*Por Karen McCabe
O Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) promoveu recentemente, durante a décima edição do Fórum de Governança da Internet (IGF 2015), em João Pessoa, um espaço neutro, destinado à troca de informações, ao aumento do conhecimento e ao desenvolvimento de capacidades na interseção entre a política pública de internet e a tecnologia. Isso fez do IGF 2015 o evento ideal para o IEEE apresentar seu trabalho e se conectar à comunidade do evento.
Durante o forum “IEEE no IGF: Promovendo a Tecnologia para uma Internet Aberta”, os participantes aprenderam mais sobre o IEEE, sua missão em promover a tecnologia para o benefício da humanidade e como o Instituto trabalha com seus parceiros, de maneira global, em questões ligadas a padrões abertos, governança da internet, cibersegurança e privacidade.
Por meio de vários domínios de tecnologia e setores da indústria, os especialistas têm trabalhado, junto ao IEEE, na expansão da interoperabilidade da internet, no abastecimento da inovação e no aprimoramento de soluções que apoiem uma internet aberta e o desenvolvimento sustentável. O IEEE facilita, por exemplo, o desenvolvimento de padrões para a internet e que abrangem conectividade com e sem fio, criptografia, segurança de dados etc. Além disso, o IEEE tem muitas iniciativas dirigidas a espaços tecnológicos emergentes e interrelacionados, tais como Internet das Coisas, Smart Cities, cibersegurança e Big Data.
A Iniciativa de Internet é um ótimo exemplo dos esforços do IEEE. A inovação de internet atualmente em curso, a sustentabilidade e o crescimento do mercado estão dependentes das políticas de internet já divulgadas e tais políticas públicas dependem de uma orientação técnica que seja neutra e sólida. A Iniciativa de Internet do IEEE foi criada para conectar a comunidade técnica à elaboração de políticas globais para a governança da internet, a cibersegurança e a privacidade, no intuito de estimular debates e decisões e ajudar a garantir soluções de tecnologia confiáveis e melhores práticas.
Sob diversas formas, o IEEE está trabalhando para:
- Expandir e habilitar comunidades dinâmicas, ágeis, flexíveis e variadas para ajudar pessoas de todo o mundo a compartilhar, colaborar, fazer contatos, debater e se engajar com o outro;
- Fornecer fóruns tecnicamente vitais para a discussão, o desenvolvimento e a difusão de conhecimento confiável relacionado às tecnologias tradicionais, enquanto concentra mais recursos do IEEE para atender os profissionais que trabalham com tecnologias emergentes e disruptivas;
- Liderar esforços humanitários ao redor do mundo para usar a tecnologia na solução dos problemas mais desafiadores do planeta;
- Alavancar insights relacionados à tecnologia por meio do IEEE para prover governos, ONGs, outras organizações e o público de recomendações práticas e inovadoras para tratar de questões de política pública;
Em outro evento realizado pelo IEEE durante o IGF 2015, “Governança da Internet, Segurança e Privacidade em 2030”, os participantes discutiram sobre os desafios e problemas que inibem o progresso na abordagem da segurança e da privacidade da internet, do mundo e da economia digital em evolução. O IEEE apresentou quatro cenários de como a privacidade e a segurança na internet podem se manifestar em 2030, variando de altamente positiva para impactos altamente negativos. Em dois painéis, uma das discussões foi sobre a possível evolução da internet em 2030, a partir de vários pontos de vista, incluindo governo e indústria, resultando em uma gama fantástica e interessante de observações, entre as quais:
- Existe a expectativa de que a governança da internet será algo indistinguível da governança da sociedade. Garantir que a governança da internet tenha base técnica e sólida é fundamental, mas a abordagem de questões políticas e econômicas na internet será mais difícil do que lidar com questões técnicas;
- Enquanto a indústria está otimista sobre o futuro da tecnologia, há um elemento de resignação no que diz respeito à segurança. Como resultado, sistemas inseguros são distribuídos com a esperança de que alguém irá corrigi-los;
- A permissão para a coleta e uso de dados pode não ser o modelo correto se isso impõe um fardo aos usuários finais. E só porque eles aceitam os termos de uso dos seus dados não significa que entendam isso. Os benefícios potenciais da análise de dados e algoritmos são convincentes, mas é necessário um melhor entendimento quanto ao uso ético dos dados;
- A transparência é um princípio importante, não necessariamente para que todo mundo entenda tudo, mas para permitir que os especialistas avaliem as opções de forma adequada;
- Daqui a 50 anos, os indivíduos estarão conectados a provavelmente centenas ou milhares de dispositivos;
- Quando perguntado se os participantes entregariam seus dados para enfrentar um risco bem pequeno de morte, caso tivessem a opção de implantar dispositivos que garantissem uma vida útil de pelo menos 200 anos, o consenso foi de que a troca valeria a pena;
- As leis são um fator importante e muitas estão se tornando mais intrusivas do que nos anos anteriores. Isso traz grandes desafios à privacidade e também pode variar de acordo com as diferenças geracionais e culturais;
- Nas economias e nos países emergentes, a segurança é uma grande preocupação, e o desejo de construir uma infraestrutura positiva para resolver isso é importante;
* Karen McCabe é diretora sênior de políticas tecnológicas e relacionamentos internacionais da Associação de Padrões do IEEE