Dados apontam que foram aplicados quatro golpes por minuto, totalizando cerca de 2,2 milhões de casos de estelionato virtual em 2024 — um crescimento de 7,8% comparado a 2023 e de 408% em relação a 2018. Especialista alerta para urgência em medidas de prevenção e conscientização.
Quatro estelionatos digitais por minuto em 2024. Esse é apenas um dos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e que revelou uma transformação silenciosa, mas acelerada, no perfil da criminalidade cibernética no país.
Somente as fraudes online, como são chamados aquelas praticadas por meios eletrônicos, cresceram 17% entre 2023 e 2024 no país: mais que o dobro dos estelionatos presenciais que avançaram 7,8% no mesmo período. Foram registradas nesse intervalo 2,2 milhões de ocorrências, um aumento de 7,8% em apenas um ano e 408% a mais do que em 2018. O número é 50 vezes maior do que o total de homicídios no país no mesmo período. Enquanto as mortes violentas intencionais como homicídios e latrocínios somaram 44.127 casos em 2024 com queda de 5,4% em relação a 2023, os crimes digitais seguem em trajetória oposta e ascendente.
A disparada dos golpes cibernéticos contrasta também com a queda nos crimes patrimoniais tradicionais: os roubos em geral e os roubos de celulares apresentaram redução em 2024, sinalizando uma migração das ações criminosas para o ambiente online.
Para Priscila Meyer, CEO da Eskive e especialista em segurança da informação, crimes cibernéticos e proteção de dados, o avanço da digitalização da economia, aliado à baixa conscientização da população sobre segurança cibernética, cria terreno fértil para fraudes em larga escala, com prejuízos bilionários e baixa taxa de resolução.
“O conhecimento e o preparo para identificar ameaças virtuais, tal como a sabedoria de como mitigá-las da melhor forma, são as melhores armas disponíveis para que a população consiga se proteger contra tais riscos e não cair em armadilhas”, explica Meyer. “É necessário conscientizar os usuários finais com materiais educacionais e treinamentos acessíveis que transmitem, de maneira didática, como funcionam tais crimes, os sinais de alerta para uma possível fraude e os comportamentos seguros a serem adotados”.
Isto, naturalmente, é algo que deve permear tanto no ambiente corporativo quanto no doméstico. “Quando as empresas investem em iniciativas para reduzir o risco humano e conscientizar seus colaboradores, eles naturalmente levam esse conhecimento para casa, se transformando em multiplicadores. O que é aplicado no trabalho passa a ser repassado para a família, amigos e círculo social do indivíduo, propagando assim uma cultura de bons hábitos de proteção digital pessoal”, pontua a executiva.
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