial dessas soluções.
Entretanto, o avanço dessa tecnologia traz consigo uma série de desafios. Quando a IA passa a agir sozinha, surgem preocupações com segurança, governança e supervisão. É essencial garantir que apenas usuários autorizados criem e configurem esses agentes, que eles acessem apenas os sistemas permitidos e que haja um mecanismo de validação humana — o conhecido human-in-the-loop — para revisar e aprovar decisões mais críticas. Essa camada de controle humano é fundamental para garantir responsabilidade e confiança no uso da tecnologia.
Outra questão recorrente é a expectativa de perfeição. Muitos esperam que a IA acerte sempre, mas a capacidade de superar humanos está em sua consistência, velocidade e escala. Agentes de IA trabalham com disponibilidade contínua e sem fadiga. Isso significa que, naquelas tarefas como processamento de dados e automação de fluxo de trabalho, eles representam uma economia de custos operacionais significativa. Para empresas, esses ganhos representam mais produtividade, capacidade de atender demandas em larga escala e foco humano em estratégias criativas, onde a intuição e a experiência ainda são insubstituíveis.
A pergunta central, então, é: "Estamos prontos para isso?" A resposta mais honesta é: depende. Não basta contar com a tecnologia certa. É preciso ter dados bem organizados, uma arquitetura preparada, políticas de segurança claras e, acima de tudo, uma cultura que compreenda e adote esse novo modelo de trabalho. Permitir que uma IA atue em nome de uma pessoa representa um novo nível de relação com a tecnologia.
Hoje, já existem profissionais que utilizam agentes para escrever códigos, fazer pesquisas e realizar tarefas preparatórias, economizando horas de trabalho por dia. E é justamente aí que reside o verdadeiro valor da Agentic AI: liberar tempo para que as pessoas possam focar no que realmente importa.
O conceito de Agentic AI está se consolidando. Organizações e especialistas o interpretam de formas variadas — e isso pode ser positivo. Assim como o conceito de inteligência artificial geral (AGI), ele se molda às necessidades e realidades do momento. Em essência, trata-se de uma IA que faz por você. E esse futuro já começou a se tornar presente — é hora de estar preparado.
Imagem: https://pt.vecteezy.com/foto/52539898-a-futuro-do-artificial-inteligencia