Após 40 anos, a reinvenção a partir de um software

Veterana revendedora de cabos de aços e fabricante de lingas de cabos, correntes e cintas de poliéster para uso nos setores de logística, petróleo e construção civil, a companhia brasileira Caboluc vem passando por um processo de modernização sem precedentes em sua história de 43 anos. A reinvenção da empresa começou a partir de um ponto aparentemente banal – a substituição de um punhado de softwares e métodos arranhados pelo passar do tempo por um sistema unificado de gestão administrativa e da produção. A entrada em uso do novo sistema, desenvolvido sobre a plataforma FileMaker, funcionou como um catalisador. Em questão de meses a empresa viu seu faturamento crescer 40%, e a quantidade de itens em seu portfólio saltou de 550 para 1000 diferentes produtos.

Esses são apenas alguns dos bons indicadores colecionados por Edmilson Sarchi, Gerente Comercial da empresa, para demonstrar o acerto da decisão de trocar dúzias de grandes planilhas em Excel e arquivos em outros vários softwares estanques, além de calhamaços de documentos e processos manuais, por um sistema aplicativo unificado que cobre do início ao fim todos os procedimentos de produção, entrega, gestão, vendas e projetos.

O mais sensível tópico do inventário de processos que coube a Sarchi recriar, quando a companhia o incumbiu de achar uma forma de modernizar a gestão sem perder quatro décadas de informações legadas, estava na área de Projetos. A questão, explica o executivo, mexe no DNA da Caboluc: a empresa, embora fabrique cerca de 250 itens por semana, os faz todos um a um, cada qual sob medida segundo rígidas exigências técnicas de seus mais de 14 mil clientes corporativos.

“O fato de cada produto da Caboluc ser único foi uma feliz coincidência com a filosofia tecnológica da FileMaker, cuja base é justamente a criação de aplicativos customizados e 100% com a alma do cliente”, conta o programador e diretor da empresa de desenvolvimento Implement Systems, Claudio Heidemann, escolhida pela Caboluc para criar seu sistema integrado de administração.

Não é possível saber até que ponto essa coincidência influenciou os resultados colhidos, mas ela não parece ter sido irrelevante. A partir da entrada em uso do sistema aplicativo, batizado Implement Manager, a Caboluc pode festejar o crescimento de 96% na produtividade de sua área mais crítica. O fabuloso pulo na qualidade se traduz na prática, exemplifica Edmilson Sarchi, no percentual de devolução de produtos por conta de algum tipo de falha na produção. Antes, de cada 100 peças entregues sete retornavam à fábrica. Após a chegada do novo software, a devolução despencou para 0,3% - ou, em números redondos, apenas três itens de cada mil entregues.

“Em um ambiente industrial, isso equivale a zero”, diz Sarchi, observando que índices igualmente vistosos passaram a pipocar por toda a empresa. Não por acaso: o sistema se ramifica desde as áreas industrial e de desenvolvimento até os departamentos de RH, Vendas e Atendimento a Clientes, Financeiro, de Controle de Qualidade e de administração geral da Caboluc.

Nos últimos 12 meses, a produção da companhia também andou na contramão do mercado em recessão: em valores cheios, a companhia produziu 1200 toneladas de produtos como cintas e cabos usados para grandes obras de engenharia – a exemplo de pontes estaiadas –, guindastes portuários e cargas pesadas em transporte, contabilizando expansão de 70% sobre os números do ano anterior.

Hoje, 25 funcionários da empresa usam o sistema em FileMaker, mas isso deve mudar em curto prazo. Para melhor integrar suas operações, que vão da fábrica e matriz em São Paulo a cinco filiais nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, a Caboluc vem trabalhando com os desenvolvedores da Implement Systems na criação de versões móbile da aplicação para rodar em iPad, iPhone e outros dispositivos. Atualmente, oImplement Manager está em um servidor na matriz e trabalha em cerca de 23 PCs no local. “Se já fomos tão longe com o sistema em máquinas fixas, não vejo nem céu sendo limite com ele móvel”, diz Sarchi.

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