O passado vive no iPad

Arturo Montero é um dos mais experientes arqueólogos mexicanos em sítios arqueológicos de civilizações unnamed (11) pré-colombianas. Seu trabalho sempre exigiu ferramentas que o ajudassem a coletar e gerenciar milhares de dados obtidos em campo para consultas e análises científicas. A necessidade de uma solução de banco de dados flexível, com design personalizável e opções de mobilidade, o fizeram se aproximar do FileMaker, uma plataforma de software que permite criar aplicativos de alta sofisticação para rodar ao mesmo tempo em computadores Windows ou Mac e em equipamentos móveis como iPhone e iPad.

"Isso mudou nossas vidas", diz o arqueólogo em um de seus campos de ação, o Bosque Esmeralda, em Amecameca, encostas do vulcão Iztaccíhuatl. "Após o FileMaker, o sofrimento que tínhamos com outras bases de dados ficou no passado."

O nome do grupo de profissionais coordenados por Arturo Montero é Ipan Tepeme Ihuan Oztome, ou Itio. Significa ‘entre montanhas e cavernas’, e é poético como convém a aventureiros apaixonados pela natureza e pela história ancestral da humanidade. O time é formado por astrônomos, antropólogos, historiadores e arqueólogos – uma equipe de investigadores que, baseados em métodos científicos e aplicação de modernas técnicas, costuma fuçar os confins do mundo para desvendar mistérios antigos que permaneceram inexpugnáveis por séculos.

Hoje, o professor Arturo Montero e sua equipe trabalham de um jeito que nunca imaginaram, unindo arqueologia e alta tecnologia digital. "Nem em meus sonhos de estudante pensei que atingiríamos esses níveis", diz Monteiro, cujas ferramentas essenciais são um iPhone ou um iPad, ambos com a aplicação de mobilidade FileMaker Go instalada, ao lado de uma antena de GPS Garmin e de uma miniestação meteorológica.

"Estamos fazendo maravilhas com esse kit. No dispositivo móvel levamos os apps mais usados – um Teodolito Digital, um visualizador de imagens astronômicas e APPs para cartografia, como a dupla Google Earth e Maps. No iPhone temos uma excelente câmera fotográfica e de vídeo e usamos o Siri para registrar observações. Com conexão 3G, 4G ou por satélite, dependendo do lugar, enviamos informações da investigação, em tempo real, para nosso escritório na Cidade do México, onde temos um computador com o software FileMaker Pro alimentando a base de dados que pode ser consultada por qualquer colega. É fantástico", conta o entusiasmado Montero.

Arqueologia de Alta Montanha, de cavernas, subaquática e arqueoastronomia são as áreas de interesse de Montero, cujos sítios de pesquisa são tão distintos como Chichen Itza, na península de Iucatã, o vulcão Cayambe, no Equador, a Ilha de Páscoa, a Cordilheira Oriental dos Andes da Argentina e as montanhas do Tibete, entre outros vários.

O grupo Ipan Tepeme Ihuan Oztome desenvolveu sua solução FileMaker pensando em aplicações arqueológicas. “Tivemos o apoio do Departamento de Engenharia do Instituto Politécnico Nacional do México para projetar dois modelos – um para altas montanhas e outro para estudo de cavernas", conta Montero. "Apresentamos nossa aplicação personalizada à comunidade científica e vários colegas estão usando nossos modelos em FileMaker e os modificando segundo suas necessidades. Isso vem poupando um bocado de trabalho para eles. Compartilhar algo assim é um prazer."

Agulhas de tricô

Desde sua época de estudante na Escola Nacional de Antropologia e História, o professor Montero teve de enfrentar sistemas de indexação e catalogação em bancos de dados. "Começamos com sistemas muito rudimentares: fazíamos cartões de papelão branco e furávamos os cantos. Quando eles apresentavam uma característica especial, rompíamos a lingueta da ponta e inseríamos uma agulha de tricô entre os furos. As cartelas que caíam na mesa eram as que interessavam. As outras ficavam fora da pesquisa."

Na arqueologia, dados, padrões e tipos são de vital importância.  O que se busca é ter todo o tipo de detalhe do sítio pesquisado, incluindo informações sobre flora, fauna, altitude, clima, umidade, terreno e composição rochosa, além do ambiente cultural do entorno, como templos, petróglifos, pinturas e muitos outros detalhes.
Com o FileMaker, Arturo Montero ganhou uma nova maneira de guardar e usar essa massa de dados. “Desenvolvemos um modelo com colunas e espaços para inserir fichas técnicas ambientais, culturais e antropológicas, áudios de entrevistas e de opiniões colhidas no local, fotos e vídeos de passeios turísticos e de trabalho, com espaço para mapas do Google e documentos e artigos em PDF de outros colegas.  Além disso, podemos incluir links para relatórios online sobre as investigações, algo impensável antes do FileMaker”.

As ferramentas do software também ajudam a obter estudos comparativos entre vários sítios, taxonomias arqueológicas e classificações a partir do registo das variáveis de cada local de estudo. Esses dados ajudam Montero a definir padrões de antigos centros cerimoniais.

Early adopter

Montero sempre foi um early adopter de novas tecnologias. "Comecei a fazer meus registros à mão e depois datilografava as informações com uma máquina de escrever Remington. Ok, sei que o valor está na pesquisa e não nas ferramentas, mas muitos dispositivos têm ajudado a ser mais eficiente. Cursando a licenciatura, usávamos cartões perfurados para computadores Burroughs B1700. Em 1986, usei um computador Commodore 16. Anos mais tarde, chegaria o primeiro IBM PC com linguagem Pascal e C, e nos 90, Access foi nosso principal software. Mas em 2005 descobrimos o FileMaker, e o jogo mudou de nível. Exportamos para o FileMaker os dados das pesquisas que estavam em Access e em seguida trabalhamos duro para chegar a um design bacana e agradável a todos, não apenas para especialistas.”

A compatibilidade com outras plataformas para compartilhar informações é um grande diferencial para o arqueólogo. “Nosso trabalho deve estar disponível em diferentes meios, uma vez que muitas instituições acadêmicas precisam de um documento impresso ou em PDF ou Excel. Com FileMaker podemos fazer isso sem problemas”, diz Montero. “Não somos profissionais de escritório, mas da natureza. O que definitivamente nos fez optar pela plataforma foi o fato de que a FileMaker sempre soube que a vida é uma questão de mobilidade.”

 

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