Arquitetura da Informação

O EIM – Enterprise Information Management (Gestão das Informações Corporativas) preconiza uma integração, cada vez maior, das informações estruturadas com as não estruturadas. Com isso, a complexidade da estruturação de um ambiente de TI aumentou consideravelmente. Evitar redundâncias, ter certeza da qualidade da informação que está sendo utilizada, permitir integrações sistêmicas, atender à todos os requisitos de rastreabilidade, passam a ser preocupações corporativas. 

[private] Por exemplo, imaginemos que uma organização resolva implementar um sistema de gestão do conhecimento. A referência ao detentor do conhecimento é fundamental, para tanto. Onde vamos buscar essa informação? No sistema de RH? E os ex-funcionários? Na base de e-mails corporativos para poder incluir os prestadores de serviços que atuam na organização? E como ficam os consultores externos? Provavelmente, nenhuma empresa possui uma base única que contenha todos os detentores do conhecimento gerado, nos últimos anos.

Talvez até porque, muitas organizações simplesmente deixaram o barco correr e foram criando repositórios à medida que as necessidades foram surgindo. E hoje têm um arquipélago informacional, quando não, uma “maloca cheia de puxadinhos”. O pessoal de treinamento tem uma base. A turma que administra o e-mail outra. RH está preocupado com a folha de pagamento. E cada área, tem seus consultores externos próprios. Para piorar, os documentos dos ex-funcionários estão em microfilme, dos atuais, parte em papel e parte digital e dos parceiros, na Internet.

Da mesma forma que na construção civil um cliente contrata um arquiteto para que este faça o desenho conceitual de sua casa; o engenheiro faz o detalhamento físico; e o construtor desenvolve o projeto; na área de TI, deveríamos ter profissionais que se preocupassem com a correta obtenção dos requisitos do cliente para a definição do escopo; a análise da viabilidade e o desenho funcional para então, ser feito o desenho técnico. Daí em diante, o processo de construção, testes e andamento são bastante semelhantes.

E essa realidade vale tanto para o ambiente tecnológico quanto para o de dados. Para o ambiente tecnológico, deveria haver uma preocupação de alinhamento de ferramentas, mídias, plataformas, bancos de dados, evitando que cada um adquira o que lhe pareça mais oportuno, naquele momento, para resolver o seu problema (lembre-se que com alguns poucos reais compra-se um scanner em qualquer supermercado).

No caso dos dados, o caos pode ser maior ainda. Quem ainda não viu um  “bancos de dados” em MS-Excel? O número de ferramentas livres é grande e cada um pode “baixar” uma para criar sua base.

Alguns autores estão sugerindo que o “I” seja colocado de volta na TI. A preocupação com a tecnologia deixou a informação de lado. Por outro lado, o mundo deu voltas e hoje, conseguimos do ponto de vista tecnológico ter TODAS as informações sobre um único guarda-chuva. É uma questão de saber como estruturá-las, para conseguir tirar o efetivo proveito destas.

O papel dos arquitetos da informação deveria não só consistir no desenho conceitual do ambiente tecnológico e da estruturação dos dados, mas também da estratégia de implementação.

Nem sempre o lógico é o melhor caminho. Imagine que alguém fez o projeto para o seu sítio no interior, com casa, casa do caseiro, quadra de futebol, piscina, canil, churrasqueira e pomar. Talvez a melhor forma de “implementá-lo” fosse a construção do canil e da casa do caseiro inicialmente (segurança e uso inicial em prazo curto), para então partir para a casa principal e finalmente, as áreas de lazer.

Sugerimos uma consulta ao MIKE2 – Método para a implementação de um ambiente integrado de conhecimento, na arquitetura SAFE – Arquitetura Estratégica para Organizações Federadas (https://mike2.openmethodology.org/wiki/SAFE_Architecture), também abordada nos cursos ECM da AIIM. [/private]

 

* Texto escrito por Walter W. Koch, diretor da ImageWare. Consultor internacional em Gestão Documental e TI. Professor dos cursos de pós-gradução da Fesp e Unip. Implementou alguns dos maiores projetos do País. Ministra cursos em diversos países da Europa, África e Oriente Médio. Autor do livro Electronic Document Management - Concepts and Technologies publicado em Dubai em 2001.Responsável pelo Treinamento da AIIM no Brasil.

Share This Post

Post Comment