Como fusões e aquisições podem apoiar a transformação digital

Como fusões e aquisições podem apoiar a transformação digital

por Luis Bracourt*

A combinação do cenário econômico desafiador e a inevitável reformulação dos modelos de negócios impulsionada pela digitalização, tem acentuado a necessidade das empresas de estruturar estratégias de longo prazo que combinem o crescimento e a agilidade de transformação. Neste cenário, uma estratégia de crescimento por aquisições torna-se uma importante ferramenta de aceleração da inovação, em especial em períodos de recuperação econômica após um ciclo recessivo, onde as taxas de crescimento se recuperam lentamente. Neste sentido, as empresas que provêm soluções tecnológicas podem ser potenciais alvo de investimentos ou aquisições e devem estar atentas e preparadas para este momento singular do Mercado.

Vários estudos significativos a nível local e global suportam este movimento:

  • um estudo publicado recentemente pela ABVCap, a entidade que representa a Indústria de Private Equity e Venture Capital, mostra que os fundos de Venture Capital, que possuíam R$ 16,6 bilhões em capital comprometido em 2018, investiram em 211 empresas, das quais 87% eram negócios baseados em soluções de tecnologia e transformação digital;
  • no estudo realizado pela Technical University of Munich em conjunto com a Noerr, com empresas alemãs, os investimentos em fusões e aquisições essencialmente focados em inovação digital saltou de 6% para 25%, entre 2013 e 2017;
  • o levantamento global da consultoria Bain & Company mostra que, dos US$ 3,4 trilhões em transações de fusões e aquisições em 2018, as operações em busca por inovação, digitalização do modelo de negócio, desenvolvimento de novas tecnologias ou complemento de portfólio, superaram as operações motivadas por ganho de escala.  Esse movimento foi registrado pela primeira em estudos desta natureza.

Outros antecedentes significativos são os chamados Corporate Ventures – investimentos feitos por grandes corporações em empresas menores ou nascentes. Estes, visando incorporar novas tecnologias, são instrumentos de aceleração da inovação para as organizações que precisam transformar rapidamente o seu modelo de negócio para o mundo digital. No Brasil temos dois exemplos visíveis do dinamismo que estas iniciativas podem gerar de impacto na transformação dos modelos de negócio: o Cubo (parceria do Itaú Unibanco com a Redpoint eVentures) e o Inovabra (do Bradesco). Em ambos os casos, foram criados num único espaço um ecossistema que une as empresas startups, investidores e mentores para promover a inovação.

Nesse sentido, cresce o número de profissionais especialistas em Fusões e Aquisições, com experiência em negócios de tecnologia no Brasil e nos principais centros econômicos do mundo. Cada vez mais esses especialistas devem ter papel de destaque, pois podem apoiar as empresas, posicionadas no lado comprador ou vendedor, em todo o ciclo de uma aquisição, desde o desenvolvimento de sua estratégia, pesquisa, definição e abordagem de alvos, precificação e análise do retorno do investimento.

Estruturar uma estratégia de fusões e aquisições é um caminho importante para dar velocidade nas mudanças por inovação e, desta forma, reagir às transformações que as organizações estão inseridas atualmente, criando uma vantagem competitiva consistente e duradoura.

* Luis Bracourt é Sócio de Corporate Finance da Crowe Macro. Possui mais de 20 anos de experiência em gestão de empresas de TI líderes em seus segmentos, contribuindo para a liderança no mercado, expansão internacional e gestão de serviços, inclusive apoiando no processo de crescimento por Fusões e Aquisições. Nos últimos 3 anos tem se dedicado e liderado os processos de M&A e Avaliações Econômicas através de mandatos específicos, abrangendo transações de cross-border, em especial no segmento de tecnologia.

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