Grupo New Space apresenta relatório sobre fraudes envolvendo cartões de crédito no meio eletrônico

O Grupo New Space, um dos líderes em serviços de tecnologia para o setor financeiro no Brasil, apresenta os resultados do relatório "O mercado paralelo de venda de informações – Cibercrime financeiro no Brasil" realizado pela unidade NS PREVENTION, especializada em inteligência cibernética, prevenção a fraudes e análise de riscos. O levantamento foi criado com base no monitoramento feito de julho de 2015 a abril de 2016 e mostra as principais técnicas, procedimentos e tendências envolvendo fraudes relacionadas ao uso de cartão de crédito no meio eletrônico.

Segundo o estudo, houve um expressivo aumento da utilização de tecnologia (via e-commerce e aplicativos) para realizar transações comerciais nos últimos anos. Em paralelo, métodos e táticas criminosas surgiram na mesma velocidade para tirar proveito das vulnerabilidades desses sistemas. “O crescimento deveria ser acompanhado, na mesma escala, por medidas de combate a possíveis fraudes, porque o seu impacto não se limita somente às perdas financeiras”, afirma Thiago Bordini, Diretor de Inteligência Cibernética do Grupo New Space.

De acordo com o executivo, o problema pode afetar a reputação e a credibilidade de toda uma organização. “Normalmente, a empresa trata o caso reativamente, ou seja, tenta resolver a situação apenas após a ocorrência, quando o melhor seria agir preventivamente”. O levantamento constatou também uma tendência: nos próximos anos, aumentarão os ataques às tecnologias como o NFC (da sigla em inglês para Comunicação por Campo de Proximidade).

O relatório mostra ainda que as táticas mais usadas são aquelas em que há uma tentativa de simulação de ambientes. Prova disso é que 40% das notificações reportadas ao Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.BR) são relacionadas a páginas falsas. A mais tradicional técnica de fraude é a Phishing Scam. Ela pode envolver o uso de telas falsas que se assemelham a uma página da instituição original com o intuito de coletar dados e credenciais de acesso para efetuar práticas ilícitas. Também inclui e-mails com nomes e características autênticas para enganar o usuário e direcioná-lo a sites falsos, além de programas espiões e aplicativos maliciosos que alteram arquivos de configuração cruciais para a navegação na Internet. A palavra phishing (de “fishing”, em português, pescar) vem de uma analogia criada pelos fraudadores em que as “iscas” (e-mails) são usadas para “pescar” senhas e dados financeiros de usuários da Internet.

Além da Phishing Scam, o levantamento mostra outras táticas adotadas: o Spoofing é um ataque que mascara o número de IP da rede utilizando um endereço falso, que pode ser feito por smtp ou por servidor direto, para encaminhar a vítima para outro local aparentemente seguro. Já no Man in the Middle, o fraudador se infiltra na comunicação entre as duas partes, intercepta os dados, manipula e retransmite sem que ninguém perceba. “O usuário literalmente pensa que está falando com seu interlocutor, mas, na verdade, está recebendo mensagens de um hacker”, explica Bordini. Outro método muito utilizado é o de "Cartão Gerado", em que o cibercriminoso, a partir de uma combinação aleatória de números e dados, consegue gerar um cartão válido, sendo que as informações mais usadas são a data de vencimento e o Número de Identificação Bancária (BIN, da sigla em inglês), que possibilitam que a compra fraudulenta seja realizada. Para dificultar a rastreabilidade de suas ações ilícitas, os fraudadores utilizam acessos gratuitos à Internet em locais públicos ou linhas pré-pagas registradas em nome de terceiros.

