O futuro da liderança e o conceito de sucesso vão muito além de números e resultados 

Por Cristovão Wanderley,  Sócio-diretor da Stratlab e Especialista em Tecnologia e Dados

Videochamadas, conversas por WhatsApp, gerenciamento de tarefas via boards digitais e arquivos compartilhados na Nuvem. A maneira como as pessoas se relacionam com o trabalho mudou bastante desde que a pandemia impactou o mundo todo, e a presença da tecnologia em todas as áreas das empresas veio para ficar.

Diante de um cenário de constante transformação, as lideranças responsáveis pelo gerenciamento dessas equipes passaram a ter outras características exigidas no dia a dia, como resiliência, empatia, humanização, facilidade em lidar com tecnologia e outras singularidades que afetam diretamente o desempenho dos colaboradores.

Essa mudança colocou holofotes em novas características de líderes, que precisaram se adaptar a esse cenário em busca de reconhecimento e evolução. Seria, então, o fim das velhas lideranças

Já se foi o tempo em que bastavam os melhores números na apresentação de resultados de final de ano para obter o reconhecimento. A tendência agora é olhar cada vez mais para as pessoas, pensando em criar ambientes favoráveis para que elas obtenham o seu melhor desempenho.

Esse processo de mudança entre os líderes deve ser ainda mais evidente no futuro, pelo menos é o que o mercado, meios de comunicação, imprensa e especialistas estão dizendo sobre essa expectativa. Vamos analisar juntos cada um desses pontos a seguir.

O que o mercado está dizendo

Basta ver a Revista Forbes, edição 102, que trouxe Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora, na capa (quem não conhece, eu recomendo que acompanhe o trabalho dela no LinkedIn). A matéria ainda contou com Maurício Rodrigues, presidente da Bayer Crop Science para a América Latina, e Edvaldo Vieira, CEO da Amil, entre outras pessoas igualmente respeitadas e engajadas na agenda Diversidade, Equidade e Inclusão.

Na entrevista, todos concordaram com uma coisa: é urgente ajustar o tom dessa questão. Ter um olhar diferenciado sobre essa agenda DEI é algo que será exigido cada vez mais das lideranças, o que não acontecia há algum tempo, pelo menos não com essa relevância.

Análise McKinsey dos COOs do futuro

Um estudo recentemente divulgado pela McKinsey também abordou o comportamento das lideranças do futuro, mais especificamente o dos COOs. O levantamento mostrou que 40% das companhias líderes tinham um COO, em 2022. Os setores financeiro e de energia lideraram a pesquisa com 48% das corporações contendo um profissional nesse perfil.

Mais do que a frequência desses líderes, a McKinsey mapeou uma mudança no comportamento e no papel dos COOs, que agora estão: maiores, mais ousados e mais transformadores.

Relevância da COP27 e a agenda ESG das empresas 

A 27ª edição da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, aconteceu até o dia 18 de novembro, no Egito. O evento, que conta com representantes de mais de 190 países, chama a atenção para a conscientização do setor público e privado sobre a redução e até a eliminação de gases e outros resíduos na atmosfera.

A JBS, junto com outras grandes marcas, apresentou um projeto com o objetivo de reduzir o seu impacto no planeta. Essa consciência ambiental e atenção sobre os acontecimentos ao redor do mundo também é uma tendência entre os líderes do futuro.

Entender e implementar as práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) para que reduzam o impacto no planeta não será mais um diferencial, mas essencial para exercer um papel de gestão em qualquer área como Vendas, Marketing, Compras e até o Financeiro. Afinal, o mercado exigirá cada vez mais essas iniciativas para fazer negócios, seja no B2B ou no B2C.

Crescimento das lideranças femininas 

De acordo com uma pesquisa feita pela ManpowerGroup, consultoria global especialista em Recursos Humanos, 47% das empresas estabeleceram 2022 como o ano ideal para trazer mais mulheres aos cargos de liderança. Ainda segundo o levantamento, 35% pretendem dar mais equilíbrio entre os gêneros até 2023.

Para o levantamento, foram ouvidas 39 mil pessoas em mais de 40 países. Ou seja, veremos uma presença maior de liderança feminina em diferentes modelos de negócio ao redor do mundo. Grandes players de mercado como Avon, B3, GPA e Air Liquide já estão implementando programas que visam a essa equidade, movimento de extrema importância e que deve se tornar ainda mais forte a partir do próximo ano.

O que esperar do papel das lideranças em 2023? 

Capacidade de se comunicar, aprender, inovar e entender como funcionam novas tecnologias para implementá-las no dia a dia e como as movimentações globais podem impactar o negócio.

A liderança do futuro terá como foco a performance, além dos resultados, trazendo métricas de desempenho que ultrapassam os números e revelam no dia a dia o potencial de cada colaborador, sempre com o apoio da tecnologia e da análise de dados.

Acompanhar essas tendências e entender o que o mercado busca é fundamental não apenas para o profissional, mas para as empresas que buscam alguém para assumir esse papel tão relevante dentro da sua equipe.

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