Blockchain: um universo muito além do BitCoin

*Por Antônio Carlos Guimarães

 

Se antes era senso comum confiar a propriedade material, intelectual e digital a entidades confiáveis que validavam uma informação, o surgimento de tecnologias disruptivas têm quebrado paradigmas como esse e criado novas formas de conduzir processos. Nesse sentido, surge o blockchain, que consiste em um sistema capaz de armazenar diferentes títulos de propriedade – que podem ser físicos, digitais ou intelectuais –. A novidade é a bola da vez em termos de inovação, fazendo com que empresas dos mais diversos segmentos – de finanças a governo – estejam voltando suas atenções aos riscos e benefícios que a inovação pode gerar para seus mercados.blockchain

 

Inicialmente criado para viabilizar o BitCoin, o blockchain – que tem a Internet como pré-requisito para seu funcionamento, o que significa a possibilidade de criação de uma rede global de transações em tempo real e completamente mobile – passou a ser reconhecido pelo mercado como uma nova ferramenta capaz de mudar a forma como diversos processos são realizados atualmente. Extremamente segura, sem possibilidade de fraude ou vazamento das informações contidas naquele bloco, a tecnologia é construída a partir de uma matemática complexa baseada em criptografia avançada que torna não compensatória a tentativa de quebrá-la.

 

Isto posto, diferentes mercados podem se beneficiar do sistema, como o setor financeiro, no qual emissores de cartão podem isentar a existência de um cartão físico e substituí-lo por um que fique armazenado no smartphone aliado à autenticação por meio de biometria das veias da palma da mão – realidade já existente em caixas automáticos –. Outro exemplo, de acordo com o IDC, é a resistência que a tecnologia pode apresentar contra pirataria, uma vez que pode registrar qualquer download ou cópia de arquivos, além de garantir avanços significativos em votações digitais, favorecendo a transparência e integridade de processos eleitorais.

 

É evidente que, como qualquer tecnologia nova, o blockchain apresenta ainda muitas incógnitas relacionadas à escalabilidade, rapidez e segurança. Questões como padronização, performance e integração com o legado existente ainda estão sendo trabalhadas, mas iniciativas como o Hyperledger – projeto global com a participação de grandes empresas de tecnologia – irão ajudar a esclarecer esses pontos e acelerar de maneira segura a adoção do blockchain pelo mercado –. Ainda, à medida em que empresas desenvolvedoras realizem novas descobertas a respeito do sistema e o mercado passe a incorporá-lo em suas operações diárias, a tecnologia tende a evoluir e ser capaz de realizar qualquer tipo de transação, como uma compra e venda de um carro, dentre outras possibilidades.

 

O futuro guarda inúmeras possibilidades no que diz respeito a mais essa evolução tecnológica e que, certamente, mudará a relação das pessoas e empresas com o trâmite de dados e de informações. O que posso afirmar é que o blockchain é apenas o começo de uma série de surpresas que teremos ao longo do caminho em direção à transformação digital. Ainda ouso apostar que as empresas que se anteciparem e incluírem a tecnologia em suas estratégias de negócio, além de iniciarem testes que permitam avaliar como o sistema pode ser implantado para atender às demandas do mercado em que atuam, sairão na frente em um futuro muito próximo.

 

*Antônio Carlos Guimarães é Evangelista de Cloud da Fujitsu do Brasil

Share This Post

Post Comment