A crise econômica originada com a pandemia do novo coronavírus impulsionou uma revolução involuntária nas empresas. Em período de reclusão social e instabilidade, grandes organizações perceberam a necessidade de alterar seus modelos de negócios para atravessar a crise e atender às novas demandas do mercado. É o que explica Valentim Biazotti, fundador da aceleradora de inovação corporativa Worth a Million (www.wam106.com), que atende multinacionais como Mastercard, Leroy Merlin e Mapfre.
“Quando surgiu a crise, algumas empresas consideraram reduzir ou suspender projetos de inovação, o que reflete o pensamento de que inovar é algo opcional ou facultativo, quando na verdade é essencial para se manter no mercado. Após o susto inicial, os projetos foram retomados e expandidos, considerando a necessidade de se adaptar à nova realidade, já que uma das áreas com maior capacidade para responder em um momento de crise é a de inovação”, pontua.
Expressões como inovação e transformação digital ganharam espaço no mercado, mas de forma banalizada, algo que atrapalha o desenvolvimento de muitas empresas, segundo o especialista. “A verdade é que processos de inovação somente existem se houver a transformação de pessoas. Se essas não estão abertas a trabalhar de forma diferente, não é mudando o processo que se fará que aquilo funcione. O processo é, simplesmente, a forma de organização do fator humano”, destaca Valentim.
Para Valentim, trabalhar a cultura de inovação é remodelar o modo de pensar de uma organização, por isso envolve toda a cadeia administrativa. “Cultura de inovação é tudo relacionado a preparar pessoas e processos para que a inovação floresça naquele ambiente. Então, estamos falando de capacitação técnica, discussões, alinhamentos com áreas de Recursos Humanos e lideranças, workshops temáticos, endomarketing e planos de comunicação interna, entre outras ações, que variam conforme a empresa”.
Desenvolvimento socioambiental
De acordo com o fundador da Worth a Million, pensar em inovação é encontrar problemas e soluções que não envolvam apenas as condições internas de uma empresa, mas todo o seu entorno. “Precisamos romper a visão de que inovação é apenas um núcleo de ideias bonitas, um diferencial atrativo. A inovação deve se manter no DNA de toda empresa. Nesse sentido, ela orienta o desenvolvimento de negócios e também o desenvolvimento socioambiental. É preciso pensar nas condições de trabalho dos colaboradores, nas dinâmicas de desenvolvimento de projetos e em como a empresa impacta o meio ambiente e a comunidade à sua volta”.
Valentim também destaca que o processo de inovação não é rápido, já que envolve a mudança de pensamento de toda uma companhia. “A Worth a Million atua por muitos anos com grandes empresas como Mastercard (quatro anos), Leroy Merlin (três anos) e C6 Bank (dois anos), por exemplo. E a cada três ou quatro meses apresentamos os avanços, para que todos compreendam as mudanças e o impacto da inovação”.