por Carlos Mattos*
Com o objetivo de reduzir os custos anuais e melhorar a qualidade do desenvolvimento e de processos, as instituições financeiras no mundo inteiro estão transferindo principais procedimentos para o modelo de outsourcing e offshore. Isto permite que os gestores mantenham o foco no core business e nas estratégias de mercado.
Atualmente, diversas empresas enfrentam desafios de compliance. O escopo varia de acordo com a indústria, entretanto, as organizações das áreas de saúde e serviços financeiros são as mais afetadas pelas regulamentações governamentais.
A decisão para adotar o modelo de outsourcing é motivada por fatores como a escassez de profissionais especializados. Além disso, recrutar e treinar profissionais qualificados tornou-se extremamente difícil. O número de especialistas em compliance é pequeno quando comparado com a crescente demanda vinda das empresas submetidas às normas de regulamentação. As empresas estão cada vez mais preocupadas com os riscos relacionados à complexidade, à constante mudança das regras de compliance e os níveis de investimentos necessários para recrutar, treinar e manter os profissionais com o conhecimento e experiência necessários.
A contínua evolução das normas de regulamentação torna os investimentos nos processos de conformidade reativos. Como resultado, as organizações enfrentam altos custos e baixa qualidade no desenvolvimento de soluções de compliance e as empresas do setor financeiro precisam investir continuamente em novas tecnologias e infraestrutura para atender a essas necessidades. Este cenário é agravado com as constantes mudanças nas normas existentes e o surgimento de novas normas de regulamentação. Empresas com atuação global enfrentam a necessidade de investimentos ainda maiores para atender essas exigências, que incidem sobre suas operações globais.
A crescente necessidade de recursos (profissionais, processos e tecnologia), em razão das normativas de regulamentação, afetam diretamente os custos de operação. A expressão “Compliance Outsourcing” significa terceirizar os processos relacionados às normas e regulamentações legais para um provedor de serviços localizado domesticamente ou em outro país, modelo denominado “offshore”. Empresas não familiarizadas com estes modelos podem vê-los como inviáveis ou, até mesmo, impossíveis. A razão mais comum para isto está associada aos desafios de compliance.
Segurança dos dados, complexidade das regulamentações, confiabilidade dos relatórios, responsividade e infraestrutura são os fatores mais comuns apontados pelas organizações como temas que tornam o outsourcing ou offshore impraticáveis. Contudo, os mesmos itens argumentam a favor da terceirização. Na verdade, empresas especializadas contam com profissionais qualificados que podem enfrentar esses desafios de forma mais efetiva reduzindo os custos operacionais. Com os processos de compliance atendidos de forma efetiva e econômica, conquistado o maior benefício agregado pelo outsourcing.
O fornecedor de serviços ideal deve contemplar os seguintes benefícios: ganhos com eficiência e qualidade com a utilização de processos estruturados, acesso aos profissionais especializados e experientes, execução transparente das rotinas end-to-end, desde a interpretação das normas de regulamentação até às ações corretivas para atendê-las flexibilidade para ampliar ou reduzir o time de profissionais qualificados de acordo com as necessidades do projeto, uso de ferramentas de análise de dados que oferecem tendências e insights, redução de carga na infraestrutura interna e recursos humanos e efetiva redução de custos operacionais, entre outros.
A estratégia de outsourcing seletivo, escolhendo quais processos de compliance conduzir internamente e quais terceirizar, pode ajudar as empresas a otimizar sua alocação de recursos. Isso reflete o objetivo principal do outsourcing – alocar processos de compliance com um terceiro que os execute com alto nível de qualidade, responsividade e custo efetivo, permitindo que os profissionais internos concentrem seus esforços no core business.
O Compliance Outsourcing é um tipo de terceirização de conhecimentos especializados, conhecido como Knowledge Process Outsourcing (KPO), que no passado era visto como parte dos modelos de Information Technology Outsourcing (ITO) e Business Process Outsourcing (BPO). As atividades relacionadas ao modelo KPO tendem a ser mais complexas, uma vez que exigem conhecimento especializado sobre os processos da indústria em que está atuando, como normas, regulamentações, frameworks e experiência anterior neste modelo.
Cada empresa deve elaborar e considerar seu próprio business case para terceirização dos seus processos de compliance comparados com o desenvolvimento e suporte in-house, que pode exigir investimentos constantes em recursos profissionais e infraestrutura. Os provedores de serviço preparados para atender os desafios de compliance, podem oferecer vantagens significativas sobre o modelo in-house, principalmente porque estes provedores têm que manter-se atualizados para continuar atuando no mercado.
Para cada indústria, quanto mais sujeita às regulamentações legais e quanto mais dinâmica a frequência de alterações no horizonte de normativas, maior deve ser a motivação para terceirização deste processo. A indústria de serviços financeiros lidera o mercado quando tratamos de outsourcing de infraestrutura e desenvolvimento de soluções voltadas ao compliance.
Carlos Mattos é Development Manager of Microsoft Technologies do Grupo GFT, companhia alemã especializada em fornecer soluções de Tecnologia da Informação para o setor financeiro