Redes Sociais: como agem em nossas vidas?

Redes Sociais: como agem em nossas vidas?

Desde o surgimento da imprensa, a tecnologia sempre teve um impacto enorme na civilização humana. Nos últimos anos, com a popularização da internet, nunca tivemos tanto acesso às informações, em tão pouco tempo. Em épocas de distanciamento e isolamento, como os atuais, as redes sociais são ferramentas de poder inestimável para conectar as pessoas aos seus amigos, parentes e conhecidos.

“O uso adequado destas tecnologias pode facilitar muito nosso dia-a-dia, diminuindo tempo de produção de tarefas e atividades que antes levariam muito mais tempo”, avalia a psicóloga da Telavita, Pâmella Catherine Salles Santos. “As redes sociais e o uso de tecnologia nada mais são do que uma fonte infinita de estímulos para o cérebro”, completa.

Essa também é a visão do neurocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Julio Pereira. "Nós, seres humanos, e alguns outros animais também, temos o circuito da recompensa em nosso cérebro. Isso é diretamente ligado a todas as nossas necessidades básicas, desde a procriação,  sexo, busca de alimento e  água. Você quando faz uma atividade e quando é saciado, você tem o prazer e bem estar".

No entanto, junto com esse afeto, nossa intimidade é invadida e sobrecarregada por este constante fluxo de informações a que estamos expostos, e podemos não estar  preparados para isso. Especialistas e pesquisas afirmam que o uso excessivo da Internet pode estar associado à depressão. Mas assim como o dilema do ovo e a galinha, o que vem primeiro? Pessoas deprimidas que recorrem às redes sociais ou são o excesso dessas mídias as responsáveis por esta depressão? Graças às oportunidades, a internet se apresenta como um prato cheio para quem busca altas doses de dopamina.

"No nosso cérebro, um dos neurotransmissores responsáveis por isso é a dopamina. Obviamente o ser humano é muito complexo. Outras atividades cerebrais, outras atividades do nosso dia a dia podem e tem uma relação intrínseca com esse circuito do prazer. Alguns exemplos disso é a maioria das drogas", lembra Julio.

Que as mídias sociais são viciantes, também não é segredo para ninguém. “Existem dois tipos de indústrias que chamam seus clientes de usuários: a de drogas e a de software”, lembra o professor de estatística Edward Tufte, da Universidade de Yale,  no documentário que estreou em setembro na Netflix, O Dilema das Redes (ver mais na Seção Entretenimento) sobre os efeitos e como essas empresas exploram a necessidade evolutiva do cérebro na conexão interpessoal.

"Nos últimos anos também têm se discutido muito essa relação das redes sociais. Quando você interage, é ativado por essa via do circuito do prazer e da recompensa. E isso acontece quando você ganha um like, uma curtida, quando é bem aceito na rede social, você acaba tendo essa liberação de dopamina no cérebro", analisa o Neurocirurgião.

Como também lembra Pâmella Catherine, é necessário haver um bom equilíbrio.  Atividades antes que levavam horas para serem desenvolvidas agora levam minutos ou segundos, e esta velocidade afeta o cérebro, que começa a funcionar de forma mais rápida. Numa analogia, assim como nos cansamos mais quando corremos do que quando andamos, o cérebro também cansa mais raciocinando mais rápido. “Este desgaste psicológico pode desencadear a ansiedade, estresse, fadiga emocional e diversos outros sintomas psicológicos e físicos. Principalmente em época de pandemia onde a diversão de muitas pessoas também se encontra na tecnologia, então este equilíbrio precisa ser ainda mais planejado”, finaliza a Psicóloga.

É importante deixar claro que essa reportagem não visa condenar o uso das redes sociais. O equilíbrio do seu uso possibilita a comunicação em todo o mundo, e o acesso a conhecer pessoas, comunidades e se envolver em causas que compartilham dos mesmos interesses que você, além de oferecer como riquíssima fonte de informação e aprendizagem.

Publicado originalmente na Revista ABEINFO nº 3.

Share This Post

Post Comment