É possível começar a digitalizar com pequenos investimentos, diz presidente de Process Industries da ABB

Mesmo diante de uma recuperação lenta, ainda afetada pelas consequências da pandemia, a demanda por tecnologias para automatizar e digitalizar operações da indústria continua crescendo no mundo. Uma das causas talvez seja justamente a necessidade de se produzir mais e melhor, com ganho de tempo e com o menor impacto ambiental possível. E a digitalização parece ser uma resposta à altura deste desafio. Em visita ao Brasil, o presidente da divisão de Process Industries da ABB, Joachim Braun, reforça que o país, por ter posição estratégica em vários mercados globais, necessita arriscar mais e acelerar essa revolução digital que já está um pouco mais desenvolvida em outros países.

Braun vai na contramão da ideia predominante de que, para digitalizar, é necessário investir quantias extraordinárias para obter os primeiros resultados no médio ou longo prazo. “É algo como um passo de cada vez: 5% [de investimento] aqui, outros 7% ali, mais 3% em outro momento. Se você somar tudo isso realmente pode trazer contribuições significativas. É isso que a digitalização oferece. Estamos falando de soluções que requerem montantes razoavelmente menores de investimentos que trazem retornos em menos de um ano, em até seis meses”, explica o executivo da ABB.

Ele reconhece que há motivos para a indústria ser conservadora, uma vez que estão em jogo processos que envolvem altos riscos de diferentes naturezas. Mas a solução para acelerar a digitalização está primeiramente na reflexão sobre o que pode ser melhorado e depois iniciar uma discussão sobre como melhorar. “Estamos falando de empresas que lidam com processos críticos, que precisam operar com segurança, que optam por testar as alternativas que já foram comprovadas milhares de vezes. Mas eu gostaria de convidar líderes de indústria do Brasil a olhar para essas questões e fazer uma tentativa”.

Mineração sustentável, mas antes digitalizada

O setor mineração continuará expandindo no Brasil e juntamente com ele cresce a necessidade por modos de operação sustentáveis, analisa Braun. O segmento é um dos que mais consomem energia tanto para produzir quanto para escoar a sua produção e lida com três desafios principais: segurança e redução de custos, aumento da competitividade e descarbonização da operação.

Braun defende que a partir de sistemas digitais, o setor, que é um mercado em que a ABB tem grande participação no Brasil, irá alcançar os elevados padrões de otimização, eficiência e sustentabilidade necessários para suprir o mundo. “São muitas soluções variadas. Dentre elas, uma via possível para os clientes do Brasil atingirem suas metas de sustentabilidade é a eletrificação. Isso porque se você puder eletrificar o seu processo, significa que você não terá mais que queimar combustível fóssil, e poderá agir para garantir a sua oferta de energia renovável para operar”.

O executivo se refere ao portfólio ABB Ability™ eMine, um conjunto de soluções que eletrifica o transporte da mina e o integra a sistemas digitais que permitem a empresas planejar, monitorar e controlar processos. Um dos benefícios do eMine é a possibilidade de otimizar o uso de energia.

O potencial do hidrogênio com a digitalização

Não só em mineração, como nos demais segmentos, o consumo de energia continua sendo um dos fatores que definem os resultados de produtividade da indústria. Nesse sentido, a busca por transformar novas alternativas de fontes renováveis em algo escalável para a produção tem se intensificado, e os sistemas digitais novamente se posicionam como aliados para cruzar as fronteiras da produção de energia.

Começa no Brasil uma movimentação para acelerar a produção do hidrogênio verde, uma saída eficiente não só para suprir a demanda da indústria por energia como também para posicionar o país como importante fornecedor. Esta é uma realidade possível ao país por causa do seu potencial para gerar energia renovável, fundamental também para produzir o hidrogênio verde.

Soma-se ao potencial brasileiro, as tecnologias da ABB para produzir hidrogênio verde. “Temos alguns componentes chave para a produção de hidrogênio que são retificadores de alta potência específicos, fruto de uma aquisição que fizemos junto a uma companhia de eletrólise. Então podemos ofertar o hidrogênio e claro toda a nossa expertise com eletrificação, necessária para produção”, afirma Braun.

Da porta para dentro

Há um esforço, com mais ou menos intensidade a depender do país e do negócio, para digitalizar a produção e a economia de forma geral. E empresas no Brasil começam a entender que sistemas digitais e operações automatizadas podem ser um aliado para alcançar esses novos patamares de operação em que produzir com eficiência e de forma sustentável é o único caminho para se manter competitivo.

À frente da divisão de Process Industries da ABB, Joachim Braun defende que essa cultura digital e sustentável precisa antes ser incorporada pelas empresas provedoras de tecnologia. “Se é para fornecer soluções sustentáveis para seus clientes, é bom que a sua própria casa esteja em boa forma. Na ABB temos metas muito claras no que se trata de reduzir as emissões, sobre a circularidade dos nossos produtos. Na minha visão, discussões de digitalização começam, na verdade, com uma ideia conjunta, e depois avançamos para soluções específicas. Para mim, sustentabilidade é liderar pelo exemplo”.

Uma das metas da ABB é, em conjunto com parceiros, atingir a neutralidade de carbono em suas operações até 2030.

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