Gestão de Risco e Compliance ganha força

As questões regulatórias e a suspeita ou ocorrência de fraudes externas estiveram entre os riscos mais frequentes com os quais as empresas tiveram de lidar nos últimos 12 meses. Esse é um dos principais achados de um levantamento inédito realizado entre agosto e setembro deste ano pela Thomson Reuters, provedor líder mundial de soluções e informações inteligentes para empresas e profissionais, ouvindo um grupo bastante seleto de especialistas e influenciadores do mercado de Compliance e Risco no Brasil.compliance

Os resultados preliminares dessa sondagem de opinião, que acabam de ser apresentados no 2nd Thomson Reuters Regulatory Summit in Brazil, mostraram também que mensurar e gerir os riscos de conduta, e proteger os negócios e a reputação da empresa são desafios importantes nos dias de hoje e devem ser listados entre os principais objetivos da gestão de Governança Corporativa.

Para 58% dos entrevistados, “a agilidade e qualidade dos procedimentos no processo de identificação de riscos” é o fator mais representativo de gestão de risco com os quais uma empresa precisa lidar atualmente. Em seguida, aparece “a utilização de ferramentas adequadas para prevenção, identificação e gerenciamento de riscos”, citada por 50% dos respondentes. Em relação aos procedimentos adotados na empresa para avaliação dos riscos corporativos, 67% destacou a “utilização de indicadores próprios de riscos”.

Quando questionados sobre o maior desafio das empresas no que diz respeito à Governança Corporativa, 33% afirmaram ser “a participação do Conselho Administrativo na definição de diretrizes de controles internos e de riscos” e, para outros 25%, o maior desafio é a “transparência na comunicação entre executivos e o Conselho Administrativo”.

Sobre as características que consideram essenciais para um sistema de gerenciamento eficiente, os entrevistados, em respostas que permitiam múltipla escolha, afirmaram que a plataforma ideal deve possuir um workflow robusto (58%); deve dispor de ferramenta para avaliação dos controles internos e de compliance (75%); deve incluir ferramenta para avaliação de riscos (50%); deve oferecer funcionalidade de registro e gestão de auditoria (50%); deve ser capaz de conectar-se com os sistemas-chave de informação da empresa (67%); e deve consolidar relatórios de gestão (58%).

 

Vale destacar que a sondagem trouxe um alerta importante já que 1/3 dos respondentes disseram que ainda não possuem um sistema específico para gerenciamento de riscos e/ou gestão de Governança Corporativa, embora pretendam implantá-lo.

Visão global

Os resultados de duas outras pesquisas mundiais realizadas pela Thomson Reuters, por meio de sua divisão de negócios de Risco, também foram apresentados e discutidos durante o Thomson Reuters Regulatory Summit 2014 realizado na semana passada em São Paulo.

 

De acordo com o estudo Conduct Risk 2013, que entrevistou mais de 200 profissionais de Compliance e Risco de empresas de serviços financeiros (incluindo bancos, seguradoras e gestores de fundos) de todo o mundo, o conceito de Risco de Conduta vem ganhando força globalmente mas ainda há muito a ser feito. No que diz respeito aos fatores que compõem um comportamento de risco, os respondentes citaram Cultura (76%), Governança Corporativa (74%), e Conflitos de Interesse e Reputação (ambos com 68%).

 

Entre os principais achados, destaque para:

 

  • Quase 2/3 dos entrevistados já implementaram medidas para lidar com condutas de risco, mas afirmaram que ainda precisam de trabalho e recursos adicionais para incorporá-las totalmente;
  • 28% dos respondentes afirmaram que o  trabalho sobre Conduta de Risco está sob responsabilidade direta do Board de Diretores; 16% disseram que a política é gerenciada por todos; para 33,3%, o tema é responsabilidade dos gestores de Risco e Compliance; e 9% informaram não ter nenhuma política de Conduta de Risco;
  • Pouco mais da metade das empresas atribuem a responsabilidade pela Conduta Risco a um gestor de nível sênior;
  • Sobre treinamento em Conduta de Risco, 38% dos respondentes disseram treinar todo seu staff; 18% disponibilizam para o nivel gerencial e acima; e outros 38% não dispõem de nenhum tipo treinamento nessa área;
  • Perguntados sobre a frequência com que reveêm os tópicos relacionados à Conduta de Risco, 22% repetem o processo mensalmente e 26% em base trimestral; 14% dos respondente optam por revisões uma vez ao ano e outros 26% fazem revisões desses tópicos de forma ocasional; 6% disseram nunca fazer esse tipo de revisão.

 

O estudo concluiu que Risco de Conduta é o próximo passo na evolução regulatória, e que, dada a falta de regras precisas e detalhadas e as exigências prescritivas dos reguladores, esse é um tema que pode até ser considerado como Revolução no segmento. Para os especialistas, ficou claro que há uma série de next steps que as empresas devem considerar e que “Não fazer nada” não pode ser considerada uma opção!

 

Compliance em custos

O outro estudo internacional apresentado no Regulatory Summit – Cost Of Compliance 2014 – tomou por base respostas de mais de 600 profissionais, incluindo Heads de Risco e Compliance, de bancos, brokers, seguradoras e Asset managers de 71 países, cobrindo Africa, Americas, Asia, Australia, Europa e Oriente Médio.de todo o mundo. Os resultados mostraram que as expectativas regulatórias ao redor do mundo estão mudando e “fazer o mínimo” não é mais um status satisfatório, já que mais de 1/3 das empresas informou gastar globalmente, pelo menos, um dia inteiro de trabalho a cada semana para acompanhar e analisar alterações regulatórias.

 

O número de equipes de compliance que gasta mais do que 10 horas por semana em monitoramento e análise de aspectos regulatórios praticamente dobrounos EUA (de 13% em 2013 para 25% em 2014) e no Oriente Médio (de 8% em 2013 para 18% em 2014). Já nos Conselhos de Diretoria, houve um aumento significativo no tempo gasto para consultar outras áreas (Legal: de 8% em 2013 para 16% em 2014; Auditoria Interna: de 4% em 2013, para 11% em 2014; Risco: de 2% em 2013 para 15% em 2014).

 

OThomson Reuters Regulatory Summit 2014 promoveu debates e diagnósticos aprofundados sobre a estruturação do processo de governança nos órgãos públicos e privados, as dificuldades da governança corporativa, a eficácia do modelo de regulação no País, combate à corrupção silenciosa, além dos principais desafios vividos pelo Brasil e pelos demais países no que se diz respeito à governança na justiça, os desafios da governança corporativa sob a ótica do marco regulatório e os custos envolvidos para as exigências do FATCA. O evento reuniu em São Paulo cerca 170 dos mais influentes reguladores, especialistas em ética e compliance, assessores jurídicos, membros de instituições financeiras e representantes de organismos governamentais, além de decisores de empresas que operam na região.

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