Em setembro, tive a oportunidade de participar do ECM Show, no qual pude conversar com diversos clientes sobre seus projetos. Dentre vários temas, um deles me chamou muita atenção: as empresas ainda têm a percepção de que as médias empresas não podem tirar proveito dos serviços de grandes fornecedores.
[private] Esse mito ainda circula nos corredores. Imagine uma empresa ser conhecida como “a Rolls-Royce da gestão de conteúdo”, ou como “um canhão para matar uma formiga”. Isso me fez pensar na diferença entre os pequenos e os grandes; entre os grandes fornecedores de TI e os chamados “especialistas”, que na verdade são empresas que atuam em uma única área de solução, bem como em diversos conceitos inadequados que são tomados como fato.
Outro mito: o termo soluções “especialistas”. Embora existam exceções, geralmente, uma solução como essa atende à demanda de um grande cliente e acaba eventualmente se tornando um produto. Mas este novo produto foi designado para um cenário, um projeto específico. Nada mais comum e correto do que aproveitar o software desenvolvido para aquele cliente em outros projetos, por exemplo. No entanto, não existem duas empresas iguais, com exatamente as mesmas necessidades. Os outros clientes terão de se adaptar aos desejos e procedimentos do “grande cliente original”. Além disso, sempre existe o risco de se prender aos requerimentos desse cliente. Afinal de contas, o software foi feito para atender às necessidades dele. Sendo assim, caso este primeiro cliente decida que é necessário fazer uma mudança radical na forma como o software trabalha, o desenvolvedor irá se render a seus requerimentos. Afinal, aquele grande cliente é a principal fonte de renda da empresa e “não podemos arriscar ele decidir que a nossa solução já não o atende mais…”.
No mundo dos grandes fornecedores de software, o mercado de ECM testemunhou uma série de aquisições, como foi o caso da Oracle, que adquiriu a Stellent. Praticamente todos os fornecedores especialistas que eram líderes de mercado, segundo os principais analistas, foram comprados por grandes empresas, evidenciando a preocupação em ter uma base sólida para oferecer aos clientes ao invés de iniciar o desenvolvimento de um novo produto do zero. Esse processo exige integração dos novos produtos ao portfólio atual, análises, melhorias, pesquisas de mercado, testes de usabilidade, entre outros. A Oracle investe aproximadamente 4 bilhões de dólares por ano em pesquisa e desenvolvimento para que as soluções e produtos atendam adequadamente às diversas demandas das indústrias de diversos portes.
Vale alertar que as grandes empresas não devem ser descartadas apenas pela premissa de que “devem custar muito caro”. Essas soluções são líderes de mercado, completas e integradas, e não são “um canhão para matar formigas”. Afinal, o seu projeto não é uma “formiga”. A maioria dos projetos acaba sendo rapidamente ampliada dentro das organizações, o que reforça que a solução “especialista” não tem os recursos ou a escalabilidade necessários para crescer junto com o seu ambiente. Neste momento, constata-se que o barato vai acabar saindo muito caro. [/private]
* Texto escrito por Denis Abrantes, Gerente Sênior de Produtos da Oracle do Brasil.