A tecnologia no Mundo pós Coronavírus

A tecnologia no Mundo pós Coronavírus

Muitas dúvidas, poucas certezas e como em todas as crises, oportunidades surgem. “Impossível passar ileso por essa pandemia, mesmos para nós que já nascemos digitais, sentimos de várias formas”, afirma Claudio Teixeira, Founder Partner da BBA Technologies. “É cômico imaginar que foi necessária uma pandemia para acelerar a transformação digital das empresas. Tenha a certeza de que não tem mais volta!”, completa.

É inegável que algumas rotinas serão alteradas e vamos perceber que não precisávamos fazer certas coisas como nós fazíamos. ”Isso nos permitirá reestruturar as nossas prioridades. Se funcionar o online, porque vou querer ter o gasto com o presencial?” afirma Fabio de Oliveira, Gerente de Produto e Especialista no mercado Chinês.

Provavelmente algumas dessas mudanças sejam permanentes, mas quais serão os impactos nas relações de trabalho, reuniões, escolas e o entretenimento e quais alterações ficarão no nosso cotidiano após o seu fim?

Mais interfaces e interações sem contato

O vírus fez com que as pessoas adaptassem, isoladamente em casa, boa parte de suas rotinas sociais, enquanto que empresas e escolas adotaram processos e tecnologias para manter seus compromissos e negócios normalmente.

Equipes se conectaram às telas mútuas, enquanto que  mesas de refeições foram transformadas em estações móveis. A aplicação de opções remotas de trabalho aos funcionários ajudará às empresas a economizar custos no deslocamento e na infraestrutura.

“O trabalho no pós-pandemia agregará muito desse modelo que está sendo  adotado em caráter de emergência, e que se revelou uma nova forma de se trabalhar com resultados positivos”, lembra o Superintendente de Recursos Humanos do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, Vinicius Francisco dos Santos.

O profissional destaca que dentre esses ajustes estão a avaliação do trabalho realizado nesse período, além da possível adoção de um modelo misto - parte home-office, parte presencial - . “Há atividades que necessitam ainda do contato "olho no olho" e o modelo presencial revela-se mais aderente”, completa Vinicius.

A transição da educação para o digital sempre foi um grande desafio, mesmo escolas e universidades aperfeiçoando a  maneira de oferecer conteúdo de forma remota há anos. “Com a pandemia, tivemos a prova de que já podemos realizar a maioria das atividades e ter acesso ao aprendizado contínuo de qualquer lugar, a qualquer hora, com todas as conexões possíveis, mesmo com a desigualdade existente no Brasil” lembra Vinicius.

 

Entretenimento: streaming e lives ganham mais espaço

Congressos, conferências, eventos, produção visual e até a Olimpíada foram adiados. Forçaram entidades a pensarem fora da caixa e fornecer alternativas convincentes e com interesse na segurança pública.

Mesmo antes do impacto, o mercado de streaming de vídeos já era realidade. “Disney, Amazon, Netflix, Apple e Globo investem em conteúdo cada vez mais. Além da melhoria na variedade de opções e qualidade, o aumento do consumo pode gerar um modelo gratuito com publicidade, como é a televisão hoje em dia”, analisa Fábio.

As lives se apresentaram como tendência concreta, atraindo grandes anunciantes, aumentando a possibilidades para músicos e artistas sem a necessidade de uma complexa estrutura de shows. Elas chamaram atenção e conquistaram o público e também abrem o caminho para o crescimento de outras tecnologias, algumas até um pouco esquecidas, como os óculos de VR.

“Eu acredito muito em realidade aumentada, é uma tecnologia que está caminhando rápido, tem muitas aplicações, porém ainda requer muito hardware e banda, vai ter ainda o seu momento”, lembra Claudio.

 

Reinvenção digital de serviços e internet mais rápida

Google, Microsoft e outras empresas de tecnologia estão implementando ferramentas ou mesmo estendendo limites de seus planos, como o Zoom, que foi utilizado por milhares de hospitais para consultas online.

A tecnologia já se reinventou uma série vezes, fez convergência com outras indústrias para criação de novos conceitos, como o delivery. O modelo, que surgiu como opção de comodidade e praticidade, já tinha uma demanda crescente e agora, comprar com poucos cliques, reforçou ainda mais o significado de segurança para o consumidor.

“Quem não havia experimentado a compra em supermercados por internet, com a pandemia, passou a realizar e gostou. Abriu uma oportunidade para que novos negócios migrem para o modelo de delivery, agregando mais custo x benefício para quem vende e para o consumidor final”, acrescenta Vinicius.

É importante lembrar que praticamente tudo o que foi mencionado até aqui depende de uma internet acessível, de alta velocidade, estável e que chegue a todos os cantos do país. Embora o 5G só chegue ao Brasil no fim de 2021, a sua adoção continuará sendo um desafio, o que poderá aumentar o custo de dispositivos e o plano de dados.

“Precisamos do investimento em infraestrutura! Mais acesso e tráfego exigem expansão da malha que temos hoje, aumentar a velocidade e o consumo de dados”, completa Fábio.

Essa dificuldade ao acesso marca e divide a educação e a sociedade brasileira. “Hoje, com o momento de pandemia que estamos vivendo, a desigualdade ficou ainda mais latente”, afirma Nathalia Pontes, Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da PlayKids.

Uma recente pesquisa da TIC Kids Online Brasil apontou que 1,4 milhão de crianças e adolescentes nunca acessaram à Internet. Ou seja, enquanto alguns alunos conseguem ter os recursos necessários para continuar seus estudos, como um computador, internet e muitas vezes um espaço adequado em casa, outros vivem uma realidade completamente distinta.

“Os problemas em torno da educação já deveriam ter sido olhados anteriormente. Mas talvez essa primeira vivência de pandemia ressalte o quanto o país se encontra frágil para um combate tão grande, e seja o estopim para que as escolas sejam olhadas de outra forma”, completa Nathália.

É bom lembrarmos que qualquer análise pode ser significativamente diferente, dependendo da extensão da crise. Mas com o impacto geral, em todos os segmentos, indústrias e países,  o consenso é de que nada será como antes. O momento é de visualizar, planejar e agir para atender a cada nicho distinto e a tecnologia desempenhará inegavelmente um papel fundamental em todos os cenários.

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