Narizes compridos e caminhos de dados mais compridos ainda

Por Leon Adato

Discordâncias saudáveis não me incomodam. Na verdade, até que gosto delas às vezes. Um bom debate acalorado e baseado em fatos não é apenas revigorante, mas também ajuda a criar sistemas e resultados melhores para a empresa.pinoquio

 

Mas eu não suporto mentiras.

 

Não sou ingênuo. Sei que inverdades acontecem em todas as idades e em todas as empresas. Mas o fato de acontecerem não as torna aceitáveis, pelo menos no meu entender.

 

Às vezes, as mentiras podem parecer bonitinhas. Como quando você pergunta, “Você comeu o bolo de chocolate?” a uma criança que olha para você com grandes olhos inocentes e um cavanhaque de chocolate.

 

Mas, na maior parte das vezes, elas doem. Talvez machuquem menos quando o mentiroso é pequeno e mais quando já é grande. Mas a dor, a frustração e a perda de confiança ainda existem.

 

Enquanto veterano com 30 anos de TI e engenheiro de rede de longa data, acredito que não há lugar onde isso seja mais verdadeiro do que com um ISP. Conheço pouquíssimos profissionais de TI que confiam em seus provedores de WAN, um sentimento que se deve, em grande medida, ao seu histórico de mentiras. Não estou falando de erros ou falhas de comunicação, e sim de mentiras grosseiras, na cara dura.

 

Como quando eu estava em uma ligação de suporte e o ISP me disse, “Percorri o circuito, e está tudo certo por aqui.”

 

“Ah, é?”, perguntei, com o conector T1 desconectado na mão.

 

Quando mencionei isso, houve uma pausa e então, “Ah, acho que eu estava verificando um circuito diferente. Um momento…”

 

Ou quando, depois de várias chamadas sobre a lentidão persistente do sistema, um técnico do ISP insistiu que o problema de configuração era do nosso lado. Isso até eu mandar para ele um simples resultado de ping que mostrava que, literalmente, pacotes alternados estavam sendo abandonados. Foi só então que o técnico descobriu que a configuração de largura de banda no equipamento deles estava definida para metade da velocidade real do circuito que havíamos solicitado.

 

Estes são apenas dois exemplos, mas qualquer um que trabalha com redes há pelo menos algumas semanas já deve ter passado por algo semelhante.

 

Por que isso importa tanto para mim e por que estou mencionando isso agora? Porque, queiramos ou não, a TI híbrida está a caminho.

 

A quem estou tentando enganar? O mais provável é que ela tenha chegado ao seu data center. Na verdade, em um estudo recente, a SolarWinds descobriu que 34% das empresas entrevistadas já tinham 10% a 24% de sua infraestrutura na nuvem, e outros 25% dessas empresas já tinham migrado mais de 25%. Quando indagados sobre o futuro, 3% disseram que toda a sua infraestrutura passaria para a nuvem nos próximos 3-5 anos, enquanto outros 32% previram 10% a 49% e outros 40% ainda disseram que 50% a 99% estariam na nuvem nesse mesmo intervalo.

 

Assim, se sua empresa já está na nuvem em algum grau, o que provavelmente é o caso, e se essa tendência parece continuar, como você, profissional de TI, valida se as coisas estão funcionando como devem?

 

Antes de responder, eu gostaria de explicar melhor o desafio.

 

Passar parte de um ambiente para fora do local (ou seja, para a nuvem) tem o potencial de afetar a disponibilidade, o desempenho e a segurança desses elementos. O desafio específico é que, com a migração para fora do data center corporativo, o desempenho e a disponibilidade ficarão vinculados a uma área que anteriormente pertencia ao campo de ação exclusivo de seu ISP. Os provedores de serviços raramente fornecem insights sobre qual de seus dispositivos está criando latência adicional, ou quais rotas estão disponíveis do ponto A para o ponto B. Assim, se sua empresa enfrentar dificuldades ao conectar-se com um serviço, seja o simples armazenamento fora do local ou aplicativos contidos não tão simples de alta disponibilidade e de missão crítica, como saber se se trata de um problema em seu ambiente ou do lado do provedor de nuvem, ou ainda da conectividade entre eles?

 

Agora, a única maneira de ser verdadeiramente bem-sucedido enquanto profissional de TI é quando você conta com três coisas: responsabilidade, responsabilização e autoridade. Quando há falta de autoridade (o que é bastante frequente), o desastre é iminente porque você não é capaz de corrigir ou mesmo afetar os sistemas pelos quais é responsável.

 

E essa é exatamente a posição em que a TI híbrida nos coloca. Somos responsáveis e responsabilizados pelo desempenho e pela disponibilidade dos aplicativos e serviços em execução tanto localmente quanto fora do local, mas não temos autoridade para corrigir problemas caso ocorram na nuvem da rede.

 

A única maneira de atenuar a questão é com o quarto aspecto do sucesso da TI: visibilidade.

 

Você precisa de visibilidade de todo o seu ambiente – no local, na nuvem e entre os dois. Tal visibilidade deve mostrar uma variedade de tipos de dispositivos – desde roteadores, balanceadores de carga, controladores sem fio e firewalls até armazenamento (seja com eixo ou de estado sólido), servidores (tanto virtuais quanto físicos) e aplicativos de todos os tipos. E ainda precisa se aplicar a uma variedade de fornecedores. E, visto que seu ambiente de TI fica maior e mais complexo à medida que se estende para a nuvem, ele tem que se ampliar em termos de dispositivos e expandir-se em termos de variedade.

 

Quando você tem tal visibilidade, quando tem a capacidade de afastar o véu de ambiguidade que é “a nuvem” e ver como seus dados estão se movendo a cada salto, chega ao monitoramento de rede de próxima geração. Você atingiu o próximo patamar da Verdade.

 

Logo depois que meus filhos aprenderam a falar (e, por tabela, a mentir) aprendi que a melhor maneira de evitar que nos contem mentiras é não dar a chance de nos enganarem logo de cara. Em vez de perguntar, “Você comeu o bolo?”, afirme simplesmente, “Estou vendo que você comeu bolo, hein?” e comece a conversa por aí.

 

Com uma ferramenta que pode investigar a nuvem, bem como o seu ambiente local, a ligação para a operadora pode começar com, “Estou vendo que o 207.88.15.77.ptr.us.xo.net vem adicionando cinco segundos de latência nos últimos 20 minutos. O que podemos fazer a respeito?” Dessa forma, você não precisa suportar a frustração de ouvi-los dizer mais uma vez, “Hum… não estou vendo problemas na rede.”

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