O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), órgão do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), divulga nesta terça-feira (17) os resultados da primeira edição da pesquisa TIC Saúde, realizada ao longo de 2013. O objetivo do estudo é compreender o estágio de adoção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos estabelecimentos de saúde do Brasil e a apropriação dessas tecnologias pelos profissionais do setor.
O levantamento do CETIC.br é o primeiro no Brasil a adotar o modelo de pesquisa proposto pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e conta com o apoio institucional do Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Informática do SUS (Datasus), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), acadêmicos e de especialistas no setor. Os resultados da TIC Saúde 2013 categorizam quatro tipos específicos de estabelecimentos de saúde com base em uma definição do IBGE: estabelecimentos sem internação, estabelecimentos com internação e com até 50 leitos, estabelecimentos com internação e com mais de 50 leitos e estabelecimentos de serviço de apoio à diagnose e terapia (SADT).
O CETIC.br entrevistou 1.685 gestores de estabelecimentos de saúde públicos e privados em todo o território nacional, além de ouvir 4.180 médicos e enfermeiros vinculados a estes estabelecimentos. Confira abaixo alguns destaques da pesquisa:
Infraestrutura de TIC nos estabelecimentos de saúde
Os computadores estão presentes em 94% dos estabelecimentos de saúde, enquanto 91% dos estabelecimentos possuem acesso à Internet. Apesar do resultado indicar uma penetração substancial das TIC, ainda existe uma defasagem no acesso ao computador e à Internet, principalmente, em organizações que não possuem leitos de internação – e que são responsáveis pela atenção básica e ambulatorial.
- 6% do total de estabelecimentos de saúde não utilizaram computadores nos últimos 12 meses. Entre os estabelecimentos sem internação esse número é de 14%;
- 9% dos estabelecimentos não utilizaram a Internet nos últimos 12 meses. Entre os estabelecimentos sem internação esse percentual chega a 20%;
- A banda larga fixa está presente em 96% dos estabelecimentos que possuem acesso à Internet. A tecnologia 3G também já começa a fazer parte da infraestrutura tecnológica dos estabelecimentos de saúde no Brasil e já está presente em 28% das organizações que utilizam Internet.
A TIC Saúde 2013 revela que 41% dos estabelecimentos de saúde possuem departamento de tecnologia da informação (TI), sendo que essa estrutura está concentrada nas organizações com mais de 50 leitos de internação (75% possuem departamento de TI).
Registros eletrônicos em saúde e telessaúde
Entre os dados sobre os pacientes disponíveis eletronicamente, os mais presentes são os de caráter administrativo, como dados cadastrais e referentes à admissão, transferência e alta de pacientes. Informações clínicas estão menos presentes em meios eletrônicos.
Enquanto 83% dos estabelecimentos que utilizaram a Internet nos últimos doze meses afirmaram ter disponíveis os dados cadastrais do paciente, apenas 21% possuem informações em meios eletrônicos sobre vacinas tomadas pelo paciente e 25% possuem imagens de exames radiológicos.
Com relação à telessaúde no Brasil, os dados da TIC Saúde destacam o papel das organizações públicas no desenvolvimento de ações de educação em saúde e nas atividades de pesquisa à distância.
- Nos estabelecimentos em que essa tecnologia já está disponível, a educação e treinamento são os principais usos das ferramentas de teleconferência entre os profissionais da saúde;
- 30% dos estabelecimentos públicos com Internet possuem disponíveis os serviços de educação a distancia em saúde e 24% dos públicos possuem disponíveis atividades de pesquisa a distancia;
- 24% dos estabelecimentos públicos com Internet participam de alguma rede de telessaúde, enquanto 8% dos privados com Internet declararam integrar esse tipo de rede.
Uso e apropriação das TIC entre os profissionais de saúde
Além de investigar os estabelecimentos de saúde, a pesquisa ouviu médicos e enfermeiros para saber detalhes do acesso e uso das tecnologias da informação e da comunicação entre estes profissionais.
- 99% dos médicos e 97% dos enfermeiros têm acesso à Internet no domicílio. A média nacional, segundo dados da pesquisa TIC Domicílios 2012 do CGI.br, é de 40% dos domicílios brasileiros com acesso à Internet;
- 99% dos médicos e enfermeiros são usuários de Internet, resultado expressivo se comparado à população brasileira em geral. A pesquisa TIC Domicílios 2012 mostra que 49% brasileiros com 10 anos ou mais são usuários de Internet;
- Entre os médicos, 63% têm acesso a computador no trabalho e 60% à Internet. Entre os enfermeiros, 72% têm acesso a computador e à Internet;
- 60% dos médicos com acesso a computador no local de trabalho acessam diagnósticos, problemas ou condições de saúde do paciente, enquanto 61% buscam pelos principais motivos que levaram o paciente ao atendimento ou consulta.
Entre as principais barreiras para a implementação e o uso das TIC nos estabelecimentos estão a falta de prioridade por parte das políticas públicas e a insuficiência de treinamento.
- 83% dos médicos e 72% dos enfermeiros consideram a falta de prioridade das políticas públicas como barreira que dificulta ou dificulta muito a implantação das TIC;
- 75% dos médicos e 71% dos enfermeiros consideram a falta de treinamento como fator que dificulta ou dificulta muito a implantação e o uso de sistemas;
- A falta de prioridade das políticas internas do estabelecimento também aparece como barreira relevante para médicos (70%) e enfermeiros (66%).
Para acessar os indicadores completos da pesquisa TIC Saúde 2013 acesse: https://www.cetic.br.