por Marco Ornellas, consultor em desenvolvimento organizacional da Ornellas Consultoria e Escola de RH
“Quando você crescer, talvez não tenha um emprego”, afirma Yuval Harari no livro 21 lições para o século XXI, uma profecia quase catastrófica em relação ao futuro das atividades laborais como conhecemos. Afinal, além de não termos a menor ideia de como será o mercado de trabalho em 2050, precisamos lidar com a imensa quantidade de dados que não param de ser produzidos pelos habitantes do planeta. Isso nos gera muita incerteza sobre como será o trabalho e sobre como as pessoas irão exercer as suas atividades. Seja por uma substituição de tarefas manuais por robôs ou máquinas, seja por uma simples obsolescência de determinadas habilidades.
Diante desses desafios, as Áreas de RH precisam estar muito bem preparadas para desenvolver pessoas que se adaptam a cenários cada vez mais tecnológicos. Para isso, é fundamental sair da mesmice e valorizar a inovação desde as camadas mais superficiais até as mais profundas, ou seja, de funções mais operacionais (chão de fábrica) até a presidência. Ademais, é preciso reconhecer habilidades que potencializam a nossa experiência humana em detrimento das competências puramente técnicas, que podem ser facilmente substituídas pelo maquinário e pela tecnologia.
Em pesquisa realizada pela Ornellas Consultoria e Escola de RH, que ouviu as opiniões de 77 profissionais da área de Recursos Humanos, essa necessidade ficou ainda mais evidente. Os resultados demonstraram a urgência de temas como inovação, afinal, para 70% dos entrevistados, o RH não tem conseguido acompanhar o ritmo de inovação que cresce em escala exponencial, enquanto alguns processos da área de recursos humanos continuam burocráticos e, por vezes, até ineficazes. Isso porque, segundo os entrevistados, há uma grande resistência à mudança dentro da própria área de atuação e também uma escassez de profissionais capacitados para o novo.
Ainda de acordo com os entrevistados, a principal porta de entrada para a inovação está em áreas como o clima organizacional e o engajamento dos colaboradores. Afinal, quanto maior a aderência com as práticas e o perfil da organização, maior é o engajamento para promover mudanças significativas tanto na empresa, quanto na forma de conduzir processos organizacionais. Aderência que já deve começar nos processos de recrutamento e seleção, com a escolha dos perfis mais adequados para trabalhar na organização para a construção de uma carreira e um exitoso legado profissional. Além disso, outro dado citado foi a importância de promover cursos e treinamentos para capacitar os colaboradores para o novo e desenvolver habilidades essenciais para o futuro do trabalho que demandará dos profissionais algumas competências muito mais ligadas a fatores cognitivos e emocionais, em detrimento do tecnicismo que ainda permeia alguns setores empresariais.
Soft skills em alta
Os RHs devem estar preparados para desenvolver as soft skills de seus colaboradores. O que significa valorizar aspectos como inteligência emocional, comunicação eficaz, criatividade, liderança, ética, empatia e capacidade de adaptação. Desenvolvê-las é fundamental para montar equipes mais coesas, diversas, engajadas e, claro, preparar os profissionais para o futuro que já se faz presente em boa parte das organizações.