Tecnologia propõe a distribuição localizada de acesso à comunicação em áreas remotas

Imagine uma expedição de pesquisa para uma unidade de conservação no Amazonas, distante das cidades e sem comunicação. ufEssa é uma realidade rotineira nas atividades da equipe de trabalho do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O projeto Artes (Aeróstato Remoto de Telecomunicação e Sensoriamento) propõe contribuir com soluções para esse desafio, além de outras possibilidades de aplicação da tecnologia.

O modelo é composto por um balão suspenso com gás hélio, que possui uma base acoplada com equipamentos, como uma antena de recepção de sinal. O balão pode ser instalado em qualquer localidade próxima a uma torre de transmissão de sinal de internet. O equipamento recebe o sinal e redistribui para uma área de aproximadamente 400 metros de diâmetro. Durante os testes, o balão alcançou 150 metros de altura, o que garantiu a redistribuição de sinal para a área abaixo do balão.

No último mês, foram realizados os testes do modelo produzido para o projeto, na sede do Instituto Mamirauá em Tefé (AM), e os resultados demonstraram que a tecnologia é eficaz para a transmissão de sinais de comunicação. O projeto Artes é executado pelo Instituto Mamirauá, Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer e pela empresa ômega Aerossystems. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

"O modelo é um intenso apoio para prover conexão e facilidade de acesso à comunicação, via internet ou telefonia para as unidades itinerantes do Instituto, em locais onde não existe conexão disponível. Então, para todos esses grupos, que vão a esses pontos remotos em comunidades ribeirinhas ou realizando ações dentro da floresta, o modelo pode ser um ponto de apoio", comentou Francisco Freitas Júnior, coordenador de Tecnologia da Informação do Instinto Mamirauá.

"Os testes realizados foram uma experiência única de trabalho em equipe e dedicação. Sucesso nunca é resultado do acaso. Neste caso foi fruto do trabalho bem feito e comprometido  de todos os parceiros presentes, o Instituto Mamirauá, o ICOMP e a empresa Omega Aerosystems", comentou José Reginaldo Hughes, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

As dificuldades do acesso à comunicação na região são comuns em função da falta de energia elétrica para grande parte da população em localidades isoladas da Amazônia. A grande extensão das áreas florestais e a distância entre os municípios são pontos que dificultam a distribuição de energia. Para a funcionamento dos equipamentos do projeto, é necessária a instalação de uma estrutura básica de energia solar fotovoltaica, que garante a alimentação elétrica dos equipamentos.

Francisco Júnior enfatiza que o balão é uma alternativa à instalação de torres de transmissão, que dependem de alto investimento e obras de infraestrutura. " Para instalar uma torre, que ocupa um espaço muito grande, precisa de uma interferência na paisagem, de abrir uma clareira na floresta, um alto esforço de equipe para instalação e alto custo de manutenção. O balão pode receber daquele ponto mais distante e redistribuir o sinal guarda-chuva para prover internet para uma expedição de campo ou para uma pequena comunidade, coletar dados de sensores instalados na floresta, são muitas aplicações", disse. O principal diferencial do equipamento é a mobilidade, já que é possível encher e esvaziar o balão de acordo com a demanda pelo serviço.

Algumas possibilidades de aplicação da tecnologia seriam, como destacou Francisco Júnior, em projetos temporários itinerantes, e também para inclusão digital em comunidades ribeirinhas, para o monitoramento, por exemplo, com a instalação de sensores no chão da floresta, ou envio de informações das armadilhas fotográficas utilizadas em pesquisas científicas.

O teste de conceito do modelo demonstrou o funcionamento do projeto para o fim pretendido. "Precisávamos saber se esse conceito de um balão com uma gôndola, com antenas de internet construídas com uma determinada angulação, jogando sinal a uma determinada distância funcionaria, medir esse nível de sinal. Tudo isso foi validado", contou Francisco Júnior. De acordo com ele, o próximo passo seria a construção de uma versão piloto do modelo para aplicação.

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