Smartphones chegam à gestão das empresas

É uma hora da manhã e a linha de processamento de latas de refrigerantes de uma empresa de bebidas para inesperadamente. No exato momento em que a produção é interrompida, uma mensagem no formato de SMS chega ao celular do gerente do processo, que está em casa, se preparando para dormir. Ele contata a supervisão e decide voltar para a empresa para resolver o problema que não pode esperar até a manhã do dia seguinte. Situações como essa são cada vez mais comuns nas empresas. Segundo um estudo da revista CIO, especializada em tecnologia da informação, estima-se que, em todo o mundo, mais de 5 milhões de dispositivos móveis pessoais (celulares e tablets) serão integrados aos processos de gestão das empresas em 2014, o que vai exigir uma base de gestão móvel para garantir a segurança e administrar diferentes componentes como dispositivos, conectividade, aplicativos, segurança, acesso, identidade, conteúdo, controle de informação, análise e apresentação de relatórios.22_CAPA_Mobilidade_02

Segundo Miguel Ruiz, presidente da MR Consultoria, empresa especializada em processos de terceirização de infraestruturas de tecnologia da informação, a integração de dispositivos móveis aos processos das empresas é algo muito mais complexo do que se imagina:

“Não basta criar mecanismos de disparo automático de mensagens, é preciso definir toda uma nova governança corporativa. Integrar esses aparelhos à gestão das organizações exige inclusive cuidados com a segurança, uma vez que, tecnicamente, seria possível até intervir nos sistemas da empresa à distância”, explica Ruiz.

A onda crescente do uso de tecnologias de comunicação móveis integradas aos sistemas das empresas está diretamente relacionada a outro movimento que vai se consolidando no mundo e também no Brasil: a internet das coisas, ou seja, sistemas conversando com sistemas pela Internet. Segundo Ruiz, estudos da IDC Brasil apontam que as soluções tecnológicas que permitem uma comunicação contínua e autônoma entre máquinas e dispositivos vão movimentar algo em torno de US$ 2 bilhões no Brasil apenas em 2014:

“Hoje, notamos que as iniciativas mais importantes nessa interconexão entre sistemas estão acontecendo nas áreas de logística e transportes, mais voltadas para gestão de frota. No entanto, já vemos ações também em áreas de saúde, seguro, automação de processos industriais e energia”, explica Ruiz.

Para o fundador da MR Consultoria, o avanço das tecnologias de informação nas empresas é tão drástico que já é possível falar na ameaça de extinção de algumas atividades profissionais:

“Funções como bibliotecário, despachante, corretor de imóveis e até escritor de textos técnicos já estão entre as mais ameaçadas no mundo, uma vez que os serviços que esses profissionais prestam vão sendo cada vez mais acessados pelos próprios interessados por meio de conexões com sistemas, pela Internet ou não. Quando nos deparamos com essa realidade, percebemos que o mesmo movimento que ameaça estas profissões, também ameaça as empresas. Aquelas organizações que não se prepararem para as mudanças que o futuro está impondo, correm o risco de se tornarem pouco competitivas. Hoje vemos no Brasil muitas empresas, inclusive de grande porte, com sistemas complexos, desestruturados e até obsoletos, que trazem como resultados um péssimo serviço de atendimento ao cliente. É comum irmos a um banco, a uma loja ou a um serviço médico e escutarmos a triste expressão: 'Estamos sem sistema'. O fato é que as empresas que ficam sem sistema ou têm sistemas confusos, vão perder clientes e comprometer seu futuro”, alerta Ruiz.

 

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