IDC avalia que 53% das empresas vão reduzir seus investimentos em TI na América Latina no segundo trimestre de 2020, em resposta à pandemia de covid-19

IDC avalia que 53% das empresas vão reduzir seus investimentos em TI na América Latina no segundo trimestre de 2020, em resposta à pandemia de covid-19

Retomada deve acontecer apenas no primeiro trimestre de 2021

Nuvem híbrida e segurança se destacam durante a pandemia e marcam era pós-covid-19

A fase atual das empresas de TI é de realinhamento e este movimento deve se estender por 6 a 11 meses em relação ao início da pandemia de covid-19. "O realinhamento vai levar mais tempo e exigir mais atenção das organizações, que vão precisar adequar seus gastos para atender as principais necessidades durante esse período", afirmou Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em Enterprise da IDC Brasil. Por conta disso, 53% das empresas na América Latina devem diminuir os investimentos em TI no segundo trimestre de 2020. No ano, esse índice cai para 50%. A conclusão foi apresentada na webinar "O ’novo normal’ definindo a estratégia e o planejamento para 2021", realizado na última quarta-feira, 3 de junho.

A IDC prevê a retomada e o estabelecimento do ’novo normal’ a partir do primeiro trimestre de 2021. "A crise atual deve continuar por mais 3 ou 5 meses e, no final do ano, já vamos ter superado a fase mais grave", afirma. Segundo ele, agora é preciso se concentrar no que traz retorno e resiliência ao negócio e no que engaja os clientes.

Para a IDC, no primeiro trimestre de 2020 a maioria das categorias de tecnologia experimentou a calmaria antes da tempestade. "Um exemplo são as remessas de PCs, que cresceram 4% na América Latina e 16% no Brasil, em comparação com 2019. De acordo com Luciano, muitas empresas de tecnologia relataram aumento sólido de receitas de janeiro a março deste ano.

Para lidar com os desafios que surgem com a pandemia, a IDC afirma que 62,8% das empresas no Brasil estão empregando um modelo de trabalho dinâmico e reconfigurável, 52,4% estão conectando organizações e indivíduos, independentemente de sua localização, situação ou contexto, 40% estão garantindo resiliência na infraestrutura digital e 38,7% gerando confiança nos clientes. "Consumidores e empresas estão priorizando dispositivos como notebooks e tablets, que lhes permitem trabalhar e aprender remotamente", afirma Luciano. Ainda, 66% das empresas acreditam que os modelos operacionais precisarão ser ativados digitalmente para levar em conta mais automação e soluções sem contato, 66% das empresas afirmam que o trabalho em casa será adicionado ou expandido na política de RH e 62% afirmam que o modelo de engajamento do cliente (incluindo vendas e suporte) precisará ser expandido em canais digitais e de autoatendimento.

No mercado de telecomunicações na América Latina, as oportunidades de receita estão em UCaaS, gestão Multicloud, segurança, SD-WAN e conteúdo de vídeo.

No mercado de dispositivos, as empresas provavelmente interromperão a implantação de smartphones por conta da maior adesão aos laptops e tablets. "As ferramentas de produtividade permitem trabalho, aprendizado e treinamento remoto, e as soluções de VDI e serviços de VoIP ajudam na colaboração", explica Luciano. Já no varejo, os consumidores serão influenciados pela incerteza. "A instabilidade diminuirá o apetite por produtos premium e provavelmente produzirá um ciclo de substituição mais longo", afirma.

A IDC também destaca o setor de educação, drasticamente afetado pela pandemia, e acredita que este mercado ainda vai demandar bastante do segmento de hardware. "Estados e municípios que estão mais avançados, disponibilizando dispositivos para alunos e professores, são reflexos das mudanças que ocorreram nos últimos tempos, mas este é um mercado que vai precisar se adaptar e evoluir muito mais para suprir a necessidade atual de ensino remoto", explica Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil.

Durante a pandemia, a IDC desenha três cenários: o otimista, o provável e o pessimista. No otimista, a IDC espera queda de 4% no PIB da América Latina, que as cadeias globais de suprimentos tenham uma rápida recuperação fora da China, a demanda volte ao normal no último trimestre de 2020 e as economias que dependem de exportações não sofram grande impacto. No provável, a IDC prevê queda do PIB de 5,3% na região, moedas da América Latina com as taxas de maio de 2020 mantidas até a segunda metade do ano e queda de 15% nas exportações. Já no pessimista, a queda esperada para o PIB da América Latina será superior a 6% e as moedas latino-americanas perdem valor em relação ao dólar americano.

Era pós-covid-19

Na era pós-covid-19, a IDC aponta a nuvem híbrida como tendência mais importante na América Latina, especialmente em cargas de trabalho críticas. Os investimentos se concentrarão em garantir a continuidade dos negócios no curto prazo e em acelerar iniciativas de transformação digital no médio prazo. "Os provedores de nuvem se tornarão mais influentes no data center e as empresas aumentarão o uso da nuvem pública durante a pandemia, aproveitando sua flexibilidade e escalabilidade", explica o gerente de pesquisa e consultoria em Enterprise da IDC Brasil.

O impacto imediato está na segurança da rede, especificamente nas soluções que fornecem conexões e acesso seguros. De acordo com Luciano, as organizações que aumentarem seu consumo na nuvem provavelmente também exigirão soluções de segurança baseadas na nuvem, menos complexas para implantar e integrar e em conformidade com a distância social entre profissionais de segurança cibernética e equipe de TI.

No momento, a IDC recomenda a conscientização da necessidade de acelerar as iniciativas digitais, principalmente em relação à continuidade dos negócios quando a situação da pandemia amenizar. O gerente da IDC Brasil também aconselha criar operações e serviços digitais mais resilientes; repensar a experiência para os clientes e prospects e o que isso traz para eles, e treinar colaboradores na empatia e apoio ao cliente.

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