Mais dados e menos informação

Em 2010, a América Latina voltará a ter os mesmos níveis de gastos em tecnologia da Informação como os de antes da crise. Entre os gastos muitas áreas relacionadas ao Enterprise Content Management. Com compradores mais céticos o desafio dos fornecedores será apresentar as soluções mais convincentes. Veja a seguir as principais áreas indicadas pelo IDC, no comentário do Gerente da Área de Pesquisa Reinaldo Roveri. 

[private] Document Management: A primeira grande tendência identificada pelo documento do IDC é a mobilidade  como indutora de produtividade pessoal e profissional. O que isso representa?
Reinaldo Roveri: Esta primeira previsão da IDC se relaciona diretamente com os usuários móveis e de acordo com os dados levantados em 2010 terão sido vendidos na região mais de 43 milhões de computadores portáteis. Pela primeira vez na história, os portáteis superarão em venda os PCs de mesa. A fabricação no Brasil e na América Latina de smartphones foi divisor de águas, aliado as Banda Largas mais acessíveis ao conjunto da população, tudo isso tornou o acesso às informações mais fácil, inclusive para as médias e grandes corporações.

Isso se refletiu também em alguns nichos profissionais como para advogados, médicos, já que acesso traz mais agilidade aos negócios. A parte ruim desse fato é que com mais tecnologia, o profissional gera mais dados e não necessariamente mais informações.

DM: Quais outras previsões  que a IDC  tem em relação as aplicações móveis de conteúdo?
Roveri: O ano de 2009 teve grandes impulsos comerciais relacionados a tecnologia 3G na América Latina. Alguns aspectos marcantes incluíram o Brasil, onde a banda larga de celular já representa mais do 10% do total de usuários, e Chile, onde este mercado cresceu um 63% em 2009 e continuará mostrando um forte crescimento em 2010, ainda colocando em perigo a capacidade das redes de manter a qualidade de serviço demandada pelos usuários.

Para 2010, espera-se que a pressão da demanda siga aumentando, pelo que o seguinte passo para os provedores deste serviço será o de avançar para a próxima geração de celulares, isto é, 4G. Os investimentos em infraestrutura wireless representaram duas terceiras partes do total de gasto em equipes de transporte de telecomunicações na América Latina durante 2009, e se espera manter este nível em 2010, chegando a quase 4 milhões de dólares.

DM: O estudo mostra também o primeiro passo na evolução para novos modelos de infraestrutura como o cloud computing na AL.  Como se dará esta adoção?
Roveri: As restrições orçamentárias durante 2009 foram a força catalisadora de adoção de novas tecnologias (principalmente virtualização), mas também impulsionaram às organizações a procurarem modelos alternativos na entrega de infraestrutura. A taxa de adoção de virtualização em novos servidores superou os 10% em 2009. A nova dinâmica de mercado impulsionará os provedores de sistemas a transformar suas ofertas e prover uma infraestrutura pronta para virtualização que inclua: processamento, armazenamento e conectividade de forma integrada sempre que seja possível. Neste

caminho também veremos a aparição de novos players no mercado como provedores de serviços de telecomunicações, provedores de outsourcing e canais especializados com capacidades de entregar e implementar soluções complexas.

A IDC considera que a base para a adoção de Cloud começa a ser estabelecida dentro das empresas, e será o passo inicial nesse processo. “Cloud” permanece como um modelo que ainda requer um processo de maturação que incluirá uma interconexão, segurança, níveis de serviço e uma evolução completa do centro de dados como se conhece na atualidade.

DM: Segundo os dados do estudo a adoção de serviços “Cloud” em aplicações terá tímidos resultados no 2010. O que isso significa na sua opinião?
Roveri: De maneira geral no mundo a adoção do cloud services ainda é tímida, os gastos com nesse serviço em 2009 não ultrapassaram 5% no total dos gastos em TI, principalmente naquilo que pode ser entregue por meio do Cloud. Entretanto há uma tendência de crescimento na área e este índice pode chegar aos 26% ao ano.

Até 2013, 10% do total de investimentos serão ainda empregados com componentes de TI. Mas haverá um acréscimo no que será consumido principalmente pelo que será ofertado como serviço online, pagando-se apenas pelo uso.

Empresas como a Microsoft e a Google já estão maximizando o uso do Cloud através de serviços de e-mail e caixas postais corporativas com domínio da empresa. Serviços como de storage tendem a ser um dos principais produtos nesta área, Em termos de consumidor final estes serviços fazem sentido, mas para consumidor corporativo, ainda existe uma relação de desconfiança quanto a segurança das informações. Acredito que o storage em Cloud tende a evoluir rapidamente a medida em que os fornecedores mostrem mais indícios sobre a segurança e despertando mais confiança ao consumidor.

Quanto as ofertas de SaaS, podemos dizer que estão mais maduras. O  Cloud é uma  convergência de tecnologia que já existia na forma de Saas, aliada com o HD como serviço e as camadas intermediárias entre os aplicativos e os serviços. O Cloud não é mais uma onda, já que possui conceitos maduros há anos. Hoje as empresas usam e pagam pelo que usaram, com certeza o modelo de Cloud será aprimorado de acordo com as necessidades dos usuários.

Na atualidade, o fenômeno de Cloud é um modelo utilizado em sua maioria nos Estados Unidos, tendo em conta que 65% dos gastos de Cloud no mundo se realizam neste país. A oferta atual desses serviços  na América Latina se concentra praticamente em aplicações. A IDC considera que em 2010 e 2011 estas serão as aplicações utilizadas especialmente para implementar a produtividade dos negócios. Durante este ano, os clientes prestarão mais atenção aos provedores capazes de mostrar os reais benefícios do modelo de Cloud.

DM: Outro ponto do estudo mostra que existe uma busca de equilíbrio entre custo e crescimento estimulando a adoção de ferramentas analíticas e uma nova maneira de utilizar “TI para administrar o negócio”? Como o senhor vê esta perspectiva?
Roveri: Vivemos numa era que a camada de TI praticamente suporta todos os processos dentro da uma empresa. Muitas equipamentos integrados ao ERP das companhias, e está claro que esse tipo de aplicativo, cada vez mais, suporta os processos de negócios.

Os entendimentos hoje estão mais maduros, principalmente visando identificar novas oportunidades e automação. Atualmente as organizações se apóiam em alguns pilares e a TI é um deles. A tecnologia da Informação passa se envolver mais no business e, ao contrário do que acontecia no passado, os empresários querem e precisam utilizar melhor da tecnologia para se dedicar mais ao seu core business. Diante disso,  o estudo prevê que o mercado de softwares analíticos como os de BI na América Latina crescerão cerca de 12% este ano.

Durante o ano de 2010, as empresas voltarão aos investimentos a longo prazo, no entanto desafiarão a concepção tradicional a respeito dos incrementos de produtividade individual bem como os instrumentos para a tomada de decisões. Os consumidores demandarão dispositivos melhores e mais baratos para permanecerem conectados. As empresas investirão com mais inteligência em sua infraestrutura, em busca de obter maiores utilidades e resultados. [/private]

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