Intralogística e eficiência operacional precisam estar no centro do debate da logística em 2023

Por Angela Gheller, diretora de produtos de Logística da TOTVS

Depois de assumir uma posição vital para suportar grande parte dos segmentos da economia durante os períodos mais desafiadores da pandemia, a logística brasileira precisou se reinventar e 2022 foi um ano de consolidar as inúmeras transformações vividas. Operadores logísticos e embarcadores tiveram suas demandas multiplicadas e, com elas, surgiram também oportunidades de explorar novos mercados.

Também observamos que o setor logístico avançou na digitalização, porém, ainda é um processo que caminha gradativamente. Segundo o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Logística, estudo realizado pela TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, o segmento registrou uma média de 0,38 pontos – em uma escala de 0 a 1 –, reforçando um cenário de baixa internalização e aproveitamento tecnológico nas operações. O estudo identificou que há empresas que ainda não adotam sistemas especializados de gestão e ainda mantêm o controle se suas operações no papel e nas planilhas. Por isso, é imprescindível que o setor enxergue a tecnologia como aliada não apenas da produtividade, como também da rentabilidade do negócio.

A digitalização da operação não é uma ação pontual, mas sim uma série de modernizações que podem ser feitas em toda a cadeia logística, a começar pela intralogística, ou seja, organizar e controlar a entrada e saída de veículos e cargas para alcançar melhor gestão de armazéns, pátios e veículos. Nesse sentido, soluções como YMS, que garante uma visão holística de toda a operação que está programada; WMS, que faz a gestão integrada e automatiza processos, garantindo gerenciamento completo dos armazéns; e ferramentas de agendamento e de controle de pátios e portarias, que organiza entrada e saída dos veículos, otimizam os processos internos que impactam no desempenho de toda a operação.

A partir do cenário descrito acima, entro em outro tópico que o setor logístico precisa se atentar em 2023: a eficiência operacional. Diversos fatores impactam nesse quesito, como organização e controle de processos, gestão de custos, gestão de frotas etc. Segundo a pesquisa Panorama do Transporte de Cargas no Brasil, os custos logísticos subiram para 13,7% do PIB em 2022, participação muito maior do que em economias mais maduras, como dos Estados Unidos, em que o custo representa 7% do PIB. O estudo também aponta que o diesel – cujo preço subiu acima da inflação nos últimos dois anos – representa 37% do custo do transporte rodoviário de carga.

É imprescindível que as empresas invistam em tecnologias para aprimorar o monitoramento e organização, proporcionando maior controle e eficiência para a operação. E aqui falo, por exemplo, de dispositivos tecnológicos que acompanhem os transportes, de modo a prever e organizar revisões e manutenções dos veículos, evitando possíveis prejuízos e atrasos na operação. De forma inteligente, fazer a otimização logística, entendendo qual a melhor rota (em relação a tempo, segurança, localização e custos), além do aproveitamento do espaço da carga para melhor otimização dos veículos (quais volumes e dimensões de abastecimento, sem afetar a carroceria e a carga).

Em relação à transportes e digitalização, a chegada do 5G ao Brasil tem grande potencial de melhorar as atividades logísticas. As soluções – sejam essas device ou mobile – ganharão maior rapidez e latência de dados, fazendo a comunicação mais rápida entre os pontos da operação. Com isso, as empresas podem e devem se atentar para ferramentas e dispositivos de monitoramento e rastreamento de frotas, a fim de garantir que a operação esteja fluindo de forma prevista ou não, e assim controlar eventuais atrasos ou mudanças de planos, por exemplo.

Falando em tecnologias mais modernas, soluções como drones, IoT, blockchain e logística data driventambém são novidades que estão sob atenção do setor logístico. No caso dos drones, ainda é baixa a utilização dessa ferramenta para a entrega ativa de encomendas; no entanto, já observamos seu uso para o monitoramento de armazéns e a contagem de inventários. O uso de IoT também se dá com mais frequência em armazéns, porém os dispositivos também podem ser bem utilizados para o abastecimento e controle de veículos.

Há empresas que já utilizam blockchain para garantir uma operação e transação ainda mais segura. A tecnologia pode ser utilizada para o rastreamento do estoque, para melhorar o frete e o transporte, garantir a verificação de autenticidade, além da segurança de faturamento e pagamentos e toda a transparência do processo. Já o conceito de data driven na logística é a aplicação de dados inteligentes na operação, ou seja, estruturar todas as informações e banco de dados disponíveis para promover uma operação mais eficiente e com tomadas de decisões baseadas em dados.

Essas soluções, e todas as outras abordadas, estão disponíveis no mercado para aplicação imediata. No entanto, é preciso relembrar e reforçar que cada empresa possui um nível de maturidade diferente. Por isso é preciso analisar cada caso isoladamente e quais ferramentas farão sentido para cada negócio. Digo e repito: na jornada de transformação digital não adianta querer pular etapas. Entenda em que momento sua empresa está, quais são os gargalos da sua operação, quais são suas principais dores a serem resolvidas para assim fazer investimentos em tecnologia inteligentes e que de fato podem mudar o ponteiro da sua empresa.

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