Segurança… Como pode um cidadão que mora perto, ou mesmo dentro, das favelas onde os traficantes do Rio de Janeiro estão disputando o domínio, sentir-se seguro? Que tipo de segurança pode haver em um país onde a Polícia Federal Rodoviária, por meio de um levantamento nada científico, identifica que existem X pontos de prostituição infantil a cada Y quilômetro? Espera aí, que negócio é este de falar sobre assuntos que nada têm a ver com segurança de dados? Segurança é um conceito, que pode estar relacionado com as mais distintas facetas de nossas vidas, é ou não é? 
[private] Infelizmente, o cenário que se constata no que diz respeito aos cuidados mínimos com a segurança das nossas informações é simplesmente amedrontador. Vejamos alguns fatos:
* Empresários gastam fortunas com a compra de computadores, com os programas que nele se instalam*, com o pagamento dos funcionários que o utilizam, com a infraestrutura necessária para que os mesmos possam trabalhar em rede, com treinamentos para a equipe existente; mas cuidam mal, muito mal mesmo, do motivo principal pelo qual fizeram todos os investimentos citados anteriormente: a imensa massa de dados gerada por toda essa estrutura.
Deus meu, como se cuida mal dos dados que são responsáveis por gerar o nosso ganha-pão!!! Só para citar um exemplo, em diversas agências publicitárias, estúdios de editoração, de design e por todo este mundo de negócios em que o ouro é o que se cria, a idéia de backup das informações ainda está umbilicalmente ligada ao trabalho finalizado.
Que coisa mais burra… Ideias não voltam a dar o ar da graça da forma como foram concebidas. Nunca! Garantir a segurança das diversas etapas do processo criativo é fundamental para esse tipo de negócio, pois são essas ideias que vão gerar as próximas receitas deste tipo de business. E clientes são sempre suscetíveis a mudar o rumo da carruagem quando o prazo está para lá de comprometido. Às vezes decidem que querem trilhar caminhos bem distintos dos que as suas mais atuais versões do produto permitiriam. Ah, mas isso é loucura, diriam alguns. É, é mesmo, concordo com vocês. Ocorre que é o “mala” do cliente que põe grana no teu caixa e justamente por tal motivo, ele é quem manda, simples assim. Trabalho pronto, até a gráfica, o Web Designer, o provedor onde se decidiu armazenar o web site de seu cliente, têm.
Em alguns casos, a mesa vira para o lado oposto: de tanto medo de perder as informações existentes, nossos queridos diretores de arte, guardam até treze versões de um imenso arquivo, gerando a necessidade de uma estrutura descomunal de storage. E pior de tudo, finalizado o tal “job”, estão pouco se lixando para limpar o que não foi utilizado na versão do trabalho produzido. De um jeito ou de outro, os empresários que gerenciam seus negócios continuam perdidos. Ou por gastar muito menos do que deveriam ou pelo contrário, por despender uma fábula de dinheiro que, com certeza, deveria ser direcionada para coisas muito mais importantes do que armazenar ideias não utilizadas nos trabalhos finalizados.
* Há o ensejo de que todos trabalhem na rede, dentro dos servidores, mas não há o bom senso de analisar a fundo que estrutura deveria se implantar para tanto. Economiza-se no tipo de servidor, em sua capacidade de armazenamento, nas políticas de backup necessárias e no switcher que deveria ser adquirido e, desta forma, eis que nos vemos de volta aos anos 80, no qual tínhamos uma Central de Processamento de Dados, baseada em Mainframes, com terminais burros. É isto que se pretende? Fazer nossos possantes computadores Intel Core Duo 2 trabalharem como se fossem Pentiums ou G5s, no caso do mundo Mac? Tenham dó, senhores que projetam infraestruturas de rede! Tomem seu prumo, tentem ser um pouco mais sérios no que fazem, por favor… As preocupações com a necessidade de se gerenciar as diferentes versões de documentos não podem se sobrepor à forma de se trabalhar em rede.
Há muito, mas muito mesmo, a ser explanado.
Até lá! [/private]
* Texto escrito por Paulo Catunda, Consultor em Gestão Documental.