Com as informações da vítima, o criminoso segue para a próxima etapa: conseguir a sua monetização. As ofertas variam bastante e são encontradas em sites de compartilhamento de informações, fóruns, blogs, redes sociais ou no submundo da Internet, conhecido como Deep Web. No período investigado pela NS PREVENTION, 81% das ofertas foram originadas via IRC (Internet Relay Chat), 13% pelo Facebook, 3% em fóruns, 2% via Paste e 1% por Telegram. Nesses ambientes, é possível encontrar desde vendas diretas de lotes de cartões e dados até a oferta de pagamento de contas e troca de informações sobre vulnerabilidades. Há também os chamados “laranjas”, que são pessoas escolhidas para executar uma fase da fraude ou emprestar uma conta bancária para lavar o dinheiro e tornar a transação imperceptível. “O foco sempre é a rápida monetização. Quanto mais tempo demora, mais aumentam as chances de a fraude ser descoberta”, conta o executivo do Grupo New Space.

Os cartões de crédito fraudados são comercializados por lotes em vendas moduladas. Há diferenciação em relação aos tipos, bandeiras e limites de cada um. O estudo mostra também que há vendas casadas, ou seja, a pessoa pode adquirir o cartão com os dados da vítima ou com o fornecimento de contas de “laranjas”.

As ofertas seguem um padrão preestabelecido pelos fraudadores – conforme exemplo abaixo, em que o termo "CC" significa cartões que podem ter diversas bandeiras ou categorias e "Full" é um pacote de cartões com todos os dados do proprietário, podendo variar entre cartão com credenciais (login e senha em sites de compras) ou com CVV (código de verificação do cartão) e validade, com categoria e bandeira predeterminadas. Existe ainda o pacote "Full Mix", que vem com todas as informações do proprietário do cartão, entre elas o CPF.

 

Figura 1. Exemplo de venda dos dados pela Internetimage002-3

 

 

 

Na tabela abaixo, a NS PREVENTION apresenta a média de valores que sãocobrados pelos fraudadores por cada pacote de cartões. Figura 2. Preços médios cobrados pelos fraudadores

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As investigações da equipe da NS PREVENTION mostram que um fornecedor de cartões fraudados pode vender, em média, três lotes por semana. Com isso, consegue obter em torno de R$ 5.700,00 por semana e R$ 250.500,00 por ano. A simulação abaixo demonstra a estimativa da comercialização realizada com pacotes de 30 cartões.

Vale destacar que um fraudador pode chegar a ganhar até R$ 2,8 milhões em um ano apenas com essas ações fraudulentas.

Figura 3. Total monetizado por modalidade de vendas

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Feita a escolha pelo lote ou pelo cartão unitário, chega a hora de o cibercriminoso receber. Segundo o estudo, as transações de pagamento são realizadas por meio de depósito bancário em dinheiro em contas de "laranjas" para que os vestígios sejam reduzidos, dificultando a rastreabilidade da fraude. Porém, a NS PREVENTION alerta para uma forte tendência: alguns criminosos têm adotado moedas virtuais – como o bitcoin (sistema de pagamento on-line baseado em protocolo de código aberto que é independente de qualquer autoridade central) – como forma de pagamento. “Esse tipo de ação dificulta ainda mais a investigação dos órgãos competentes”, conta Bordini.

Demonstrada a monetização do fraudador, a análise passa para o comprador, que pode faturar de várias formas: compras diversas com os dados dos cartões furtados, pagamento de boletos ou até revenda de serviços provenientes do mesmo cartão. Com a fraude concluída, resta às empresas de e-commerce arcar com prejuízos.

“É complicado evitar todos esses danos, mas, com o investimento em cibersegurança, é possível se proteger desses riscos antes que eles se materializem e reduzir os prejuízos”, destaca Bordini. O executivo complementa dizendo que os fraudadores conhecem e sabem manipular os sistemas de seus alvos o suficiente para encontrar falhas de projetos ou em implementações que podem ocasionar facilmente uma fraude. Segundo ele, o ideal é “aliar as medidas de segurança cibernética em toda a cadeia dos processos de compra às campanhas de conscientização para educar a população a ter ainda mais atenção para evitar qualquer tipo de risco”. Atualmente, as organizações que mais investem em segurança digital são do setor financeiro e varejista, além de montadoras e hospitais.

 

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