Os streamings já somam a segunda maior audiência do mercado de entretenimento brasileiro, com 15% de market share e uma média de sete pontos no Ibope em junho deste ano, atrás somente da Globo. O boom do crescimento veio durante o ápice da pandemia, que fez o consumo global de mídia aumentar 15%, segundo dados da Nielsen. Mas, além do entretenimento, as plataformas streaming passam a ganhar agora um novo papel: educar.
A pesquisa TIC Educação revela que esta já era uma tendência. No ano passado, 77% do total de alunos de escolas urbanas que são usuários de Internet utilizavam a rede para fazer trabalhos em grupo, e 65% para trabalhos escolares à distância. A disseminação destas ferramentas aliadas ao maior tempo que as pessoas passaram a ter em função do isolamento transformaram a tecnologia na solução ideal não só para os cursos regulares, como também para aprender um idioma a partir do zero, ganhar fluência em inglês ou aprofundar os estudos sobre arquitetura, por exemplo.
Essa tendência foi reforçada ainda pelo desenvolvimento de plataformas voltadas ao ensino. É o caso da FluenFlix, startup que oferece mais de 100 horas de conteúdo formado por séries com sequência de temporadas, filmes que vão desde os bons clássicos até sucessos atuais, todos adaptados para favorecer o entendimento de acordo com o nível do expectador. Além disso, a ferramenta oferece aulas com professores experts no assunto e quizzes, no final de cada programação para avaliar o conhecimento adquirido.
A plataforma possibilita o aprendizado autodidata, com apoio de professores e materiais didáticos e interativos. Criada por meio de uma parceria entre o brasileiro Talis Zanzi e o americano Kevin Porter, que aprendeu a falar português assistindo novelas e se tornou um dos professores de inglês para brasileiros de maior sucesso no Youtube, com 450 mil inscritos, a plataforma FluenFlix funciona no modelo de recorrência. Os primeiros sete dias são gratuitos em todos os planos e os pacotes têm preços a partir de R$ 29,90 (modalidade Prata). As outras opções são as modalidades Ouro (R$39,90) e Diamante (R$49,90), sendo que o aluno pode manter a assinatura pelo tempo que quiser.
"O diferencial da Fluenflix está no entretenimento, na experiência e na imersão em conteúdos nativos. Ela faz com que o aluno aprenda através da diversão, em vez de forçá-lo a fazer mais estudos maçantes e pouco interessantes", diz Porter.
A expectativa da FluenFlix é de alcançar 50 mil assinantes até o final do primeiro ano de operação. A plataforma planeja ainda lançar o curso de espanhol para brasileiros no mesmo conceito e na sequência levar o projeto para outros países.
Kevin Porter ressalta que o sucesso da operação tem inspiração em sua própria trajetória no aprendizado de línguas. Ele conta que havia feito vários cursos por anos sem obter resultados satisfatórios até que decidiu fazer um "jejum" de televisão em inglês para aprender português. "Fiquei assistindo novelas brasileiras (pois não tinha Netflix na época) todos os dias enquanto estudava dicas e vocabulário. Isso me permitiu aprender em quatro meses", diz lembrando que depois desse processo também aprendeu espanhol e dinamarquês em um espaço muito curto de tempo.
Oportunidade semelhante é oferecida pela construtech Archademy, maior aceleradora de escritórios de arquitetura e design do país, que lançou o um streaming de assinatura, mensal ou anual, que fornece aos profissionais do mercado conteúdos desenvolvidos por especialistas e profissionais inspiradores do segmento. Com menos de R$ 2 por dia, os profissionais podem acessar conteúdos novos toda semana, como entrevistas com arquitetos e designers inspiradores, estudos de caso, aulas de gestão e inovação.
"Queremos trazer tudo o que o empreendedor precisa aprender para ter sucesso em seu escritório, trabalhando como autônomo, mas que não é ensinado nas faculdades. A ideia é oferecer um canal com conteúdos mais densos de negócios, mas também inspiradores e motivacionais, que sirvam de referência para o crescimento e desenvolvimento dos profissionais de arquitetura e design de interiores de todo o país", afirma João Leão, diretor de aceleração da Archademy