Resiliência de data centers no mundo pós-pandemia

Por Francisco Sales, diretor de serviços da Vertiv América Latina

Em um relatório de 2022 sobre o acesso e o uso da internet na América Latina e no Caribe, a UNDP apontou que a pandemia da COVID-19 introduziu novas formas de trabalhar e aprender dada a necessidade de reduzir a mobilidade e que, junto com a cobertura existente de internet, colocaram online pela primeira vez 800 milhões de pessoas no mundo todo.

A última edição do Digital Report 2023 mostrou que o número de usuários da internet no mundo alcançou 5,16 bilhões de pessoas, o que representa 64,4% da população mundial. De acordo com a Statista, o Brasil é o país da América Latina com o maior número de usuários de internet, 180 milhões de pessoas, e o México ocupa a segunda posição na região, ultrapassando 100 milhões de usuários conectados.

Este relatório da UNDP também mostra que dois terços dos lares da América Latina têm conexão fixa de internet e ela é necessária para facilitar as atividades com um grande tráfego de dados, como vídeo chamadas para trabalhar ou estudar. Apesar de este ser um aumento de aproximadamente 50% em relação à média regional pré-pandemia, as disparidades persistem entre os países. Por exemplo, 17 dos 24 países pesquisados na América Latina e no Caribe estão abaixo da média regional, incluindo o México, o Uruguai e a Costa Rica.

Essa expansão da transformação digital quer também dizer que há um aumento no volume de consumo de dados e, portanto, maior pressão para que os data centers processem essas informações de forma mais rápida e mais ágil. Esse novo contexto traz algumas preocupações para os operadores de data center em relação a como garantir a resiliência.

A nuvem é o primeiro passo

A migração para a nuvem é um dos primeiros passos que os operadores estão dando para alcançar esta resiliência, por dois motivos citados neste relatório do Uptime Institute: primeiro, durante a pandemia, diversas empresas perceberam que não tinham a infraestrutura necessária para dar suporte aos colaboradores trabalhando remotamente, nem para garantir a experiência certa para o cliente. Segundo, diversos operadores entenderam que poderia haver um crash na rede devido à maior demanda originada por esses colaboradores remotos.

A nuvem possibilita que o tráfego e as cargas de trabalho sejam direcionadas para outros sites, reduzindo o impacto das interrupções nos serviços em uma dada instalação. O estudo “Data Center 2025: Mais Próximo do Edge” também revela como em 2019, antes da pandemia, já havia uma melhor compreensão sobre como a nuvem ajuda a melhorar a resiliência e como essa tecnologia teria um papel dominante, mas não exclusivo, no futuro do ecossistema dos data centers.

A oportunidade do 5G

O cloud computing suprido pelo 5G possibilita que algumas das principais preocupações da indústria sejam endereçadas: latência e segurança.

A implementação do 5G expande muito a largura de banda, tornando mais fácil a transmissão rápida de grandes volumes de dados, incluindo streaming em tempo real. Além disso, as estratégias de cibersegurança do 5G proporcionam melhor segurança da rede através da encriptação e da autenticação mútua, para ter melhor segurança de dados.

Resolvendo a questão da escassez de mão de obra

A resiliência do data center no contexto da digitalização pós-pandemia também compreende prestar atenção aos principais problemas que estão atualmente causando angústias na indústria, como escassez de talentos e a necessidade de uma abordagem mais energeticamente eficiente.

“Maior quantidade de dados significa mais alimentação de energia” resume o estudo “Data Center 2025: Mais Próximo do Edge”, mas também significa que é necessário mais gerenciamento e mais refrigeração. Também implica na necessidade de técnicos mais especializados para dar suporte à infraestrutura. Por exemplo, estima-se que em 2025 a América Latina precisará de pelo menos 21 mil profissionais de TI para atender a demanda, de acordo com estimativas do Uptime Institute.

Terceirizar serviços como manutenção e gerenciamento, através de um modelo como o Gerenciamento de Operações de Data Center (DCOM, do inglês Data Center Operations Management), é uma opção viável neste contexto. O DCOM possibilita o gerenciamento remoto do data center por uma equipe técnica especializada e certificada, 24x7, em qualquer lugar.

Um modelo de DCOM permite a rápida detecção de ameaças que possam causar uma indisponibilidade operacional. Também proporciona um menor tempo de resposta a um incidente e otimiza os investimentos do operador. Ele pode ser complementado com um modelo de serviços de eficiência energética para garantir a confiabilidade da rede.

Uma abordagem integrada, que leva em consideração as preocupações da indústria sobre latência, segurança, talento humano e eficiência energética, ajudará a tornar os data centers de hoje e os data centers do futuro mais resilientes.

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