Por Walter W. Koch
Tentando chegar a uma organização à qual presto serviços, sou surpreendido com uma manifestação de taxistas contra o Uber. Interditaram a rua. Porém, de moto sempre tem um jeito. Na empresa, diversos trabalhadores ainda não haviam chegado pois os taxistas decretaram que não haveria táxi até ao meio dia.
Engraçada uma movimentação destas – quando surgiram os aplicativos para se chamar táxi, não houve movimentação semelhante. Mas, para minha frustração, o ponto de táxi em frente ao escritório agora está às moscas. E precisamos lembrar que os motoristas de táxi tem isenção de impostos. Os reles mortais que tentam prestar serviços via Uber não.
Estarei viajando nos próximos dias e fiz a seleção de hotel e reserva diretamente através de um website e não vi nenhum piquete de agencias de turismo em frente ao escritório. Há tempo leio jornais e revistas de forma digital e não tive nenhuma rusga com o simpático dono da banca na esquina (o Sr. Pelanca, em homenagem às moças cheias de Photoshop nas capas de revistas).
Os próprios motoristas de taxi aderiram ao Waze para escapar do tráfego e outros inconvenientes do transito, mas não vi nenhum guarda de transito protestando. Tenho certeza que se fizer uma consulta médica via telemedicina com um generalista na Índia não haverá nenhum médico cubano me ameaçando. Quando o Netflix quebrou a Blockbuster não me lembro de manifestações. Ao doar a minha enciclopédia Barsa que meus pais haviam adquirido para servir de referencia na minha infância, já que as minhas filhas só querem saber de pesquisar no Google Acadêmico, somente senti uma pontinha de saudosismo.
O nosso mundo nunca mais será o mesmo e o processo de transformação digital está só iniciando. Agendar refeições, usar o carro ou obter uma cama na casa de terceiros em vez de ir ao restaurante, locadora ou hotel fazem parte de uma sociedade cada vez mais integrada, colaborativa e com um sentimento de sustentabilidade maior.
Obviamente as organizações precisam entender esta movimentação e estar aptas a se posicionarem. Os que não o fizerem farão parte da vala do Blockbuster e Barsa, pois segundo o relatório intitulado Digital Vortex: How Digital Disruption is Redefining Industries, apresentado pelo DBT Center (Global Center for Digital Business Transformation) em uma iniciativa conjunta da Cisco e do International Institute of Management Development (IMD) de Lausanne - Suíça, cerca de 40% das atuais empresas em cada um dos 12 setores analisados irão desaparecer nos próximos 5 anos.
Os gestores das organizações precisam ter um comportamento mais arrojado do que o dos motoristas de taxi e procurar entender como o seu negócio pode e deve ser transformado para continuar surfando no mercado.
Algumas lições de casa básicas devem ser feitas imediatamente. Inicialmente a capacitação da força de trabalho para que esta entenda que a informação tem valor efetivo de patrimônio para as organizações e que deve ser tratada como tanto. Profissionais que efetivamente saibam tirar proveito do lixão digital e que tenham uma visão que permita um realinhamento do negócio. A estruturação do conteúdo corporativo de forma holística, eliminando-se feudos da informação e conteúdos ROT (“Redundant, Obsolete and Trivial” ou ainda a tradução conteúdo rot = putrefato). E, a revisão dos processos de negócio à luz das novas funcionalidades trazidas pelo MACC – Mobile, Analytics, Cloud and Collaboration.
Ou você acha que ficar fazendo piquete por aí vai evitar que o trem da evolução passe por sua área?