Por Vinicius Pessin, CEO da logtech Eu Entrego
Quem fez alguma compra on-line nos últimos dois anos certamente já percebeu a diferença na hora de receber seus produtos. Em vez dos Correios ou de transportadoras tradicionais, as compras são entregues por cidadãos comuns, que utilizam seus próprios meios de transporte para isso. O crowdshipping, isto é, modalidade de entrega colaborativa, promoveu uma “pequena” revolução logística no Brasil.
Por meio desse conceito, a proposta de last mile delivery (entrega de última milha) ganhou força e permitiu um avanço considerável na área, aumentando a eficiência ao mesmo tempo que reduz o prazo de entrega. Afinal, ao utilizar as pessoas que já moram nas regiões de entrega, é possível agilizar todo o processo. Mesmo assim, há estratégias para melhorar ainda mais essa iniciativa. Alguns insights surgem e fornecem novas possibilidades de negócio. Confira:
1 – Aumento de conectividade garante escala para entrega de última milha
A expansão da rede logística a partir do aumento dos canais digitais evidenciou uma necessidade do setor: integrar os fornecedores e profissionais que realizam as entregas de última milha. Ter um serviço fragmentado não atenderia o aumento de demanda. Para resolver essa questão, a conectividade é a alternativa, uma vez que estimula a criação de um ecossistema capaz de realizar entregas com qualidade por meio da análise de dados em tempo real.
2 – Valorização dos entregadores locais
Há algum tempo observa-se cada vez mais a utilização das entregas realizadas no mesmo dia (same day delivery) e da logística reversa. Isso se explica justamente pelo aumento dos serviços de delivery no país. Entretanto, para que esses dois procedimentos sejam bem-sucedidos, é preciso contar com o apoio dos entregadores locais. São eles que conhecem os atalhos e estão familiarizados com a região, permitindo realizar o último trecho de forma prática, segura e, principalmente, rápida.
3 – Automação e tempo real no foco estratégico das empresas
Mais presença de soluções tecnológicas nos processos logísticos trouxe novos desafios e novas possibilidades para as empresas da área. Para os próximos meses, o foco dos provedores de logtechs está justamente na automação de processos e na visibilidade de dados em tempo real em suas entregas. O motivo é bem simples: decifrar como é o processo de entrega. A partir daí, é possível garantir uma melhor experiência aos consumidores finais e reforçar a operação para escalar o negócio como um todo.
4 – Equilíbrio entre eficiência e lucratividade
Não é segredo que houve um aumento considerável nos serviços logísticos de última milha. Impulsionados pelo avanço da tecnologia, mais e mais empresas buscam soluções que otimizam a entrega de suas compras. O problema é que esse aumento operacional também elevou os custos envolvidos no gerenciamento desse grande volume de pedidos. Assim, é necessário balancear essa eficiência com a rentabilidade do negócio de forma que não comprometa a sobrevivência da organização.
5 – Melhor experiência vai guiar estratégias de last mile
A preocupação com a experiência dos consumidores também diz respeito às empresas e aos entregadores responsáveis pelo último trecho de entrega. Até porque eles cuidam justamente da parte mais importante, que é levar o produto até às mãos do comprador. Proporcionar uma jornada tranquila, sem ruídos e com qualidade impacta na percepção de valor do cliente. Consequentemente, essa estratégia aumenta a rentabilidade do negócio sem depender de mudanças bruscas na operação.
6 – Gerenciamento de múltiplos entregadores
Se há aumento de compras em canais digitais, há serviços de entrega da última milha – e se há demanda, é preciso ampliar o número de entregadores e de meios de transporte para dar conta. Isso significa que há mais pessoas que realizam entregas e diferentes modais à disposição, como carros, motos e bicicletas elétricas. Assim, um desafio que surge para os provedores de tecnologia é a capacidade de gerenciar esse pelotão de entregadores sem que isso interfira na produtividade e, claro, na rentabilidade do negócio.