Ferramenta inovadora do CPqD e Incor integra projeto de telemedicina

A precisão do diagnóstico é fundamental para reduzir o risco de morte em casos de dor torácica - que pode ser um sintoma de infarto. E a opinião de um médico especialista, ainda que a distância, é um fator decisivo para melhorar essa precisão. Com esse objetivo, o CPqD e o Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo) firmaram um convênio para o desenvolvimento de uma ferramenta de discussão de casos clínicos pela internet, que é inédita no país. A inovação integra um projeto de telemedicina voltado para a segunda opinião no diagnóstico, que está recebendo apoio do Ministério da Saúde.

Durante visita ao Instituto do Coração, realizada sexta-feira (15/02), o ministro Alexandre Padilha assinou convênio com a instituição visando a implantação do Serviço de Tele-Emergência e Tele-UTI do Incor, que tem como base a ferramenta criada em parceria com o CPqD. Batizada de MedCast, essa tecnologia tem um primeiro protótipo que possibilita o compartilhamento de informações, como imagens de exames, entre equipes médicas localizadas em lugares distintos.

“Com a ampliação desse projeto, a intenção é contribuir para a diminuição da mortalidade por infarto no país”, afirma o médico cardiologista Múcio Tavares de Oliveira, diretor da Unidade Clínica de Emergência do Incor. Segundo ele, essa doença tem sido responsável pela morte de 150 mil pessoas por ano no Brasil - de um total de 2 milhões de atendimentos relacionados à dor torácica. “A falta de precisão no diagnóstico, muitas vezes, faz pacientes com esse sintoma serem dispensados pelos serviços de emergência, quando, de fato, estão tendo um infarto”, explica.

É aí que entra a tecnologia MedCast, para dar suporte aos médicos de serviços de emergência que precisam da opinião de um especialista. “Toda a comunicação é transmitida pela web e possui mecanismos de segurança (criptografia) para garantir o sigilo e a confidencialidade dos dados do paciente”, destaca Marco Antonio Gutierrez, diretor do Serviço de Informática do Incor.

A interação entre o médico da emergência e o especialista do Instituto do Coração pode ser por meio de videoconferência ou chat, com a transmissão simultânea de documentos e imagens - por exemplo, de exames - utilizados na discussão do caso. “Outra vantagem da ferramenta é a possibilidade de gravar toda a discussão entre os médicos, bem como os documentos”, acrescenta Gutierrez.

Unidade móvel

Para facilitar o trabalho dos médicos da emergência, a equipe de TI do Incor montou uma unidade móvel (um carrinho) composta de notebook, aparelho de eletrocardiograma e fone de ouvido. O traçado do eletro do paciente, capturado na emergência, é transmitido para o notebook, por meio do qual o médico acessa o MedCast e se comunica com o especialista do Incor - que pode ver a imagem na tela do seu computador, em tempo real. “Como o MedCast pode ser integrado a sistemas de informações hospitalares, é possível acessar até o prontuário eletrônico do paciente durante a discussão do caso”, observa Isidro Lopes da Silva Neto, responsável pelo projeto no CPqD.

O convênio assinado agora entre o Incor e o Ministério da Saúde permitirá, entre outros objetivos, aperfeiçoar a solução MedCast e realizar experiências pilotos em unidades de emergência do SUS (Sistema Único de Saúde). Os primeiros contemplados - que receberão as unidades móveis criadas pela equipe do Incor - deverão ser os serviços de emergência dos prontos-socorros da Lapa e do Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. “Estimamos que, no primeiro ano, o serviço estará disponível para todo o estado de São Paulo e, ao final de dois anos, para todo o Brasil”, acrescenta o médico Múcio Tavares.

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