A revolução no mundo dos pagamentos instantâneos chegou ao Brasil

A revolução no mundo dos pagamentos instantâneos chegou ao Brasil
Por Fabrício Ikeda, diretor de Prevenção a Fraudes da FICO América Latina

Foi anunciada recentemente a possibilidade de se realizar no Brasil pagamentos via WhatsApp, com mensagem exclusiva de Mark Zuckerberg sobre a novidade. Além da facilidade que este novo meio de pagamento irá proporcionar, isso abrirá portas para novas oportunidades que impactam não somente o setor bancário, mas também setores não-financeiros como varejo, telecomunicações, seguros e novos players no cenário. Estamos falando de uma revolução num mercado que movimentou R$ 8 trilhões em transferências e onde aconteceram mais de 1,6 bilhão de DOCs e TEDs no último ano, de acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

A demanda por pagamentos digitais - que ganhou maior relevância no mundo pós-pandemia por reduzir o contato direto e uso de dinheiro -, somada às novas tecnologias existentes que facilitam transações eletrônicas, criou um mundo de possibilidades e fez com que muitas empresas investissem nesse mercado. Grande parte desse investimento está relacionado em como garantir que o novo ecossistema não terá fraudes ou qualquer crime financeiro como lavagem de dinheiro, abuso do uso de dados pessoais e cibercrimes.

Bancos e novos players estão entrando no mundo de pagamentos P2P (person-to-person) para oferecer serviços que permitam receber fundos entre as partes envolvidas de maneira fácil e ágil. Seja para realizar uma transferência, pagar uma conta ou tributo, usar um benefício social ou ter um aplicativo com carteira digital própria.

Empresas já consolidadas no mercado, como bancos tradicionais, vão precisar se reinventar, pois mesmo que em vários países as transações conciliadas em segundos ou minutos não sejam uma novidade - no Brasil, por exemplo, já temos TEDs desde 2002 -, novas tecnologias que chegaram através de smartphones, fintechs e bancos digitais demandaram a evolução desses sistemas de pagamentos . Elas colaboraram para que na América Latina surgissem iniciativas de pagamentos instantâneos, como PIX no Brasil, SPEI/CoDi no México, Yape ou Plin no Peru, Transfiya na Colombia, entre outros .

Transações agora serão efetivadas em segundos e serão valores irrecuperáveis. Ou seja, em casos de fraudes, será muito difícil recuperar as perdas financeiras e consequentemente haverá o impacto na experiência do usuário e risco de imagem para as empresas envolvidas. Piores ainda serão os casos de empresas que estiverem envolvidas em algum tipo de escândalo de corrupção ou lavagem de dinheiro. Assim, a grande preocupação com pagamentos instantâneos está relacionada com:

1- Verificar a identidade dos usuários . O processo de provisionamento é o ponto mais crítico para detectar uma tentativa de fraude ou possível falsidade ideológica no mundo de pagamentos instantâneos. Muitos desafios estão relacionados com os riscos de malwares, roubo de dados, engenharia social, treinamento aos usuários e phishing.

2- Combinar tecnologias e fontes de dados para validações biométricas . Utilizar machine learning e tecnologias disponíveis no mercado para autenticar os usuários, mas ao mesmo tempo não criar processos invasivos que afetem a experiência do usuário.

3- Checar a origem dos fundos e a idoneidade das pessoas e empresas. Ninguém quer que sua empresa seja usada como um canal de captação de fundos ilícitos ou ocultação de ativos. Da mesma maneira que pagamentos instantâneos trazem benefícios como agilidade e facilidade para se oferecer novos produtos financeiros, isso também abre lacunas para possíveis crimes financeiros que podem ocorrer em questão de segundos.

4- Monitorar transações com modelos analíticos cognitivos . Transações serão 24x7 e não será mais possível ligar para um cliente às 2 horas da madrugada para perguntar se ele reconhece ou não uma transação. Somente com modelos analíticos e o poder de processamento que hoje possuímos será possível combater ativamente tentativas de fraude e lavagem de dinheiro.

5- Experiência do usuário personalizável. Não adiantará solicitar diversos fatores de autenticação (OTP, selfie, fingerprint, prova de vida, comprovante de residência, foto de identidade, cor da residência, etc) para evitar a fraude e impactar a experiência do usuário. Processos simples e eficientes com suas tecnologias serão diferenciais entre as empresas.

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