Apesar dos problemas com infraestrutura e maiores demandas de trabalho, 70% das pessoas se sentem motivadas a continuar nesse modelo
Há quatro meses, todos precisam se desdobrar para conseguir adaptar as rotinas ao ambiente doméstico. No início de março, ninguém imaginava estudar, passar todo o tempo livre e trabalhar em casa. Nesse meio tempo, sete em cada dez executivos afirmam ter uma visão positiva da experiência, de acordo com pesquisa conduzida pela FIA e FEA/USP sobre o home office forçado pela Covid-19.
O estudo – que mediu a percepção de trabalhadores com cargos de média e alta gestão nos primeiros três meses de home office – foi feito entre os dias 27 de maio e 3 de junho e ouviu 1.566 pessoas.
O levantamento apontou também que a jornada de trabalho costuma ser maior do que as oito horas previstas, e 12% dos participantes relataram expedientes acima de dez horas, repetidos até sete dias por semana. Também há relatos de colaboradores que contam com pouco suporte técnico oferecido pelas corporações. Apenas 13% dos entrevistados afirmam que possuem os equipamentos necessários para desempenhar suas atividades diárias.
Além disso, 47% dos executivos afirmam não ter nenhum tipo de equipamento ergonômico, sejam cadeiras, suportes para computador ou bases para os pés. A infraestrutura disponível é, na maioria das vezes, dos próprios trabalhadores, como o uso de internet (93%) e energia elétrica (97%). Mesmo assim, 70% dos participantes se sentem motivados a continuar trabalhando em casa mesmo quando for seguro ir até o escritório.
"Esse resultado nos surpreendeu positivamente", afirma o professor da FEA/USP e coordenador de cursos de gestão de recursos humanos da FIA, André Fischer. "Observamos que, embora com pouco auxílio das empresas, no sentido de suprir os seus executivos com equipamento, eles estão satisfeitos com o home office e mantêm um alto índice de comprometimento", afirma.
Para o pesquisador responsável pela pesquisa, André Fischer, a onda de satisfação pode ser explicada pelo momento de recessão, demissões e diminuição de jornada. Com isso, os colaboradores que permanecem empregados tendem a demonstrar mais motivação no cargo.
"Não temos isso no levantamento, mas é claro que o momento de grave crise afeta nesse cenário positivo", explica Fischer. "Uma outra explicação para a boa receptividade do home office é o tempo economizado com o deslocamento até o trabalho, que era motivo de queixa dos trabalhadores. A maioria demorava em média 61,5 minutos no trajeto diário de ida e volta ao trabalho", afirma ele.
Home office e produtividade
De início, foi difícil perceber que o trabalho em casa pode ocasionar menos produtividade e mais tarefas ao longo do tempo. Assim, para conseguir, mesmo que minimamente, manter uma rotina organizada, é preciso conseguir separar um ambiente para que seja um escritório, sem que os hábitos caseiros sejam comuns no local. Por isso, não é indicado trabalhar na cama.
Outro ponto importante para manter a saúde em dia no home office é o uso de equipamentos adequados, com boa qualidade de tela, como um computador e notebook Acer. Mouse, fones de ouvido e cadeira de escritório também ajudam na melhora do bem-estar, da produtividade e da participação em reuniões.