Até agora, mais de 620 empresas já aderiram ao movimento para conter o avanço do vírus no País, adotando medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde
Por Prado Junior
Se tem alguém que talvez se sinta no direito de gritar aos quatro ventos “eu avisei”, esse alguém é Bill Gates. O bilionário fundador da Microsoft foi a público em 2015 para falar sobre como o mundo não estava preparado para uma pandemia de escala global, sobretudo uma “virulenta, como a gripe”.
Na época, ninguém lhe deu ouvidos. Mas, por sorte, o empresário parece não ser vingativo: além de evitar apontar erros, Gates tem se dedicado a esclarecer dúvidas e colaborar (financeiramente, inclusive) com pesquisas cruciais no combate ao coronavírus.
Outros magnatas do Vale do Silício, como Elon Musk, da fabricante de carros elétricos Tesla, Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jeff Bezos, da Amazon, também querem ajudar – cada um a sua maneira. A Apple, comandada por Tim Cook, também está nessa linha de frente de enfrentamento ao vírus.
Aqui no Brasil, empreendedores embarcaram em uma iniciativa para tentar conter o avanço da Covid-19 pelo País. Eles aderiram ao #stopthespread, movimento internacional que convida o setor privado a implementar medidas para reduzir a propagação da doença pelo País.
Criado nos EUA por Rachel Romer Carlson, cofundadora e CEO da Guild Education, unicórnio de tecnologia educacional, movimento já conta com a adesão de mais de 850 CEOs e investidores americanos.
A ideia é que os empreendedores assumam o compromisso de tomar medidas como: adotar o trabalho remoto (Home Office), sugerir aos funcionários que parem de realizar ou de participar de eventos públicos sociais, oferecer apoio a socorristas e profissionais de saúde (que estão na linha frente no combate à doença) e auxiliar fornecedores e prestadores de serviço autônomos que não podem trabalhar remotamente, pagando por seus serviços, mesmo que eles sejam prestados depois.
Do ponto de vista pessoal, a campanha estabeleceu seis premissas. Três delas são bem parecidas às definidas para o campo profissional: o suporte ao pessoal da linha de frente e da área de saúde; apoio às pessoas que não podem trabalhar remotamente e profissionais autônomos; e evitar locais públicos. As outras três passam pela adoção de medidas de higiene e prevenção recomendadas pelo Ministério da Saúde; não estocar produtos, comprando apenas o necessário para não faltar insumos para outras pessoas; e tratar uns aos outros de forma gentil e com empatia nesse período de crise.
Até o momento, a campanha brasileira já conta com mais de 620 adesões. Uma das empresas brasileiras participantes do movimento de cooperação é a Track, startup que monitora e gerencia indicadores de experiência de clientes em tempo real, por meio de canais digitais.
"Estamos em um momento de resguardo e o melhor a ser feito agora é colocar em prática ações que zelem pela saúde dos nossos colaboradores e incentivá-los a fazer o mesmo, criando uma corrente do bem que beneficie o coletivo", analisa Tomás Duarte, CEO da startup.
Além de Duarte, também aderiram à iniciativa os empreendedores Eduardo L’Hotellier, fundador e CEO do GetNinjas, Rafael Carvalho, COO da HeroSpark, Patrick Negri, CEO da iugu, Rafael Moura, CEO da I wanna sleep, e Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy.
"Acho importante os empreendedores usarem o seu poder de liderança e a influência para incentivar mais empresários a fazerem o mesmo", explica Junqueira. Além de adotar o modelo de trabalho remoto, a Gama também adaptou todas as aulas presenciais para online.
Segundo Patrick Negri, CEO da iugu, o Brasil vive uma fase delicada e o melhor a fazer no momento é buscar soluções que reduzam o impacto da doença no país. "Além do home office, adotamos ferramentas que otimizam a realização do trabalho em casa e fornecemos instruções de isolamento e higienização a todos os nossos colaboradores", explica. Patrick continua: "Acreditamos que o autocuidado e o pensamento em prol do bem coletivo são os pontos cruciais para conseguirmos superar esse momento crítico", finaliza.