Após um ano do primeiro caso do Coronavírus e do início da quarentena no Brasil, estamos enfrentando uma segunda onda ainda mais severa e mortal do que a primeira. Ao olhar pelo retrovisor, podemos avaliar as medidas que foram tomadas pelas empresas analisando os pontos que deram certo ou não, assim como as lições aprendidas até o momento, que refletem os caminhos que devemos seguir daqui por diante.
Nos primeiros meses, principalmente entre março e maio de 2020, foram formados comitês de crises que refletiram sobre a continuidade e a sobrevivência dos negócios e as medidas iniciais que seriam tomadas de acordo com aquele cenário, além das perspectivas de agravamento. Naquele período, a tecnologia foi a grande aliada e suportou a continuidade das atividades em meio à pandemia por meio de recursos audiovisuais e acessos remotos aos sistemas das empresas.
De julho a agosto, apesar da crescente curva de contaminados e óbitos, as empresas estavam estabelecendo uma nova rotina e se adaptando ao "novo normal". Essa movimentação refletiu na alta de 1,06% na atividade econômica de agosto em comparação a julho, mantendo um cenário de crescimento, de acordo com o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).
A perspectiva era de que o retorno às atividades aconteceria entre outubro e dezembro. Diante deste cenário, algumas empresas se preparavam para voltar ao escritório e continuar operando e minimizando as perdas que tiveram nos meses anteriores. Neste período, os comitês de crises e de continuidade de negócios instaurados no início da pandemia foram desativados e as ações específicas foram direcionadas às suas áreas responsáveis porque o foco se tornou o plano de retomada às atividades.
Apesar deste otimismo nacional, no cenário global, entre outubro e novembro, aconteciam as segundas ondas de infecção e quarentena em países como a França, Espanha e Itália, as quais poucos meses depois chegaram ao Brasil. Neste momento, as empresas retornaram à experiência da primeira onda, mas, poucas reativaram seus comitês de crise ou continuidade, dado que já encontravam-se com uma dinâmica estabelecida.
Com todo esse histórico, ficam seis importantes lições para as organizações:
1. As ameaças, que eram mais controláveis em ambientes centralizados, foram potencializadas com o trabalho à distância e, como consequência, o vazamento de dados pessoais e ataques cibernéticos mais frequentes. Diante deste cenário, surge a necessidade de constante monitoramento para a mitigação dos riscos.
2. O home office foi estratégico, porém trouxe novos riscos, como a privacidade de dados e a disponibilização de ferramentas de trabalho, que devem ser avaliados e tratados pelo suporte técnico.
3. O turnover para determinadas funções aumentou consideravelmente, afinal, devido ao trabalho remoto, a concorrência por mão de obra se tornou global ao invés de local.
4. A volatilidade e as incertezas do ambiente macroeconômico brasileiro e global estão afetando mais rapidamente as decisões das empresas, portanto, monitorar e se preparar para cenários adversos deve ser estratégico e estar na discussão dos executivos.
5. A dependência da cadeia global fica cada vez mais evidente e, portanto, ter planos de continuidade na empresa e nos seus principais fornecedores é uma questão estratégica.
6. Os provedores de grandes sistemas e infraestruturas em nuvem estão mais concentrados e suscetíveis, uma vez que uma indisponibilidade afeta as operações não só localmente, como também mundialmente.
A partir dessas lições aprendidas, os executivos podem revisitar os planos estratégicos de continuidade de negócio e tornar não apenas a empresa resiliente, mas todo seu ecossistema.