Prevenção de fraudes deve levar em conta aspecto humano

Corrupção, suborno, desvio de dinheiro, tráfico de influências e conflitos de interesses são algumas das principais preocupações das empresas atualmente. Além disso, têm em comum o fato de serem problemas diretamente relacionados ao comportamento das pessoas.

Apesar de ser frequentemente deixada de lado pelas empresas, a dimensão humana é um dos fatores mais importantes e vulneráveis na gestão de riscos. A opinião é de Renato Santos, sócio da S2 Consultoria, especializada em prevenir e tratar atos de fraude e assédio nas organizações. "Quando se fala em detecção de fraudes, as empresas logo se preocupam com temas como controles internos, ambiente regulatório e boas práticas de governança, mas o aspecto humano do problema ainda é um assunto pouco discutido no ambiente corporativo", afirma.fraude-internet

De acordo com Santos, buscar compreender as causas de fraude e assédio é mais eficaz do que apenas tentar blindar processos e sistemas e, para isso, é preciso acessar como as pessoas pensam e agem quando se deparam em dilemas desse tipo. "Toda fraude ou assédio se origina do fator humano. Ao tratar o elemento humano, trabalhamos nas causas dos desvios de comportamento e não somente nos efeitos que estes provocam às organizações", destaca.

Com o objetivo de prevenir atos de fraude e assédio nas organizações, a S2 Consultoria desenvolveu o PIR (Potencial de Integridade Resiliente), uma ferramenta de Gestão e de Desenvolvimento Humano que identifica o nível de resiliência que profissionais possuem quando expostos a situações de dilemas éticos. "O quociente de Resiliência de Integridade da pessoa aponta que quanto maior sua magnitude, menor a manifestação de comportamentos antiéticos", explica Santos.

O modelo é baseado em um questionário onde o participante responde a perguntas que o colocam em situações de dilemas éticos profissionais. As perguntas incluem temas como oferta de presentes e uso de informações confidenciais. As respostas são coletadas em três formatos: múltipla escolha, dissertativas e relatos em vídeos, o que permite uma avaliação de fatores de linguagem verbal e não-verbal.

Segundo o especialista, o teste de integridade deve ser aplicado com o objetivo de compreender a potencialidade de resiliência de profissionais quando se depararem com dilemas éticos no exercício de suas atividades profissionais e, com isso, apresentar soluções de desenvolvimento dessa resiliência. "Dessa forma, a ferramenta contribuirá com a mudança na forma de tratativa da dimensão humana do risco organizacional, não mais apenas em um modelo reativo, mas em um modelo de prevenção e promoção, baseado nas potencialidades e recursos que o ser humano tem em si mesmo e no contexto em que se encontra", ressalta.

Share This Post

Post Comment