*Luiz Marcos Brescia e Severino Benner
Com o crescente avanço tecnológico na área da saúde, a demanda por soluções de prontuário eletrônico deixou de ser uma tendência e tornou-se uma necessidade nos hospitais brasileiros. Trata-se de um recurso poderoso para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde uma vez que disponibiliza em um único repositório o histórico de todas as informações geradas em diferentes atendimentos ao paciente. A adoção do prontuário eletrônico único está constantemente na pauta de discussão dos CIOs brasileiros, assim como as dificuldades e desafios que envolvem a sua implementação.
O índice de adoção desse tipo de ferramenta ainda é baixo no país e muitos profissionais de saúde apresentam resistência ao seu uso. Mas um dos principais fatores restritivos para a implementação tem caráter tecnológico, ou seja, está relacionado à interoperabilidade de sistemas e à complexidade deste processo. A maioria dos fornecedores de soluções de TI não adota os padrões mundiais e essa é, cada vez mais, uma exigência dos CIOs da área de saúde. Outra dificuldade diz respeito à carência de soluções de qualidade, capazes de permitir o registro correto da informação clínica com uma interface amigável e eficiente.
É fato que o prontuário eletrônico exige uma quebra de paradigmas. O fator cultural, por exemplo, influi bastante, já que existem profissionais que resistem e ainda preferem utilizar a caneta e o papel. Outros ainda não aderiram à ideia completamente, devido a falta de confiança no que tange à disponibilidade, segurança e confidencialidade das informações. Outra preocupação frequente é a possível dificuldade no manuseio da ferramenta. A experiência mostra-nos contudo que, quando os profissionais superam estas barreiras sentem-se muito seguros e o abandono da caneta ocorre naturalmente.
Em contrapartida, existe hoje uma nova geração de profissionais que busca incessantemente modernizar processos utilizando ferramentas de tecnologia capazes de apoiar as decisões clínicas, incluindo gestores que desejam obter o maior número de dados possível a fim de transformá-los em informação preciosa para o bom atendimento em saúde.
Uma solução eficiente, ou seja, com interfaces amigáveis e devidamente integrada a todos os pontos geradores e consumidores da informação clínica, e utilizada da forma correta, proporciona inúmeros benefícios aos profissionais, às instituições e aos pacientes. Com o prontuário eletrônico implantado em um hospital é possível avaliar a eficácia de tratamentos, a eficiência de profissionais médicos, os tempos de atendimento e a qualidade dos diagnósticos. Esses e todos os demais parâmetros relacionados ao resultado clínico podem ser medidos e, consequentemente, aprimorados.
Para os pacientes, o monitoramento constante promovido pelo prontuário eletrônico também é capaz de contribuir para a redução de riscos. Um recurso inovador de poucas soluções de gestão de saúde é a capacidade de viabilizar, por meio de um portal pessoal, a criação e a gestão diretamente pelo paciente do seu Prontuário Clínico Eletrônico Pessoal, ou seja, aquilo que internacionalmente designa-se Personal Health Record (PHR). Consiste em um conjunto de ferramentas capazes de apoiar o monitoramento de aspectos relacionados à saúde e à qualidade de vida, na qual o paciente pode ter acesso via internet às informações, gerenciando e monitorando todos os eventos que envolvem sua saúde.
No caso da área de saúde, a tecnologia traz benefícios não só para profissionais e pacientes, como também para os próprios hospitais. Uma das principais funções de um prontuário eletrônico é proporcionar uma gestão mais eficiente dos recursos, principalmente financeiros. As soluções, em geral, permitem trabalhar com protocolos, que possibilitam aos profissionais a realização de atendimentos que atendem às respectivas necessidades, de forma que os exames e medicamentos a serem solicitados possam seguir um padrão único. O prontuário eletrônico devidamente implantado pode ainda evitar a repetição indevida de exames, monitorar diagnósticos e gerenciar as despesas de tratamentos.
Além disso, considerando os altos custos relacionados com a prática médica, além da carência de profissionais de saúde, a adoção do prontuário eletrônico nas instituições torna-se, cada vez mais, inevitável. A redução de custos, assim como a redução de riscos para pacientes e profissionais de saúde, fazem com que as instituições tenham que aderir a essa ferramenta, aproximando-se, cada vez mais, da evolução tecnológica.
*Luiz Marcos Brescia é diretor executivo Alert Benner e Severino Benner é presidente da Benner